Relampejo

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☁️☁️☁️

A biblioteca estava silenciosa e não tão movimentado como de costume. Com exceção, é claro, dos cochichos e passos que ecoavam ali. Theo reparou ao entrar e ficou satisfeita com isso. Um pouco de privacidade séria ótimo. Não que fizesse alguma diferença para ele.

O rapaz observava atento canto a canto do local. Espiando através das frestas das prateleiras apinhada de livros, que dividiam o cômodo em pequenos corredores. Até que o avistou, um pouco afastado, quase que nos fundos, em um canto próximo a vidraça.

Theo esboçou um sorriso confiante, estufando o peito, quando começou a marchar em direção ao rapaz. Havia imaginado que Liam estaria se escondendo por ali e acertou em cheio. Caramba, estava satisfeito consigo mesmo.

O rapaz pegou um livro qualquer, enquanto caminhava apressado em direção ao Dunbar. Decidido a acabar com aquela enrolação de uma vez por todas. Por um fim a angustia que subia do seu estômago para o peito toda vez que o encontrava.

Droga. Ele só precisava acabar com aquilo. Por isso se sentou na cadeira a frente da de Liam. Com cuidado e zelando pelo silêncio. Não queria atrapalha-lo ou assusta-lo, ser expulso dali estava fora de cogitação. Puxava o ar com certa força, percebeu. Estava ansioso, suas mãos tremiam um pouco. Pois tentava achar o início certo para um bom diálogo. Enquanto pensava consigo que já não dava para dar para trás. Era agora ou nunca. Chega de joguinhos. Era tudo ou nada. Estava com a faca e o queijo nas mãos.

E estava surtando. Bem ali. De frente para Liam.

“Oi”, não parecia suficientemente bom. Tampouco “ei”, “boa tarde”, “Você vem sempre aqui?”

Theo bons segundos para se decidir. O nervosismo fazia seu pé constantemente contra o piso. E isso fazia barulho, sabia disso. Por sorte Liam continuou a fazer o que estava fazendo. Se notou que era Theo ali disfarçou muito bem.

O Raeken abriu o livro e quase enfiou seu rosto nas páginas. Tentando disfarçar. Notou que estava encarando por tempo demais, com uma possível expressão abobalhada. Era um livro antigo de paginas amareladas – ele tentou focar, fazendo uma retirada estratégica incorpórea e repensar seu pleno, ao menos era o que pretendia – e letras miúdas que ele não se deu ao trabalho de ler. Os olhos espiavam com curiosidade o Dunbar, por cima da capa.

O Dunbar rabiscava impetuosamente no caderno que sempre carregava para cima e para baixo. Escrevia algo, com letras finas e pequenas, que Theo não conseguia espiar.

Theo se empenhou em ficar quietinho, esperando que Liam em algum momento erguesse os olhos e o reparasse. Mas ele parecia bastante concentrado no que fazia. Theo fez um esforço tremendo, sim fez. Mas não se aguentou de curiosidade; ela explodiu em sua boca. Porque não conseguia ler de onde estava.

— Que é que você está escrevendo? — ele ergueu as sobrancelhas, mantendo os livro aberto. Não era dever, sabia que não era.

Liam se sobressaltou. Como se tivesse levado um choque no traseiro, deu um pulinho sem cair da cadeira. Num movimento involuntário cobriu o caderno com o braço, antes de fecha-lo.

— Nada de mais. — Murmurou apressado, o Dunbar. Liam o observou com cuidado, apreensivo.

— Você estava tão concentrado....

Theo balbuciou. Inutilmente esticando o pescoço tentando espiar.

— Não seja enxerido.

Grunhiu o Dunbar, impaciente. Puxando o caderno para cima do colo, debaixo da mesa.

Theo ergueu as mãos como se defendesse. Repassando mentalmente que não fora ali para deixá-lo irritado. Por tanto deveria deixar o assunto de lado. Por hora.

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