Vigésima Segunda Mordida

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— A-ah... Jungkook. — falou baixinho entre nosso beijo. Encostei nossas testas — Eu estou sonhando?

— Shhh... — abri os olhos, encontrando-o de olhos fechados. Olhei cada detalhezinho de seus cílios, acabando por esfregar nossos narizes — Eu quero te conhecer, Park Jimin. Não quero repetir erros e nem me tornar amargo. Eu quero escolher o meu próprio futuro sem interferências do passado. Você aceita? Aceita esquecer tudo o que aconteceu e recomeçar?

Ele abriu os olhos e novamente lágrimas voltavam a brotar no canto dos olhos, concordando com a cabeça. Eu ainda teria muito o que conversar com ele, mas por enquanto deixaria assim. Nós dois merecíamos um descanso....


◊●◊●◊

Já era tarde quando voltamos da praia, quase 8 da noite. Eu e Jimin ficamos juntos na areia, sentados, conversando as vezes sobre o que faríamos de agora em diante.

Não posso mentir, foi esquisito. O clima entre nós não ficou tão ruim, mas devo admitir que também não foi a mil maravilhas. Apesar de termos entrado em um consenso de que não traríamos mais o passado à tona, nós nunca seríamos capazes de esquecer totalmente; era um fato. E mesmo se eu quisesse conversar sobre pra deixar tudo em pratos limpos, Jimin ainda não parecia pronto para tal.

No final isso seria o melhor. Afinal, eu havia descoberto tudo o que foi apagado da minha memória nas últimas 24h. A minha mente merecia um descanso e estranhamente eu me sentia tranquilo ao lado de Jimin; as memórias não estavam mais em um loop eterno.

— Finalmente voltaram para casa! — Jin foi o primeiro a aparecer quando entramos pela cozinha — Eu fiquei preocupado com vocês, só não fui atrás porque os monitoramos pela câmera na praia.

— Estou vendo como ficou preocupado, enfiando tudo isso de comida goela a baixo junto com um sorriso. Você é o exemplo de ótimo amigo, Jin.

— Cala a booooca! Eu estou com sede e o sangue artificial não é gostoso, nada mais justo que comer as deliciosas comidinhas humanas.

— Você é uma vergonha pra nossa raça. — Yoongi entrou na cozinha com uma taça de sangue em uma mão e a outra segurando a mão de Hoseok, que estava sendo arrastado — Deveria gostar de sangue, mas não, gosta de comer essas comidas doces. — virou para o bruxo — E você, faça o favor de se alimentar direito. Acha que não percebi como anda comendo menos? Vai acabar desmaiando.

Olhei para os dois e levantei uma sobrancelha. Estava acontecendo algo entre meu irmão e meus dois cunhados; Jimin foi outro que percebeu, mas nada disse. Hoseok sentou em uma das cadeiras no canto e resmungava dizendo que não sentia fome enquanto meu irmão levantava a tampa das panelas no fogão, caçando comida. As empregadas apenas olhavam para o chão com medo da carranca de Yoongi.

Peguei uma taça e a enchi com o sangue artificial que estava dentro do jarro, tomando alguns goles até ser tirado da minha mão.

— Você não precisa mais disso. — Jimin olhou sério para mim — Eu posso te dar um pouquinho se está com fome...

— Eu gosto dessa sua atitude, Jimin, mas não faz bem acostumar o corpo apenas com um único sabor. — ele ia retrucar, mas achei melhor explicar direito — Estamos numa guerra, se meu corpo se acostuma com um único sabor e no final acabamos separados, como vou saciar a minha fome?

— Entendi. — devolveu a taça com um pequeno bico — Mas eu preferia que bebesse um pouco do meu.

Coloquei a mão sobre sua cabeça, bagunçando de leve seu cabelo. Era melhor finalizar esse papo ou eu poderia acabar mudando de ideia e abandonar de vez o sangue artificial. Perguntei onde Namjoon estava e Jin disse estar meditando em um dos quartos, parece que ainda se purificava de todo o mal causado nas últimas horas e recarregando as energias quando foi me despertar.

Laços de sangue • Jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora