Eu já estou trabalhando na livraria há uma semana. Ivana e eu já estamos muito próximas, nosso trabalho é tranquilo é muito divertido, já conheci algumas clientes e está tudo perfeito.
— bom dia, Ivana — cumprimentei sorrindo e estendendo os dois copos de café que eu comprei no caminho.
— que bom que você chegou! - ela fala como se tivesse algo errado
— o que houve, Ivana? Você está péssima. - falei olhando para ela que estava com o cabelo preso, uma calça larga e um moletom sujo de molho.
Ela veio em minha direção e me abraçou chorando.
— Morgana meu namorado terminou comigo, no dia do nosso aniversário de namoro de dois anos!
Eca, ela tá molhando toda minha blusa com lágrimas
— Ivana, para de chorar e me solta, olha, se ele fez isso é porque ele não te merece, ele não merece seu sorriso muito menos suas lágrimas. hoje é sexta feira, e você vai em alguma balada comigo. Pode ser para ouvir sertanejo, beber e chorar, ou para beber e ficar louca e beijar muitos desconhecidos. eu vou estar com você. - digo me afastando e colocando os copos de café em cima do balcão de atendimento. — você é linda demais para sofrer por amor, Ivana. Aceita isso, tem vários garotos que entram aqui só para ficar te olhando, pensa que eu não vejo? - falei tentando animar ela, mesmo sendo totalmente verdade, Ela podia ter quem quisesse ou quase isso.
Ficamos conversando um pouco até Ivana se animar um pouco.
— você tem razão Morgana, tem uma festa aqui super famosa, e é lá que nós vamos! - ela fala soltando o cabelo e secando o rosto com a mão.
— era exatamente o que eu queria ouvir! Agora vamos trabalhar, chegaram vários livros novos, preciso guardar - falei já saindo para buscar as caixas.
Resolvi colocar uma música para não ficar tanto silêncio, coloquei girassóis de Van Gogh - beco exu do blues
Eu estava distraída organizando os livros e cantando alto quando ouvi alguém entrar, mas como Ivana não está fazendo nada ela vai atender.
Olhei para baixo e vi um all star azul encardido e velho, subi os olhos para ver quem era o dono deles, dei de cara com o homem que me atendeu na lanchonete.
— você canta bem - ele falou com um sorriso de lado se abaixando ao meu lado.
— posso te ajudar ? - pergunto lançando um olhar rápido em sua direção
— não, eu só vou deixar alguns papéis da lanchonete para o meu pai.
Meu estômago deu uma cambalhota, eu preciso desse emprego e agora posso perder ele a qualquer momento
Como assim ele é filho do Caetano?? Ele flertou comigo na lanchonete e eu fui um pouco e eu também, espero que ele não lembre. Caetano disse que eu seria amiga do filho dele, até parece que eu vou ser amiga dele
— eu já te conheço de algum lugar? - ele fala ainda ao meu lado interrompendo meus pensamentos, será que ele não tem nada para fazer?
— eu pareço com muitas pessoas, meu rosto é muito comum - falo com pouca animação sem olhar para ele
— como eu consegui esquecer? Você é a menina que foi lá na lanchonete esses dias, como eu consegui não te reconhecer, você esteve presente em muitos sonhos meus depois do nosso encontro, mas não imaginei que teria a sorte de te ver de novo - as palavras dele e o sorriso afetaram totalmente meu psicológico, mas não posso me abalar tão fácil assim.
— bom, talvez, muitas mulheres passam por lá, aposto que você joga essa cantada barata em todas - respondo encarando seu olhar curioso e brilhante.
— mas nenhuma como você. - ele fala retribuindo o meu olhar
Coloquei de uma vez só os três últimos livros que faltavam e levantei rápido procurando alguém para me tirar daquela situação, logo em seguida ele se levantou também.
— acho que nunca saberemos quem é a tal menina misteriosa, e acho que eu não quero descobrir, muito menos gastar meu horário de almoço com isso. - falei pegando minha bolsa atrás do balcão.
— Ivana vou almoçar e pegar uma roupa lá em casa, posso me arrumar com você na sua casa?
— claro, vai ser perfeito, nossa noite de meninas. - ela fala toda animada arrumando o cabelo no reflexo do computador desligado.
— se importa se eu for com você? - ele pergunta com uma cara fofa é impossível dizer não para aquele rosto.
— tanto faz. - falo virando e saindo e sinto ele vindo atrás
— por que você é tão difícil? - ele fala andando mais rápido para me alcançar.
— você gosta de garotas fáceis? - pergunto querendo entrar no seu jogo.
— está perguntando por que quer ser o tipo que eu gosto? - ele diz abrindo um sorriso lindo.
— não, estou perguntando para ser justamente o que você não gosta - falo impaciente.
— qual é, você nem deixou eu falar meu nome, impossível que você me odeie tanto assim, vem almoçar comigo.
— não posso, tenho que passar em casa - eu preciso mesmo para pegar uma roupa de sair.
Ficamos em silêncio de frente um para o outro por uns segundos
— me passa seu numero pelo menos? - ele fala olhando nos meus olhos - não sei porque eu queria ficar longe dele, eu tenho impressão que um daqueles caras que eu devo ficar longe, eu não preciso de mais problemas agora. também não consigo entender a insistência dele.
Por impulso peguei uma caneta que estava fácil na minha bolsa, peguei a mão dele e escrevi meu nome e número. Senti ele me olhando enquanto eu escrevia.
— satisfeito? - falo com cara de tédio
E ele ainda estava sorrindo. Ele é tão metido, tudo que ele fez até agora me irritou.
— é um prazer conhecer você Morgana. A propósito, eu sou Romeu.
— o prazer é meu, Romeu
— uau, está falando uma coisa positiva sobre mim? Acho que estamos melhorando
— não, só falei isso para tentar ser educada. eu estou atrasada, preciso ir. - falei já saindo e indo para o carro que estava estacionado lá perto.
Parei o carro em frente a escola da Celeste, ela já estava no portão conversando com as novas amigas dela e nem me viu chegar.
Apertei a buzina forte para ela ver que eu já estava esperando ela.
— desculpa Morgana, não sabia que estava aí, você pode levar minha amiga também? Ela vai estudar comigo lá em casa - ela fala com a cabeça na janela do lado do passageiro.
— pode levar quem quiser se for agora nesse segundo. Entrem meninas - falo querendo ir embora logo mas tentando parecer calma e adulta.
Celeste entrou no carro com sua amiga e seguimos para casa com o rádio ligado
— Morgana você ainda está fumando aqui? - celeste pergunta abrindo a janela
— claro que não. - minto, não queria que meus pais soubessem, não que eles se importassem, mas o sermão sobre o mal causado pelo cigarro não podia faltar.
Celeste revirou os olhos mas voltou a falar novamente
— Morgana, você sabe que não é certo.
— Eu já sou maior de idade, sei me cuidar e não quero falar sobre isso.
Seguimos até em casa em silêncio. Estacionei o carro e fui direto para meu quarto.
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Morgana
RomanceMorgana é uma jovem solitária e um pouco problemática de 18 anos, acostumada a nunca criar raizes em uma cidade, foi assim que ela viveu sua vida até hoje, sempre na estrada com seus pais e sua irmã. Ela nunca tinha se incomodado com isso, mas tudo...