-- Capítulo 3: O Escuro Parado --

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Koll caminha pela rocha que antes fechava a saída da arca, atualmente posicionada como uma ponte que leva até o solo do asteroide. Sua existência, e até mesmo a da Arca, são insignificantes se comparadas à imensidão abissal de escuro à volta, em contraste ao panorama do espaço, mais parecendo que estão em outra dimensão.

Incontáveis fragmentos de pedras com tamanhos distintos se movem lentamente no vácuo, o que não acontece com Koll. Suas botas deixam a ponte para tocarem no chão do asteroide, conectando-se a ele após uma descarga elétrica de cor esverdeada. O rapaz vira a cabeça para os lados em momentos diferentes, iluminando uma boa quantidade de metros à frente com a lanterna acoplada no elmo da armadura.

— Ei! As botas estão funcionando bem? — pergunta Dorter pelo comunicador.

— Naturalmente.

— Fala sério... Tem certeza que não quer treinar mais na sala de vácuo? Só passou algumas horas lá, no meu caso demorei dias para dominar as botas.

— Não há necessidade. — Ele chuta o chão, fazendo-o para testar a solidez. — Então você não passou 100 anos apenas olhando as paredes?

— Uma pergunta desse tipo?... Finalmente saiu um pouco do personagem, em? Hahaha! Bem, eu teria enlouquecido se tivesse feito só isso. Inventei alguns passatempos, como treinar na forja, mas... acabei passando a maioria do tempo apenas olhando a transmissão do projetor. Aquela paisagem com inúmeros brilhos me instigava. Ah! — Os olhos do Dorter se abrem completamente em surpresa. Ele está na sala de controle com as mãos sobre a esfera de cristal. — Agora que notei! Você não teve a chance de ver aquela paisagem!

— Isso não me importa, Dorter.

— Não, não! Tenho certeza de que até você iria ficar impressionado!

— Você está muito confiante... Se é assim, faremos uma aposta. Se essa mísera paisagem for do meu interesse, você ganha. Se não for, eu vou te jogar para fora da Arca e te deixar pendurado ao lado do propulsor pelo pescoço.

Dorter engole a seco, arrependido por ter falado demais.

— C-certo. — Ele se recorda de quando era jovem e foi amarrado no meio de uma queda alta para um rio de correnteza forte. "Apesar daquela vez, nessa ele deve estar brincando... Né?..."

— Enfim... continuemos à missão. — Koll começa a caminhar por uma direção aleatória. — As botas entendo, mas por que preciso usar todo esse equipamento?

— Ei, ei! Não subestime a exposição ao vácuo, não há ar para respirar nele.

— Besteira. Não existe nada da qual minha Aura não possa me proteger.

— Que cara complicado...

— Nenhuma nova informação da arca?

— Ah sim... Por enquanto ela só quer que você ande por aí.

— Entendido.

"Que curioso..." Dorter relaxa sua postura na cadeira, caindo em divagações. "Em uma situação de alerta a Arca é realmente outra coisa. Ela nunca foi tão comunicativa assim antes."

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Koll caminha em uma circunferência distante da Arca que ronda, formando, com o trajeto já feito, um mapa na sala de controles.

— O que acha do terreno? — indaga Dorter.

O rapaz quebra uma pedra no chão, a pegando para olhar de perto.

— O solo se inclina mais à medida que avanço para o lado que leva em direção ao fundo do asteroide. — Ele larga a rocha, que fica flutuando, voltando a se concentrar na caminhada. — Para cá também tem mais formas minerais de tamanho considerável, havendo no limite do alcance da lanterna algumas maiores do que eu. Notando essa mudança gradual nesse lado, presumo que quanto mais a fundo for, mais o caminho se tornará irregular, com inclinações estranhas e muitos obstáculos.

LA: Asteroide ReuorOnde histórias criam vida. Descubra agora