Você quer tomar banho na banheira comigo?

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Nossos dias na França foram apressados e cheios em demasia, a ponto de cairmos na cama a cada chegada nossa. Mas hoje estou energético, feliz e alegre. Sento-me num sofá e massageio meu joelho dodói. Eu estou muito animado, acho que nada pode me jogar para baixo. E essa suíte é incrivelmente espaçosa e requintada. E a vista da janela me faz ver uma pequena parte remota da Torre Eiffel e isso me faz sorrir como um abestalhado.

É que hoje Josh e eu fomos um casal espetacular, do tipo idiotas que se beijam toda hora, dividem o mesmo copo de refrigerante e ainda ficam brigando por coisas bestas. Igual como ele fez logo quando estávamos de saída e eu estava lambendo os dedos como criança e ele começou a reclamar. Mas o dedo é meu, ele não tinha que falar nada. Mesmo assim brigamos, então eu roubei um beijo dele. E agora eu estou rindo disso.

- Amanhã, sete à noite - ele me diz o horário do nosso vôo de volta aos Estados Unidos e isso me faz ficar um pouco triste, porque eu absolutamente não quero voltar. - Tudo bem para você?

- Pode ser - respondo, após um longo suspiro. Ele não parece notar isso, então cruza as pernas e ajeita o corpo sobre o colchão.

- Eu estou morrendo de fome! - Josh exclama, só que não faz sentido algum, já que estávamos comendo pipoca há uma hora atrás. Poxa, essa criatura tem um buraco negro no estômago?

- Não estou muito a fim de comer - faço uma expressão de recusa e ele ergue os olhos do celular. - Que é?

- Você só teve uma refeição completa hoje, Noah - ele diz isso como se estivesse me incriminando por isso, mas Josh sabe muito bem que eu não gosto nem um pouco de comer. Eu não quero comer.

- Sim, e...? - cruzo os braços.

- Pipoca não alimenta a barriga de ninguém. Senta aqui e vamos escolher algo para comermos do Uber Eats - ele dá dois tapinhas na cama e eu permaneço no meu lugar. - Vem, idiota.

- Pode pedir para você. Não quero gastar dinheiro com algo que eu não quero - descruzo os braços para tocar no meu galo sensível e faço uma careta pela dor.

- Não existe querer, é precisar - ele deixa o celular sobre a bancada ao lado da cama e olha diretamente para mim, como quem fosse um psiquiatra esperando o paciente falar todos os seus problemas.

- Mas eu não quero, é sério - lanço um olhar de "por favor, me deixe em paz" e ele parece entender o recado, visto que concorda com a cabeça e volta a ficar no celular.

Agora estou tentando ler as poesias do livro que Josh presenteou-me enquanto ele termina de comer o Yakisoba misto dele ao assistir Sailor Moon legendado. Solto alguns muxoxos para indicar que o volume está alto demais, mas ele não parece se importar. Eu também não ligo mais para ele, por isso começo a ler alto demais e isso chama a atenção do boboca deitado de bruços na cama.

- Você está pronunciando tudo errado - ele diz ao aumentar mais o volume do áudio e ainda faz um barulho nojento e irritante com o Yakisoba na boca.

- A pronúncia é minha, não sua - puff, até parece que ele se importa com isso, porque está me ignorando desde que neguei comida e agora está, como sempre, agindo como um idiota.

- O idioma também é seu? - eu vejo-o arquear as sobrancelhas, cheio de si. Sua mania de me dar raiva me faz querer me jogar em cima dele, só que para outra coisa.

- Ponha um fone de ouvido e tudo estará resolvido - dou logo a solução e quero saber que raios ele vai responder. Claro que ele não tem razão, não vai ter argumentos.

- Eu não quero usar fones de ouvidos - ele dá de ombros.

- Então pronto - me estico sobre o sofá e volto a ler as poesias propositadamente erradas e percebo que talvez eu não esteja entendendo nada do que está escrito aqui. Por que Josh me deu isso? Ele poderia ter me dado um daqueles aparelhos de tradutor instantâneo, não?

café et cigarettes  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora