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SINA DEINERT

[...]

Eu me revirava em uma colchão improvisado com uma espécie de tecido que pinicava todas as partes descobertas do meu corpo. Não haviam poltronas ou carrinhos dirigidos por aeromoças. O avião era todo feito de metal, um metal prata que deixava alguns pregos salientes escaparem.

Aquele avião me lembrava o filme Madagascar, a não ser pela falta dos macacos e do teto descoberto.

Além do local nada confortável, as risadinhas e gemidos baixos de Heyoon e Lamar ecoavam por todo o avião.

ㅡ Podem fazer isso em silêncio? ㅡ grito levantando a cabeça de leve

ㅡ Não enche a porra do saco, Sina! ㅡ Heyoon gritou de volta

Reviro os olhos, voltando a deitar a minha cabeça do tecido que pinicava. Um vento frio invadia todo o avião e senti meu queixo tremer. Me encolho na tentativa de aliviar o frio, mas não adiantou de muita coisa.

Algumas horas depois, o avião pousou em uma pista escura, poucas das luzes de sinalização funcionavam. Foi um pouco assustador, meu estômago se revirou e senti que poderia vomitar o pouco que estava na minha barriga.

ㅡ Chegamos! ㅡ o piloto avisa colocando o boné de algum time de beisebol para trás

Rapidamente sentei no tecido, pegando a minha pistola e a colocando na cintura, logo depois abaixo a blusa para que ela não apareça. Fiquei de pé e senti uma das minhas pernas formigar.

Há alguns passos dali, Heyoon vestia uma camiseta de alça e por cima colocou uma jaqueta quadriculada. Ela pescou um espelho pequeno de sua mochila, olhava o seu reflexo enquanto arrumava os seus cabelos bagunçados pela aventura com Lamar.

Lamar empurrou a grande porta de metal e ficou na espreita caso algo, como a polícia nos aguardasse, mas estava tudo limpo.

ㅡ Relaxa aí, esquentadinho ㅡ dou um tapinha no ombro dele e pulo na pista

ㅡ Não vai na onda do "relaxa aí", Deinert. Se continuar assim, vai acabar em cana ㅡ Lamar diz ajudando Heyoon descer do avião

ㅡ Aham... ㅡ reviro os olhos

Seguimos a passos cuidadosos até uma espécie de balcão, onde tinham alguns aviões, claramente roubados. Eu ia na frente e então faço um sinal para que os dois atrás de mim parem.

Com um sinal de cabeça, já estávamos os três encostados na parede, com as armas empunhadas.

ㅡ Tem um movimento diferente... ㅡ sussurro

ㅡ Como o quê? ㅡ Heyoon sussurra de volta

ㅡTalvez uma viatura... ㅡ digo dando uma espiada

ㅡ Puta que pariu! Eu disse que isso era bobagem. Agora estamos todos fodidos ㅡ Lamar fazia um escândalo silencioso

ㅡ Se controla, porra! ㅡ sussurro e dou uma cutuvelada no braço dele

ㅡ Sem pânico, meu amor ㅡ Heyoon passa a mão no outro braço dele

ㅡ Eu não acredito que vocês vieram... ㅡ balanço a cabeça

Esperamos mais um pouco. As nossas respirações estavam descompassadas e conseguia ouvir as três. Heyoon e Lamar deram as mãos e revirei os olhos pelo excesso de romantismo.

Dou outra espiada e a viatura parecia não estar mais lá.

ㅡ A barra parece estar limpa. O cara vai nos encontrar aqui, certo!? ㅡ continuo falando baixo

𝕯𝖆𝖓𝖌𝖊𝖗𝖔𝖚𝖘 𝖜𝖔𝖒𝖆𝖓 • 𝕹𝖔𝖆𝖗𝖙 (interrompida)Onde histórias criam vida. Descubra agora