Capítulo 15

254 28 9
                                    


 Carlisle estava estático em frente a antiga sala de Isabella. Denúncia? Sua mente martelava pensando em mil coisas. Como aquilo poderia estar acontecendo sendo que nunca deixou de declarar as ações da Cullen's Productions. Ele poderia ser o que for, mas sempre foi justo em seus negócios.

-Como assim? Poderia me passar as informações? - Carlisle respondeu depois de voltar a si.

-Então Sr. Cullen, a denúncia foi feita pelo setor de recolhimento e análise. A declaração de rendimentos desse ano diverge do valor que a empresa lucrou. A declaração informa um valor menor do que as ações feitas nesse ano. - Carlisle estava paralisado escutando o homem do outro lado da linha. Era um erro que ele provaria e que processaria o IRS por ter cometido algo tão grotesco. -Nós iremos dar um prazo de 60 dias para o senhor corrigir e apresentar o valor correto ou teremos que entrar com as providências, que é o processo por manobra fiscal.-

Carlisle estava pálido. Manobra fiscal... Isso era algo inconcebível. Jamais sujaria o nome de seu pai entrando em coisas ilícitas, era o legado da família que estava em suas mãos e ele tinha consciência disso.

-Vou pedir ao meu advogado que entre em contato, mas reafirmo que há um erro. E sendo confirmado esse erro, irei processá-los. - Carlisle disse desligando o telefone. O dia que estava começando calmo demais, se tornara em um vendaval. O diabo entraria em cena.

Entrou na sala de Esme a procura da pasta com os movimentos da empresa. Obvio que ele mantinha isso também em formato digital, mas ele queria confrontar as informações. Revirou a sala e não achou, então como forma de extravasar a raiva que sentia, chutou a cadeira que estava em frente a mesa de Esme. Onde ela enfiara a porra da pasta? Carlisle se perguntava jogando tudo no chão, sem se preocupar com o trabalho que ela teria para arrumar. Sua mente estava o caos e num minuto de sanidade pensou em ligar para Edward, que estava em Londres fazendo a implantação da filial. Mas seria um erro, já que seu pai estava participando dessa implantação e logo ele ficaria sabendo.

Os primeiros funcionários chegaram a empresa, reparando no furacão Carlisle que ainda permanecia na sala de sua assistente. Mas em um rompante, ele saiu da sala e entrou na sua batendo a porta com toda a força. Virou sua garrafa de whisky de uma vez, bebendo em grandes goles. Seu corpo tremia de raiva e medo. Sentou-se atrás de sua mesa e passou as mãos pelo rosto e cabelo, bagunçando-os. Ele não conseguia nem raciocinar para poder ligar para o advogado. A primeira coisa que fez foi telefonar para a portaria avisando que quando Esme chegasse, era para ela ir diretamente para sua sala. Em seguida discou para James, o advogado da empresa.

-Bom dia, Carlisle. A que devo a honra? - James era a única pessoa que Carlisle não exigia cordialidades. Ele havia sido seu amigo de faculdade e após o antigo advogado se aposentar, Carlisle convidou James, que prontamente aceitou o cargo.

-James, vou ir direto ao assunto. A empresa está prestes a ser processada por manobra fiscal. Preciso que você intervenha sobre isso o mais rápido possível. - Carlisle falou de uma vez só.

-Bom, isso não é nada bom, meu caro. O que você fez, Carlisle? Preciso da verdade, mas vou te defender apesar disso. -

-Eu não fiz nada! Sou justo em minhas obrigações e o financeiro me passa todas as informações e tudo bate, então não tem cabimento esse erro. - Carlisle respondeu passando as mãos no rosto pela milésima vez, que já estava vermelho.

-Preciso das demonstrações do financeiro, digital e físico, para fazer as comparações. Me envie também todas as transações bancária desse último ano. - James ia falando, mas quando Esme entrou na sala, Carlisle o interrompeu. -Depois ligo para você. -

Esme estava tremendo. Nunca tinha sido convocada daquela maneira à sala de Carlisle. Esperava algo de muito errado. Ele respirou fundo e com voz baixa perguntou.

-Esme, só vou perguntar uma vez: Onde está a pasta com as transações financeiras? - Ele mordia a sua mão tentando amenizar a raiva e o medo.

-Desculpa, Sr. Cullen. Está em minha sala e... - Ela ia falando quando foi interrompida com um grito.

-NÃO ESTÁ! Eu revirei aquilo tudo e não encontrei. - Esme pulou com o grito e Carlisle respirou fundo mais uma vez. -Você tem 1 minuto para me trazer, ou não respondo por mim. -

Ele nem terminou de falar e Esme saiu correndo da sala, voltando em segundos com a pasta.

-Estava num lugar escondido, por isso o senhor não achou. -

-Saia daqui, agora! - Carlisle falou rispidamente e ela imediatamente acatou. Discou o número de James novamente.

-Estou com tudo aqui e pelo que parece está tudo certo. Todas as anotações financeiras estão carimbadas pelo responsável do financeiro. - Carlisle falou.

-Cara, se você disse que não fez nada, algo tem de estar errado. Estou indo para ai para poder analisar isso com o pessoal do financeiro. - James respondeu e encerrou a ligação.

Depois que James chegou, Carlisle chamou o setor financeiro em peso para uma reunião e solicitou para aquele mesmo dia que fossem analisadas todas as movimentações. James permaneceu no setor ajudando e Carlisle passou o dia trancado em sua sala. Quando foi avisado que a analise havia acabado, já no final do dia, saiu e encontrou o mesmo pessoal na sala de reuniões. Não havia nada de errado. O sangue de Carlisle ferveu. Juntou toda a analise e solicitou que Esme enviasse para a IRS.

Passado alguns dias recebeu a resposta, que mantinha a mesma posição. Milhões não foram declarados e ele simplesmente não sabia de onde saíra aquele pesadelo. Sentia-se perdido, a ponto de cometer uma loucura. Não poderia falar disso com Edward e muito menos com o seu pai. Ele estava sozinho nessa. Sozinho e muito fodido.

Sentou em sua luxosa cadeira e se virou para a janela panorâmica de sua sala. A noite lá fora era chuvosa. Seus funcionários já havia ido embora e só sobrara ele com seus pensamentos que lhe torturavam. Não sabia mais o que fazer, estava perdendo o controle das coisas. Nunca se sentira tão perdido assim. Seu celular tocou tirando dos devaneios.

-Carlisle? Está podendo falar? - Era James.

-Sim, ainda estou na empresa. Alguma novidade? - Ele respondeu recostando sua cabeça na cadeira. Não aguentava mais nenhuma má noticia.

-Na verdade eu te indicaria contratar um investigador. Tem algo muito errado, só que não conseguimos desvendar isso ainda. - James falou desanimado, mas como não ouviu nenhuma resposta de Carlisle, continuou. - O chefe de financeiro disse que quando a Isabella estava ainda na empresa, as coisas eram mais fáceis. Tinham livre comunicação entre o financeiro e a diretoria. Ela era sua antiga assistente, né?-

Carlisle sentiu sua espinha gelar ao ouvir o nome de quem povoava suas fantasias nos últimos sete meses. Um filme dos anos em que ela esteve na empresa passou em sua mente. Ele sempre reclamou dela, pedindo o excesso, porém em nenhum momento teve algum problema do tipo em que estava passando agora. E agora ele não tinha mais Isabella e não cometeria o mesmo erro duas vezes.

-Sim, era a minha assistente. Mas mudando de assunto, vou contatar George para começar as investigações. Entro em contato assim que tiver novidades. - Carlisle falou encerrando o assunto. Era hora de ir pra casa.

Percorreu o caminho em absoluto silêncio. Assim que chegou em sua casa, tomou um banho quente, preparou algo rápido para comer e depois foi para cama. Sabia que não ia dormir nos próximos 60 dias. Virou para a esquerda, abriu a gaveta da mesa de cabeceira pegando a foto que todas as noites ele olhava e não se cansava do que via. Mas hoje ele não faria nenhuma obscenidade, apenas ficou olhando. A noite toda.

MegalomaníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora