Capítulo 18: Mnemosine

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O começo do segundo trimestre trouxe novos ares para a escola

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O começo do segundo trimestre trouxe novos ares para a escola. Os rumores sobre mim e Sirius foram esquecidos há tempos, especialmente agora que os alunos estão intrigados com o assassinato duplo em Cambridge e a misteriosa marca no céu.

O diretor Dumbledore tentou encobrir a notícia àqueles que passaram o Natal na escola, para evitar o desespero dos alunos nascidos-trouxas que estavam longe das famílias. Contudo, naturalmente, todo o corpo estudantil descobriu a notícia no mesmo dia que ela ocorreu. Um comércio clandestino de objetos encantados com magias protetivas começou a se instalar pelos corredores; não é difícil encontrar alunos com cristais amarrados ao redor do pescoço ou com frascos de líquidos estranhos e ervas malcheirosas escondidos nos bolsos das capas.

O primeiro sábado pós-férias amanheceu frio e branco, a neve estava mais grossa do que nunca do lado de fora do Castelo. Assim que tomei coragem para levantar, percebi que o quarto tinha uma atmosfera aconchegante. Logo entendi o porquê: as gêmeas do Olho Interno fizeram uma fogueira improvisada para preparar chá de gengibre (elas chamam de Chá Esquenta-Corpo, mas pelo aroma é só gengibre mesmo). Nosso quarto ficou quentinho, assim como nossos estômagos depois do chá, e eu me arrependo de todas as vezes que chamei Cecilia e Celeste de estranhas.

Assim como Lírio previra, recebi um pergaminho de aparência formal me convocando para o Clube do Sluge. Ainda não consigo falar esse nome sem querer dar risada, ou me jogar do alto da Torre de Astronomia, ou fazer os dois ao mesmo tempo.

Então, cá estou: sábado à tarde, sonolenta depois do almoço e ansiosa pelo fato de ter uma Veritaserum perfeita no bolso do meu moletom. Remus entregou-me a poção ontem num frasco que eu podia jurar estar vazio se não fosse pelas ondulações transparentes que apareciam quando eu chacoalhava o recipiente. A Veritaserum é idêntica à água: inodora, incolor, insípida.

Passei a mão no bolso, conferindo pela milésima vez se a poção ainda está ali. Slughorn fala sem parar há uma hora, contando como se sentiu da vez em que tomou Felix Felicis. Severus e Lily estão sentados lado a lado na mesa redonda ao centro do escritório do professor, pela primeira vez consigo visualizar uma possível amizade entre os dois. Eu estou ao lado da monitora da Lufa-lufa, que tem a mesma expressão de tédio que eu.

Apertei firmemente a Veritaserum sob o tecido do moletom. Só preciso aguentar acordada mais um pouquinho e logo estarei...

"Barbra", o professor Slughorn chamou. Virei a cabeça para ele com um leve sobressalto. "Seu bisavô foi o inventor do Antídoto para Veneno Simples, entre outras poções. Graças à esta criação dele, a forma que os pocionistas trabalham mudou para sempre!"

"Por que esse antídoto foi tão revolucionário, professor?" um garoto da Sonserina perguntou. Eu nunca prestei muita atenção nele antes, mas, sentando ao lado de Severus, é impossível não perceber a diferença entre os dois garotos: Severus, alvo e pálido, com olheiras profundas, tem a aparência exausta como se ele nunca dormisse; o outro Sonserino, negro, com os maçãs do rosto naturalmente avermelhadas, parece ser uma daquelas pessoas que estão sempre de bom humor por conta do rosto radiante.

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