Clarão

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Por volta das sete da noite Theo chegou a casa dos Dunbar. Sua presença havia se tornado tão constante que os pais de Liam já não estranhavam sua chegada repentina.

Pelo contrário os Sr. e Sra. Dunbar o cumprimentaram com acenos e sorrisos. Sem se importar com o horário e automaticamente – apesar de já não precisarem – apontarem para a escada, que levaria até o amigo.

Theo agradeceu e caminhou apressando o passo nos degraus. Apertando as alças da mochila. Estava um pouco arfante, como se tivesse ido correndo até ali.

Ele entrou no cômodo sem bater, pela porta entreaberta. Liam estava deitado na cama e vestido para dormir. O que era impressionante, mesmo para uma terça-feira. O Dunbar dedilhava animadamente no teclado do notebook, os olhos atentos no documento aberto.

Theo depositou a mochila ao lado da porta. E retirou os sapatos. Usando da distração do rapaz aproximou-se silenciosamente. Ele se jogou na cama, de lado.

Liam se sobressaltou com o movimento. E virou o rosto para encara-lo. Dissecando-o dos pés ao topete bagunçado.

— A não. — reclamou o Dunbar. Empurrando as coxas do Raeken. — Você está todo suado. Na minha cama.

Theo arreganhou um sorriso satisfeito. Capturando a mão do rapaz com as coxas, apertando-a entre elas.

— Bem... — ele deu de ombros. Acariciando o pulso da mão cativa. — não seria a primeira vez...

Ele olhou o Dunbar intensamente. Vendo o tom rosado florescer em suas maçãs.

Liam sorriu desconcertado. Soltando uma risada frouxa.

Era bem menos tímido quando estavam sozinhos.

— Me pegou.

Admitiu encabulado. E conseguiu se soltar dando um aperto na parte interna da coxa alheia. O que fez Theo soltar um pulinho. É, Liam também o conhecia um pouquinho.

— Esqueci de perguntar anteontem. Na escola. — Disse ele, se deitando novamente. Enquanto o Dunbar balançava a cabeça, rindo. — conseguiu terminar?

Perguntou excitado. Tentou espiar a janela aberta. Mas não conseguiria ver nada no monitor, não do ângulo em que estava. E as letras eram muito pequeninas.

— Sim. — confirmou Liam. E falou satisfeito: — três capítulos.

Afirmou um tantinho eufórico. Balançando os pés. Theo era o único que sabia que escrever era um dos seus hobbies e que os lia. Ainda assim haviam fronteiras nas quais nem não podia passar. A confiança não era suficiente para se comparar ao prazer de ver Theo ler pela primeira vez, sem pausas. A expectativas pelas perguntas e suposições. Enchiam o ego e o ânimo do Dunbar.

— Vai deixar eu ler? — indagou ansioso. Mesmo sabendo a resposta. Já havia lido dois manuscritos, mas esse que ele digitava era guardado a sete chaves. E todo esse suspense estava lhe matando. A sinopse ainda o devorava.

— Claro... — Afirmou Liam, apreensivo. — mas não agora. Quando estiver pronto...

— Quanto mistério...

Resmungou Theo, exasperado.

Liam revirou os olhos para a sua insistência e para o biquinho infantil que ele sustentava. Sua mão pousou na nuca do Reaken e apertou de leve. Com um movimento um pouco brusco, puxou o rosto contra o seu. E beijou-o. Um beijo lento e calmo, um roçar de lábios lento e calmo. Que logo quis pular um nível.

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