You Could Be Mine

Desejo

Minha primeira vontade naquele momento era rir. Rir de incredulidade. Eu ainda estava tentando entender que aquilo estava acontecendo. Mas depois eu percebi que ali estava a resposta para algumas das minhas dúvidas.

Aquele era o motivo pelo qual Alice estava me implicando tanto ultimamente. Ciúmes. Ela estava com ciúmes de mim e de Izzy. Certamente gostava dele demais e estava me vendo como uma ameaça.

Normalmente eu não me importaria com isso, mas aquela situação me fez lembrar de quando eu passei por coisa parecida. Teve uma época da minha vida que eu estava gostando do Drake, um dos jogadores de futebol do meu colégio. Ele era lindo, simpático e tinha um sorriso encantador, mas não fazia ideia dos meus sentimentos por ele. Não sei o que havia dado em mim, eu sempre conquistava os caras que queria, mas com ele tinha sido diferente. Eu simplesmente travava quando ele estava perto, como aquelas garotas nerds que quase desmaiava quando via os caras populares. Eu sei, uma completa idiotice.

Então uma vez, Sabrina, uma garota da minha sala, começou a se envolver com ele. Eu sentia tanto ciúmes que aquilo não cabia em mim. Implicava com ela sempre que podia, cheguei até mesmo a humilha-la dentro da sala de aula. E quando a garota ficou sabendo dos meus sentimentos pelo Drake, fez questão de passar mais ciúmes ainda em mim. Ela nunca perdia a oportunidade de beijá-lo na minha frente.

Definitivamente, eu sabia o que Alice estava passando agora.

Foi então que eu comecei a me sentir incomodada. Ainda observava minha prima chorar descontroladamente, e aquilo havia me deixado surpreendentemente mal. Minhas mãos começaram a formigar, eu sentia que devia dizer algo. Merda.

- Alice, eu... - Tentei formular algo para dizer. Pigarrei. - Eu... Não sabia que você gostava dele.

- Agora sabe. - Ela sussurrou entre fungadas. Suspirei.

- É sério, eu não... Eu sei como é isso, me... - Respirei fundo, odiava dizer aquelas palavras. - Me desculpe.

- Débora, sinceramente. Eu só quero ficar sozinha. - Ela me encarou, seus olhos extremamente vermelhos. - Me deixe sozinha. Por favor.

- O-ok. - Gaguejei, assentindo. Respirei fundo e sai de lá, indo até meu quarto e fechando a porta. Eu não sabia o que fazer, ou pensar. Tudo aconteceu muito rápido. - Meu Deus, do céu, eu beijei o Izzy! - Exclamei para mim mesma, arregalando meus olhos. Esse foi o primeiro erro. Tudo bem, Izzy era um cara muito legal e me ajudava bastante, mas ainda era o roqueiro que adora uma droga e strippers. O roqueiro que a minha prima parecia gostar bastante. Eu arrisco a dizer que aquilo era até amor. Na verdade, não posso dizer com certeza, porque eu acho que nunca cheguei a amar alguém francamente... Mas isso não vem ao caso.

O que eu precisava fazer, a partir daquele momento, era me distanciar de Stradlin. Era o certo a se fazer. Eu definitivamente não podia me envolver com ele tanto por ser algo insano, quanto pela Alice.

Suspirei, decidindo que iria tomar um banho. Precisava esfriar a cabeça.

UM DIA DEPOIS

Aquele suco de laranja realmente havia ficado muito bom. Senti orgulho de mim, acho que consegui fazer alguma coisa. Até que espremer laranjas e colocar em um copo não era assim tão difícil.

- Oh, bom dia querida, na verdade, quase tarde! - É claro, era meu tio. Com sua rotineira felicidade. Ele chegou na cozinha arrumando sua gravata, provavelmente pronto para ir trabalhar, e seu sorriso no rosto. Apenas assenti. - Acho que as pessoas por aqui acordaram meio tarde hoje.

- Já é quase horário de almoço. Você já não devia estar no trabalho?

- Você falou certo, devia. - Nicholas piscou para mim, enchendo sua xícara de café quente. Colocou um pouco de açúcar. - Hoje meu turno começa depois do almoço, para a minha felicidade. As vezes meu serviço tem essas loucuras mesmo. Teve um dia que eu comecei a trabalhar de noite e tive que virar a noite por lá. - Fez uma pausa. - Inclusive, você se lembra uma vez que eu ia dar uma jantar aqui em casa para alguns empresários do meu serviço? - Perguntou e eu franzi o cenho, tentando me recordar. Ah, é mesmo. Teve uma vez que ele veio com essa história mas nunca aconteceu. Acho que eu estava tão nem aí pra ele que havia me esquecido completamente. Ops.