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— Srta. SunHee? — chamou Minseok da sala. — O que é isto? SunHee enxugou as mãos numa toalha de papel e atravessou a sala de jantar, parando ao ver a pilha de caixas amarradas com fita verde.

— Bem, querido, por que não descobrimos juntos? Parando ao lado da mesinha de café, viu o cartão preso na caixa maior. Era endereçado a ela. Gostaria que mostrasse mais dos seus talentos escondidos. Junto às caixas estava um dos esboços que fizera de Minseok, com um bilhete. É lindo, você conseguiu retratá-lo perfeitamente. Taehyung.

— De quem é? — perguntou o garotinho, saltitando em volta das caixas, na expectativa de ganhar um presente.

— O bilhete diz que a caixa de cima é sua. — Soltando as fitas, entregou a caixa ao menino, que se sentou no tapete para abri-la. Dentro havia lápis de cor, guache, lápis de cera, aquarelas e papéis. — É do seu pai — disse SunHee, e Minseok ergueu o olhar, sorrindo.

SunHee também sorriu. Taehyung tinha pedido desculpas ao filho do único modo possível no momento. Minseok perguntou se podia usá-los, e SunHee assentiu, dirigindo-se à sala de jantar, onde colocou uma toalha velha sobre a mesa, para protegê-lo das tintas. Em seguida, entregou ao menino uma xícara de água, explicando como poderia pintar.

Depois de ter acomodado Minseok, voltou à sala de estar e olhou as caixas. Com um suspiro, abriu a primeira e encontrou tudo que precisaria para desenhar, além de papéis especiais. A segunda tinha aquarelas, uma palheta e pincéis, a outra tinha um cavalete e um banquinho, além de um bilhete. O quarto amarelo, na ala oeste, é o que tem a melhor luminosi­dade, além da linda vista do rio e da cidade.

As lágrimas encheram os olhos de SunHee, que sentiu a gar­ganta apertada. Ninguém nunca a elogiara por outra qualidade que não fosse sua beleza. Mesmo tendo vários desenhos espa­lhados pelas paredes do apartamento, Jimin nunca notara, nem fizera algum comentário. Ela adorava desenhar e pintar, mas desistira disso por coisas que julgara ser mais importantes, na época. Havia uma sensação de liberdade que apenas a arte podia lhe dar. Criar algo do nada era como uma mágica po­derosa. E Taehyung lhe dera tudo isso novamente.

— Também ganhou presentes — disse Minseok, aparecendo ao lado dela e espiando as caixas.

SunHee acariciou os cabelos escuros do menino e sorriu.

— Não é lindo? Teremos de arranjar um lugar especial para trabalhar.

Minseok concordou, voltando para a sala de jantar para terminar o que estava fazendo. SunHee sentou-se no sofá e pegou o estojo com os lápis, imaginando o que desenharia em primeiro lugar. Queria agradecer, mas sabia que Taehyung não iria recebê-la. Além disso, tinha muito que fazer. Depois que Minseok terminou o primeiro desenho, pregou-o orgulhosamente na geladeira, antes de levá-la para o banho. Não foi fácil acalmar o menino, que queria expe­rimentar tudo, mas depois do banho e de uma história, conseguiu colocá-lo na cama. A caixa com os presentes ficou na mesinha, ao lado da cama, como se isso deixasse o pai mais próximo.

Deixando a porta de Minseok entreaberta, SunHee parou no cor­redor, olhando para a escada que levava ao andar de cima, imaginando o que Taehyung estaria fazendo. Não falara com ele desde a noite anterior. Tampouco ele a chamara pelo interfone, nem aparecera nas sombras. Era como se tivesse revelado coi­sas demais e agora quisesse manter distância. Ainda assim, lhe dera um presente maravilhoso. Era um homem complicado, decidiu, e depois de tomar banho, vestiu o roupão e desceu ansiosa para experimentar os novos lápis e crayons.

Quando Taehyung ouviu SunHee andando no andar de baixo, entrou no quarto de Minseok, impaciente para estar com o filho. Sentando-se na cadeira de balanço, observou-o enquanto dor­mia. O luar que se infiltrava através das cortinas banhava o menininho com um brilho prateado.

a bela e a fera ;; kthOnde histórias criam vida. Descubra agora