Como? Faltavam três dias ainda para o dia da minha execução, eles deveriam estar enganados, não era eu quem deveria estar ali, deveria ser outra pessoa!
Olhei em volta confusa, sentindo o medo me dominar e o instinto de correr se tornando mais forte, do prédio saiam mais oficiais com o mesmo uniforme formal, e entre eles, estava Ark, me olhando com culpa nos olhos, era sobre isso que ele queria conversar, aquela hora que me chamou no canteiro.
Os irmãos foram me puxando para a parede esburacada pelos tiros, eu estava paralisada, porém não demonstrava medo, se fosse para morrer, então eu morreria de cabeça erguida.
À medida que nos aproximávamos da parede, fui acompanhando meus carrascos com passos vacilantes, porém sem demonstrar medo, os oficiais que saíram do prédio se alinhavam em fila e ficavam em posição de sentido ao lado da parede do prédio, Ark parecia abatido, ele queria ter me avisado, e eu não o culpava por não ter conseguido.
Me colocaram de costas para a parede, dois soldados caminharam até a minha frente, ficando a cerca de 35 metros de distância, os gêmeos foram se juntar aos oficiais que estavam em posição de sentido, um dos guardas que tinha ido à minha frente pegou uma prancheta e começou a ler o conteúdo da mesma:
- Detenta 1837, Karma Honv, você foi julgada e condenada por cometer os crimes de roubo, invasão de propriedade e homicídio, também houveram tentativas de escapar dessa penitenciária, acrescentando mais alguns anos à sua pena, dias atrás o conselho da penitenciária decidiu lhe dar, por fim, pena de morte.
O guarda fazia uma pausa para virar a folha da prancheta e para molhar os lábios finos.
- O tempo que recebera antes de sua pena de morte era de cinco dias, mas nosso capitão decidiu acelerar o processo por motivos que ele acha que não interessam a pessoas como você.
A maioria dos outros guardas davam risada da última frase, o guarda com a prancheta abaixou a mesma e me olhou.
- Algo A declarar detenta?
Queria falar que isso tudo era uma injustiça, mas de que iria adiantar? Nenhum deles iria me ouvir, e Ark não poderia fazer nada, então só encarei o guarda com ódio, ele sorriu de uma forma cruel.
- É o que todos dizem.
Ele olhava para os guardas que estavam na parede do prédio e fazia um sinal com a mão, para se aproximarem, o guarda da prancheta então se retirou para dentro do prédio conforme os outros guardas se aproximavam, seis no total, restando na parede do prédio apenas Ark e os gêmeos, o outro guarda que tinha se aproximado junto com o da prancheta ficava ali, ele era alto, loiro e tinha olhos azuis frios, os seis outros se organizaram de forma que o loiro ficasse no meio, com três à sua direita e três à sua esquerda, os seis que se aproximaram levavam rifles consigo, o loiro não carregava nenhuma arma.
Com uma voz mais alta e forte do que eu esperava o loiro disse:
- Preparar!
Os seis guardas carregaram os rifles numa sincronia macabra, os movimentos praticamente perfeitos.
- Apontar!
Eles levantaram as armas mirando para mim, pude sentir o sangue em meu corpo gelar e meu coração bater mais rápido, não poderia acreditar que tudo iria acabar ali.
- Fog-
- Esperem! Não atirem!
Eu podia ver os dedos dos oficiais tencionados nos gatilhos, também pude ver a decepção em seus olhos quando um outro guarda, de ombros largos e uniforme verde camuflado chegou ao local ofegante, parecia ter corrido uma maratona, todos ali presentes olhavam para o recém chegado, que se aproximava do oficial loiro e lhe entregava um papel, o mesmo lia rapidamente o que estava escrito, olhando para mim, talvez decepcionado, quando terminava de ler.
- Abaixem as armas.
Ele dizia seco e os seis abaixavam os rifles se entreolhando confusos, o loiro foi até Ark e lhe entregou o papel sussurrando algo para ele.
Ark lia o papel atentamente balançando a cabeça levemente com a mão no queixo, ele então olhava para mim, claramente aliviado, ele então estendia a carta para os gêmeos, Gutt pegava o papel e começava a ler.
Ark então deu um passo para frente e disse em alto e bom tom:
- Não haverá fuzilamento.
Burburinhos começavam a surgir entre os guardas que não entendiam nada.
- O capitão quer falar com a detenta, portanto não haverá fuzilamento, peço que todos voltem à seus afazeres.
Muitos suspiravam aborrecidos se dirigindo para o prédio, Ark se aproximou de mim e me pegou pelo braço, só agora pude perceber o quanto eu estava tremendo.
- Ark, nós sabemos que você é o segundo no comando aqui, mas deixe-nos levar ela até a sala do chefe.
Era Gutt falando, Ark se virou para o mesmo demonstrando indiferença.
- Não Gutt, eu agradeço mas acho que tem coisa melhor à fazer do que ficar passeando com uma detenta por aí.
- Assim como o senhor tem coisas para resol-
- Eu levo ela Gutt, entendido?
Pela primeira vez pude ver o brutamontes amedrontado, ou quase, ele ficou quieto pensando no que responder.
- Entendido?
Ark repetia, dessa vez mais ríspido.
- Sim comandante Olej.
Os gêmeos então se afastaram, e Ark me conduzia para a saída, agora o medo de morrer tinha ficado para trás, mas outro medo crescia cada vez mais, o medo do que o capitão poderia querer comigo.
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Cicatrizes
FantasyNa grande cidade de Souterrain, uma briga política surge entre os governadores e a máfia, que ganhava força cada vez mais, no meio desse conflito estão aqueles que apenas querem se beneficiar e aqueles que não são afetados pelo conflito. Karma é a l...