Interlúdio

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essa é a última, sério hahahaha

N2: não era

    xxx

     Durante     toda a minha infância eu sempre escutei o quanto eu deveria ser melhor e me dedicar no que realmente deveria, porque todo o esforço valeria pena em algum momento

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   Durante     toda a minha infância eu sempre escutei o quanto eu deveria ser melhor e me dedicar no que realmente deveria, porque todo o esforço valeria pena em algum momento. Não importasse o quão difícil, impossível, cansativo ou improvável fosse, eu deveria tentar e conseguir, mesmo que isso viesse a me custar muito durante o caminho, porque não havia espaço para falhas, desistências ou recusas. Não existia margem para erros.

As vezes eu me pegava pensando se mamãe havia sido apenas dura demais ou se só fazia aquilo porque queria me ver melhor do que ela (doméstica, três filhos para criar e um aluguel para pagar, tudo isso sozinha, sem qualquer tipo de apoio). Eu entendia seu lado, até porque vindo onde eu vinha, apenas sonhar não era o suficiente e para que eu pudesse realizar meu sonho sem ter que entrar no caminho errado, ela tinha se desdobrado em quatro para que nada nos faltasse.

Dos seus três filhos, eu era a única mulher e, ainda por cima, a mais nova, sendo Ricardo cinco anos mais velho e Pedro, dois. E não, eu não era do tipo de irmã que brigava ou implicava muito com eles porque, na verdade, mesmo que não houvesse muita diferença de idade, nós éramos muito, muito unidos, do tipo que contavamos tudo (ou quase, porque ainda havia a parte que eu ainda era a irmã mais nova e, de forma alguma, podia sair com um garoto do qual eles não aprovassem) um para o outro e mesmo que eu tivesse sido a primeira a sair de casa, aos dezessete para estudar, nada mesmo mudava entre a gente.

Eu sentia falta deles na maior parte do tempo, assim como de mamãe e de todos os seus avisos e broncas, mas era algo que eu havia aprendido a lidar desde quando eu havia vindo à São Paulo estudar, dois anos atrás. Não era como se fosse tão sufocante, mesmo depois de dias cansativos e madrugadas angustiantes onde tudo não parecia fazer sentido. Eu havia vindo por um motivo e a voz de mamãe repetindo que eu deveria continuar, lembrava-me disso todas as vezes.

Era exaustivo? Sim, mas não havia espaço. Eu não podia falhar com ela, sabia disso.

— Dandara? Está ai? — Pedro balança a mão na minha frente, tirando toda a minha atenção da parede branca para ele, que se mantinha com um olhar arqueado.— Ouviu o que eu disse?

Mesmo que soubesse que nao, ele aguarda uma resposta minha. Pedro, no auge dos seus vinte anos, havia vindo há quase três meses morar comigo depois que recebera uma proposta de emprego. Claro que, diferente do que esperávamos, era totalmente mais rentável e oposto ao qual eu lutava para conquistar: alguma coisa relacionado ao jogo que ele virava noites jogando tempos atrás.

— O que você dizia mesmo?

— Está tendo um churrasco na casa de uns amigos meu, vai rolar durante um bom tempo e eu tava' pensando em colar lá mais tarde. Vai querer ir?

𝒆𝒔𝒄𝒐𝒓𝒑𝒊𝒂𝒏𝒂 • bakOnde histórias criam vida. Descubra agora