O Poder Do Teu Toque

Teu perfume

Acordo algumas vezes durante a noite, me assustando com todo e qualquer som, não estava sabendo como lidar com a situação. Mesmo sem a necessidade de acordar cedo, optei por me levantar, não me sentia confortável ali. Assim que da cama saí, com o clima ainda frio, resolvi tomar banho.

É estranho e talvez até raro ver aquele banheiro vazio, em alguns momentos chega a ser assustador. Enfim, após lavar o cabelo com mil e uma paranóias rondando minha mente, resolvo dali sair.

De volta ao quarto, muitas ainda estavam dormindo, resolvo fazer uma caminhada pelo pátio da escola, enquanto converso com uma tia que há de ser considerada uma das melhores concelheiras e amigas que tenho em toda a vida. Com o sorriso que em meu rosto resplandecia, foi impossível não falar de Luiza, de como a conheci, dos momentos que tive com ela e das expectativas que em mim, a cada minuto, surgia.

Após quase uma hora de ligação, me despedi e fui até o refeitório para o café da manhã, dessa vez só, com um turbilhão de pensamentos povoando em minha mente, aprecio o sol, que acabara de nascer, e o calor que trazia consigo, acalmando meu coração e minha mente e assim, voltando ao quarto.

Lá, todas estavam conversando sobre a possibilidade de sairmos, dar uma volta, conhecer a cidade e aproveitar nosso penúltimo dia, não me sentia disposta. Estava pensando seriamente em não ir, não me sentia nada disposta, mas Eduarda prometeu me convencer até o horário de saída.

Dá se a hora do jogo do time masculino, pela insistência das meninas, acabo indo, talvez sair fosse realmente uma boa distração. Apenas me troco e me dirijo ao ônibus, que hoje estava um pouco mais animado, a real intenção nem era assistir o jogo, mas sim sair, andar, tomar um suco... Enfim, respirar.

Com a brisa leve batendo em meu rosto, mais uma vez me lembo dela, e ao saber que talvez eu não mais a veja, sinto meu coração apertar, não quero me despedir ou sequer pensar na distância que nos separará nos próximos (ou até distantes) dias que virão.

Sou tirada de meus devaneios assim que escuto a comemoração de um gol, o jogo estava quase acabando e, os meninos, saindo como vencedores. O apito final é ouvido, e coma a comemoração deles, voltamos à escola onde apenas pegamos nossos pertences e fomos, no que acreditamos ser a última vez, naquele restaurante.

Almoçamos e voltamos à escola, onde por algum tempo descansamos, antes de nos arrumarmos para sair, estava um pouco mais animada. Apesar da briga pelo tempo no espelho, consegui me maquiar, definir os cachos do meu cabelo e escolher uma roupa a tempo.

Ao sair do quarto indo em direção ao pátio, meus olhos encontram os de Luiza, não consigo entender como eles se atraem assim, em meio à muitas pessoas, mesmo confusa sorrio, é só o que sou capaz de fazer. Apesar de querer parar ali, e fixar meus olhos aos dela, apesar de querer sair correndo e beijar mais uma vez aqueles lábios, me contento ao ver seu sorriso, assim que percebe que estou a observá-la.

Continuo andando com minhas colegas até que paramos, colocamos uma caixinha de música em cima de um banco e começamos a dançar, enquanto aguardamos todos se aprontarem. Dançamos sem nos preocupar com quem olhava músicas e coreografias que marcaram essa viagem.

Embarcamos em direção ao shopping, onde era previsto que passássemos toda a tarde, após diversas lojas e algumas compras, paro em uma loja de perfumaria, e ao ver um perfume em destaque, resolvo o sentir, naquele momento, senti o cheiro dela, que não ocupava minha mente por algum pouco tempo. Aceitei um daqueles papéis com a fragrância, a qual, por muito tempo ficou em minha mão e acredito que perdurará eternamente em meus pensamentos.

Felizmente me diverti, pensando nela a todo momento, pensei até em comprar algo para dar a ela como lembrança, mas pensando no quanto não queria parecer tão emocionada, tirei essa ideia da minha mente.

Acompanhei Eduarda em mais algumas compras, finalmente concordamos em ir comer, o que já havia de ser a janta à essa hora. Enquanto esperava o meu ficar pronto, pensava no quanto queria a companhia de Luiza, o quanto queria poder passar mais tempo ao seu lado. Enquanto Eduarda falava, muitas vezes nem prestava atenção, buscava pela voz dela a todo momento, a queria ali.

Ao pegar o celular para responder a mensagem daquela que ocupava meus pensamentos, vejo que já estava na hora de voltarmos à escola. Mais uma vez, passo por aquele portão e entro naquela escola, ansiosa por vê-la.

Ando em direção ao quarto, onde guardo o que havia comprado e troco algumas mensagens com Luiza, apesar da saudade, não marcamos de nos encontrar, mas assim que me sento na mesa do refeitório, vejo se aproximar. É até difícil descrever como ela estava, o foco estava todo nos seus olhos, o brilho deles é capaz de ofuscar tudo em volta, seu sorriso e o balançar dos seus cabelos completava todo aquele monumento que havia de ser ela.

Assim que se senta ao meu lado, seu perfume me invade e me faz querer ter aquele corpo colado ao meu, penso milhares de coisas, algumas delas impuras, a vontade de beijar cada parte daquele corpo me invade, tudo que quero é finalmente poder tocá-la por inteiro, amá-la.

Mas nesse momento me contento com sua voz que em meus ouvidos penetram como a mais delicada das canções, quando sua mão toca a minha, sinto cada milímetro do meu corpo se arrepiar, meu coração simplesmente acelera. Apenas a presença dela é capaz de gerar inúmeras reações em mim.

Ficamos ali por pouco tempo conversando, mas um tempo que me fez sentir nas nuvens, aproveito cada segundo que tenho ao seu lado, não sei quando novamente poderei apreciar sua presença. Ao ver ela se dirigindo para seu quarto, vou também para o meu. E essa foi mais uma noite que pensei nela antes de dormir, e não acredito que seja a última, essa menina me marcou de forma tão intensa que sinto que se não prevalecer em minha vida, pelo menos minha mente, reinará.