Capítulo 3

873 61 2
                                    

- Não aguento mais ser pressionada pelo Christian. – digo a Reese enquanto caminhamos na calçada da terceira avenida.

Decidimos almoçar no nosso restaurante italiano preferido. Mamãe o odeia, ela costuma dizer que comida italiana de verdade só se come na Itália.

De certa forma ela não está errada, mas a comida do Norma Gastronomia Siciliana é incrível.

- Não entendo por que ainda está com ele, Emma. Se pelo menos o sexo fosse bom, mas nem isso. – ela desdenha.

- Não é que seja ruim, Reese. – o defendo. – Só não é incrível, só isso.

Christian é um homem maravilhoso. Muito carinhoso comigo e atencioso até demais. Na verdade, isso é o que mais me irrita nele. Esse excesso de atenção, chega a ser controlador, pegajoso e eu detesto isso. Acho que é por isso que eu não me apaixono por ele de verdade.

Adoro passar as noites com ele e dividir nosso tempo nos finais de semana, mas falta alguma coisa. Não sinto aquele fogo da paixão, aquelas coisas que os filmes mostram... o coração acelerado, a boca seca,  a sensação que o mundo parou e todas essas coisas que sentimos quando estamos apaixonados.

Ele é um homem atraente, chama atenção por onde passa. É alto, seus olhos são extremamente azuis e seus cabelos estão sempre uma bagunça, com os fios jogados para cima. Ele é sexy, mas não tem uma pegada muito, digamos... forte.

Reese costuma dizer que é como um perfume raro, que você paga caro nele e depois descobre que é doce demais, enjoativo.

- Deus me livre ficar com um cara que não dá conta de mim na cama. – ela ri e sacode a cabeça.

- Você precisa parar de dizer isso em voz alta, Reese. – sussurro olhando para os lados. – Se alguém que nos conhece te ouvir, vai ter fofoca para o ano todo na revista.

Nós terminamos de comer em poucos minutos. Pago nossa conta e, quando saímos do Norma, compramos sorvete na barraquinha que sempre está no mesmo lugar da calçada.

- Quando chegarmos em Gangi vou te levar para comer um gelatto de verdade. – eu digo a ela e experimento meu sorvete de pistache.

Esse é o melhor de Nova Iorque.

- Uhmm... – Reese se atrapalha com o sorvete, pelo que vejo ela quer comê-lo e ao mesmo tempo falar. – Achei um evento para irmos no réveillon. – diz com a boca cheia.

- Sério? – pergunto animada e ela assente. – Tem show, bebidas e italianos gostosos?

- Tudo isso e muito mais. – diz com euforia. – Tem uma festa tradicional na praça principal da Catania. Li na internet que pega fogo na virada.

- Reese, a Catania fica há duas horas da casa da minha mãe. – digo desanimada.

- Você que sabe. – ela sacode os ombros com desdém. – É isso ou ir dormir às nove da noite com a sua mãe e o Luigi. Ouvi-lo roncando e ... – ela joga as palavras em mim.

- Você é terrível, Reese. Uma chantagista barata! – ela sorri vitoriosa. – Vou conversar com a minha mãe sobre a Catania, mas não prometo nada.

Fizemos o resto do caminho até a sede da revista enquanto terminávamos o nosso sorvete e Reese fazia um monólogo entusiasmado sobre o seu novo achado, a tal festa na Catania.

Já são quase 14h quando chegamos na empresa e falta pouco para a primeira reunião do dia.

Vou ao banheiro dentro da minha sala e escovo os meus dentes.

Ao chegar na minha mesa, abro o notebook e dou uma olhada no que a equipe de marketing me mandou mais cedo e o que será discutido na reunião daqui a poucos minutos.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora