3. Todas as luzes que Aquecem

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Podia levar horas depois do amanhecer para os primeiros raios da luz do sol começarem a surgir e insidiar sobre o quarto, lançando sombras mais pálidas que realmente iluminadas sobre as paredes altas, o piso atapetado e nos dias de mais sorte sobre a cama.

Alucard sabia do perigo que era deixar a janela aberta durante toda a noite, mas francamente o que de pior podia acontecer a ele naquele quarto? Na verdade, essa era até uma ideia divertida de se imaginar.

Alucard sabia do perigo que era deixar a janela aberta durante toda a noite, mas francamente o que de pior podia acontecer a ele naquele quarto? Na verdade, essa era até uma ideia divertida de se imaginar

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Quando o indizivelmente agradável fenômeno de verão acontecia, colocando parte de si abaixo de um fulgor quente e brilhante ficava ali quase a manhã inteira. Não que compreendesse direito o passar das horas, mas sabia que era muito tempo.

Ah o calor adocicado do vinho! O sabor salgado e suculento do peixe grelhado, qual havia sido pego no lago e empalado mais cedo, junto aos petiscos coloridos na refeição da manhã para tarde, completamente diferente de como era pela noite. Ser um bom cozinheiro para si mesmo naqueles dias solitários, sendo esse o único prazer do qual não se privava: sentir o calor suave do pequeno e requintado banquete, como uma chama que penetra concentrada, sendo salgada, porém doce e quente brindado ao líquido púrpura e aquecido esparramando-se como regalo no fim das noites a dois... E claro sem dor. Assemelhava-o a... Bem, saber usar os dedos.

É certo que isso também se devia a ela. Lisa fora uma cozinheira perfeita, ensinando ao filho tudo que sabia. A coisinha prodígio que bastava algumas frases para conseguir fazer melhor que todos os professores.

Um humano era um ser limitado e frágil. Um vampiro, uma criatura poderosa e doente. Mas um Dampiro? O que diabos era isso, por que a fusão de duas coisas tão diferentes, mas condenadas da mesma maneira era capaz criar essa coisa?

Todo o pouco conhecimento que havia conseguido adquirir ainda criança quanto a isso, guardara para si como preciosos pertences. Dampiro. Híbrido de humano e vampiro, muito raro. Para os humanos uma lenda improvável difundida pelos ciganos. Uma criatura muitas vezes mais forte que seu progenitor imortal - embora não fosse esse o seu caso - qual não precisava de sangue para viver além de possuir sempre uma beleza extraordinária, algo visto como uma blasfêmia perante os imortais. Ouvira nos relatos que a maioria dessas criaturas eram mortas pelos próprios pais nos primeiros dias de vida, uma vez que estes temiam retaliação da cria quando fossem adultos (que sensatos, não?). No final não seriam todos apenas animais lutando para sobreviver?

Argh, por que é que tudo em sua existência tinha de ser tão sombrio e trágico? Parecia até mesmo uma piada cruel da tal Divindade. A tal Divindade assustadora que os humanos tanto se apegavam, e isso apenas mostrava o quão pobres criaturas eles eram. Agarrando-se a algo física e mentalmente com toda a alma mesmo que jamais tenham sequer vislumbrado, somente acreditando nas promessas com as quais eram bombardeados desde o berço. Mas eles não podiam fazer outra coisa afinal, ou seu destino era certo: O fogo ou o fogo. Ao menos em suas cabeças.

Novamente o Trevor e a Sypha em miniatura o olhavam com uma paciência incomuns.

Alucard levou outra taça de vinho á boca, olhando-os com curiosidade e uma familiaridade na qual acreditava.

Golden Tears - O príncipe AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora