11

543 89 8
                                    

A culpa dominou-o e, sem querer, olhou para a mão coberta de cicatrizes.

— Droga SunHee, sabe que não posso fazer isso.

— Não, Taehyung, eu não sei. — A exasperação era evidente na voz dela. — Só sei que está descontando a reação de algumas pessoas em mim e em Minseok. E está negando a si próprio muito amor.

Taehyung passou a mão pela nuca dolorida.

— Veja! Veio até ele!

A excitação na voz de SunHee atingiu-o como um golpe.

— SunHee...

A voz dela soou mais baixa:

— Ande devagar querido. O chão está escorregadio. Segure-o com cuidado, ele é um filhotinho. — Ela estava na porta dos fundos, e sua voz misturava-se ao ruído da chuva. Então SunHee aproximou-se do interfone, a voz rouca de emoção:

— Se pudesse ver o rosto dele, não questionaria nada. E prometo, vou ensiná-lo a cuidar do cachorrinho. Será minha responsabilidade. Está bem assim, meu senhor?

Como poderia recusar, sem parecer cruel?

— E também cuidarei para que o cachorrinho jamais o veja. Ele olhou para o interfone com expressão séria.

— Muito engraçada. Está bem. É sua responsabilidade.

Taehyung desligou, mas ainda podia ouvir a voz de SunHee, vinda do alto-falante junto à escrivaninha. Estava ajudando Minseok a tirar a capa e os sapatos molhados.

— É lindo! — disse SunHee.

— Posso ficar com ele? — perguntou Minseok, num sussurro.

— É claro que pode. Ele precisa de uma casa.

— Mas... O que papai vai dizer? — A voz do menino expressava medo, e Taehyung não gostou nem um pouco disso. Não queria que tivesse medo dele.

— Seu pai acha a idéia maravilhosa.

Mentirosa, pensou Taehyung. E embora não pudesse ver o sorriso de Minseok, pôde senti-lo, completamente. SunHee estava decidida a fazê-lo parecer um herói diante do filho.

— É um cachorro ou uma cadela? — sussurrou Minseok. Houve uma pausa, uma risada, e então, a resposta:

— É um cachorro, querido.

Três presenças novas na casa. Como um homem como ele poderia suportar aquilo? Ainda assim, encostado no batente da janela, Taehyung desejou estar com eles. Queria ver o rosto de Minseok, segurando o cachorrinho. E a dor sufocou-o, mais uma vez.

— Os olhos dele parecem os seus, Srta. SunHee.

— Não acho que os meus sejam tão lindos assim.

Mas eram, pensou Taehyung.

— Vamos mantê-lo aquecido. Pobrezinho, está tremendo. Vamos para a sala, acender a lareira. Só tem que mantê-lo enrolado na toalha e deixar que se acostume com você.

— Como nós vamos chamá-lo?

Nós. Ele já estava apegado a SunHee, pensou Taehyung, e quando as vozes desapareceram, não conseguiu ficar parado. Precisava ao menos ouvir o que diziam, já que não podia ver o menino, pensou, descendo pela escada de serviço.

—... Mas nunca soube de um cachorro que atendesse quando chamado pelo nome — ouviu ele, alguns minutos depois.

— Já teve cachorrinhos? — perguntou Minseok, e Taehyung deslizou pela porta escondida, entrando na cozinha e espiando. SunHee acendia o fogo na lareira.

a bela e a fera ;; kthOnde histórias criam vida. Descubra agora