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— Ele está se sentindo sozinho e com medo. Tudo é novo para ele, e embora esteja adorando as novidades, ainda quer vê-lo.

— Mas não pode. Não quero amedrontá-lo ainda mais. E não sei nada sobre garotinhos, ou como cuidar deles. Mas você sabe.

Ela não queria discutir, não com Minseok tão perto.

— Não vou ficar aqui para sempre — retrucou, entrando no próprio quarto e fechando a porta.

Taehyung suspirou. Ela continuaria ali por quanto tempo ele desejasse, e só de pensar que poderia partir, ficava nervoso. Ele observou as pequenas luzes junto ao chão, que iluminavam o corredor, e a porta do quarto do filho. Não queria que nenhuma dos dois o visse, mas a vontade de ver o filho foi mais forte. Descendo os últimos degraus, atravessou o corredor e abriu a porta do quarto de Minseok, entrando silenciosamente. Bem devagar, aproximou-se da cama, olhando a criança adormecida. Parecia tão inocente tão indefeso. E era tão pequeno.

Estendendo a mão, tocou nos cabelos ainda pequenos, e então, incapaz de resistir, acariciou o rosto macio com as costas da mão. A pele era macia, fresca. Ele era lindo, e o coração de Taehyung apertou-se. Queria tomá-lo nos braços, beijá-lo.

— Papai?

A palavra quase o fez chorar.

— Sim garotão, estou aqui. Volte a dormir.

Minseok mexeu-se na cama e Taehyung cobriu os ombros delicados, carinhosamente.

— Papai ama você — sussurrou.

Meio adormecido, Minseok segurou a mão dele. Por um instante, Taehyung ficou imóvel, temendo que ele percebesse as fundas cicatrizes no pulso, mas já voltara a dormir.

Não querendo arriscar-se de encontrar SunHee, pensou em usar a passagem secreta, mas a raiva foi mais forte. Afinal, aquela era a casa dele. Saindo do quarto, subiu a escada, e já estava quase chegando encima, quando SunHee abriu a porta e saiu depressa. Apressando o passo, ele penetrou na escuridão, sabendo que os olhos dela levariam alguns segundos para ajustar-se à falta de luz.

— Sr. Kim — chamou, suavemente. Imediatamente sentiu-lhe o perfume e estremeceu.

— Sr. Kim.

Ele parou.

— Estou ignorando você. Indo embora. Será que não entendeu?

— Psiu. — Ela aproximou-se. — É claro que percebi.

— Não dê nem mais um passo.

— O que vai fazer? Despedir-me? — perguntou, sabendo que ele não poderia fazê-lo.

— Há outros modos de fazê-la ficar longe — disse, ao vê-la desobedecer, aproximando-se ainda mais.

— Por exemplo?

— Deixá-la ver meu rosto.

— Não tem uma boa impressão a meu respeito, não é? — sussurrou ela, olhando fixamente para a sombra, onde ele se escondia.

Havia compaixão na voz dela, talvez piedade.

— Pelo contrário. Tenho uma impressão boa demais.

Taehyung deu um único passo, aproximando-se perigosamente, e o calor do corpo alto penetrou instantaneamente as roupas dela. O desejo de apoiar-se nele era muito forte, e o modo como seu corpo respondia ao dele fazia imaginar que já o conhecera em outra vida, outros tempos. Era como uma fome, um desejo incontrolável. Mas não podia. Já fora usada antes por sua beleza, e ali estava um homem que desejava usá-la, novamente, só que desta vez como uma barreira entre ele e o filho.

a bela e a fera ;; kthOnde histórias criam vida. Descubra agora