Capítulo 2

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 O som familiar do refeitório de PFFS se tornava cada vez mais alto enquanto andava pelo corredor mal iluminado e sem janelas que dava para o lugar, dois guardas me acompanhavam, e eu estava algemada, como se houvesse alguma rota de fuga naquele corredor estreito, quando o corredor acabou, os guardas me soltaram e se dispersaram para os cantos do refeitório, eu me vi na entrada de um vasto pátio coberto com teto alto e com várias mesas de concreto, na verdade isto aqui parece mais um estádio que um pátio coberto, janelas no alto iluminavam o lugar fracamente com os primeiros raios do sol da manhã, luzes de led ajudavam o ambiente a ser menos sombrio, no fundo havia grandes janelas e uma porta de vidro que davam para o pátio onde as presas praticavam esportes e exercícios, várias detentas já estavam sentadas nas mesas com seu respectivo "grupinho", essa parte da prisão não era muito diferente do colégio, cada mesa com seu grupinho, não sei se esse fato me incomoda ou me conforta.

 Entrei na fila do refeitório, um dos guardas me deu uma bandeja, a comida de hoje não era tão ruim e pelo menos não parecia nem cheirava como vômito, o prato do dia era lasanha de quatro queijos, na verdade mal colocavam queijo, apenas a massa quase crua, depois de me servir olhei para o refeitório, em uma mesa afastada, perto da porta de vidro, estavam minhas companheiras de cela, ao ver que já tinha me servido Bett levantou o braço e acenou, sorri e revirei os olhos, indo me sentar com elas, o prato de Bett já estava vazio, Lilian ainda estava comendo.

- Bom dia dorminhoca. Teve sorte dos guardas não terem te tirado da cela à força.

Bett disse bem humorada, apesar de estar presa ela conseguia manter o bom humor, ou ao menos aparentava manter.

- Talvez porque assim os guardas possam cochilar mais sem ter que manter o olho nela ou...seu querido "Ark" deu a ordem para te deixarem dormir mais.

 Lilian fala com deboche na voz e com a boca cheia, apenas olhei para ela séria pegando o garfo.

- Tem sorte de eu estar com saudades de vocês.

 Ela deu risada e continuou a comer, fiz o mesmo olhando envolta, algumas detentas que estavam me olhando viraram rapidamente, não as culpava por demonstrarem curiosidade, não era a primeira vez que eu ia lá para baixo.

 Senti uma dor aguda no pé e me abaixei para ver que alguém tinha pisado no mesmo olhei para cima e ali estava uma mulher loira e alta com os braços cruzados, sorrindo maldosamente, seus olhos azuis não indicavam boas intenções, puxei meu pé e ignorei ela.

- Own...me desculpe...acho que devo prestar mais atenção por onde ando.

 Continuei comendo sem olhar para o rosto dela, ela rosnou em resposta e agarrou meu queixo com força, me forçando a olhar em seus olhos azuis pálidos.

- Por sua causa a gente teve que passar esse tempo todo fazendo exercícios que não acabavam mais em nosso tempinho livro e ainda tivemos que limpar a prisão inteira. Sabe o que é isso?

- Eu sinto muito por ter acabado com sua diversão Darla.

 Ela apertou com mais força o meu rosto e me atirou no chão com força impressionante, meu corpo inteiro doeu, parecia que tinha caído do terceiro andar de um prédio quando era uma queda com menos de um metro, ainda estava fraca por causa dos dias que passei naquele lugar escuro.

- Vamos acertar as contas hoje mesmo, no intervalo, no pátio. Te esper-

- Você sabe que violência não é a resposta pra isso né? Ou seu cérebro é pequeno demais para processar essa informação?


 Bett dizia, ela estava de pé olhando Darla, seu olhar era firme e Lilian, ainda sentada, olhava a loira com um brilho sombrio em seus olhos amendoados e castanhos, o garfo estava em sua mão, Darla grunhiu e se agachou para sussurrar em meu ouvido:

CicatrizesWhere stories live. Discover now