Abri os olhos para ver um homem com o uniforme mais formal que os dos outros guardas na minha frente, ele segurava a mão de Darla, que ainda segurava a faca, Darla parecia assustada olhando para o homem, assim como as outras detentas, os outros guardas abriam caminho pela multidão tentando chegar até nós, as duas companheiras de Darla também pareciam assustadas, principalmente Lonne.
- Acho que posso acrescentar "porte de armas dentro da prisão" à sua sentença, isso vai adicionar no mínimo um ano a mais de prisão para você senhorita Sharrar.
Ao ouvir seu sobrenome Darla pareceu perder a vontade de lutar, apenas olhou para baixo, como se desistisse, o homem tomou a faca dela e os guardas já a estavam algemando.
- Acompanhem ela e suas companheiras de volta para a cela delas.
O homem se virou para mim, era Arkire, como não havia reconhecido ele? Deve ser por causa da pancada que levei.
- Eu acompanharei a senhorita Honv.
- Sempre tão cavalheiro não é mesmo Arkire? Por que não deixa eu levar a "senhorita" Honv?
Um dos guardas, alto e ruivo, se aproximou de Arkire com os punhos cerrados, pelo que sei ele e Ark já se deram bem, mas por alguns motivos que desconheço, já não eram mais tão amigos, na verdade estavam mais para inimigos, Ark olhou ele, com a mesma frieza que demonstrava para os outros guardas, mas parecia mais sombrio que o de costume, então agarrou meu antebraço com certa força.
- A senhorita Honv é minha responsabilidade, e eu trato as detentas como bem entender.
- Ah claro claro. Pare de bancar o valentão, me deixe levar ela para a cela só dessa vez.
O guarda esticou a mão para pegar meu braço, Ark rosnou baixo, como um cão que defende seu osso, e golpeou o outro na cabeça, um golpe certeiro, o guarda não esperava pelo golpe e caiu no chão desacordado.
- Não me faça ter que te lembrar quem está no comando aqui Leish.
Ele dizia com o punho levantado, então arrumava o quepe e passava as mãos pelo uniforme como se arrumasse o mesmo, Ark olhava para os guardas que estavam próximos, os mesmos ficaram em posição de sentido imediatamente.
- Limpem essa bagunça. E vocês, não tem nada para ver aqui.
Ark dizia, frio e seco, se virando para a multidão que já se dispersava, os guardas se apressaram para cumprir a ordem, eu nunca vi ele ser tão frio, ele então suspirava e me puxava para dentro da prisão.
-
As celas vazias só deixavam o ambiente daquele corredor mais estranho, já na frente da minha cela, Ark abria a porta da mesma e me empurrava para dentro, ficando na porta, eu abri a boca, pronta para explicar o que havia acontecido, mas ele suspirou e olhou envolta, se certificando de que não haveria ninguém ali, e entrava na cela, se sentando na cama e tirando o quepe e colocando as mãos no rosto, por alguns instantes, não sabia o que fazer. Decidi sentar ao lado dele.
- Karma, eu queria dizer que não, mas essa briga acaba com todas as chances que eu tinha de te livrar da sentença de morte.
Ele olhava para mim, parecia cansado e triste.
- Eu sei Ark...mas espera, tinha alguma chance de me livrar da sentença?
- Bom, eu estava trabalhando nisso, mas agora...
Ele encarava a parede, fiquei olhando seu rosto, sentia que à qualquer momento ele ia começar a chorar, e logo em seguida, eu também começaria a chorar, tive que falar algo para quebrar aquele silêncio.
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Cicatrizes
FantasyNa grande cidade de Souterrain, uma briga política surge entre os governadores e a máfia, que ganhava força cada vez mais, no meio desse conflito estão aqueles que apenas querem se beneficiar e aqueles que não são afetados pelo conflito. Karma é a l...