A mansão

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O vento frio entrava pela janela do táxi, que o motorista insistia em deixar aberta. Eu tinha me preparado por meses para essa mudança.

No aeroporto da minha cidade Natal, eu deixava a minha família chorando pela minha ausência, mas muito orgulhosa pela minha conquista.

Por dois anos eu estudei para ser aceita em uma faculdade, no curso de enfermagem, que era meu sonho de uma vida inteira.

Porém, o destino quis me mandar para longe de casa, em uma cidade pequena e interiorana, porém histórica. É incrível como as coisas acontecem, eu havia ganhado uma bolsa de estudos nessa faculdade, nunca foi a minha intensão, eu nem sabia da existência desse lugar, eu pensava em fazer uma faculdade pública, mas ainda não tinha passado no vestibular. Eu tinha duas alternativas, ou estudava mais um ano e tentava mais uma vez correndo o risco de não passar, ou viria para cá.

No caminho para a minha nova casa, que meus pais fizeram questão de escolher pessoalmente, eu me perguntava se morar tão longe da família seria uma boa ideia. Eu tenho apenas 21 anos e morar sozinha em uma cidade nova, onde não conheço uma alma viva é algo bem desafiador.

Mas de toda forma, eu estava muito feliz. Lembro que uma semana antes de saber que havia ganhado uma bolsa de estudos, eu fiz vários trabalhos voluntários. Foi uma semana agitada, preparei e servi sopa para pessoas desabrigadas, participei de construção de casas em uma comunidade pobre, doei sangue e até doei cabelo para uma instituição que fazia peruca para mulheres escalpeladas, meu cabelo seria enviado para a Amazônia. Eu sempre amei o trabalho voluntário, ajudar pessoas alimentava a minha alma, por isso eu escolhi a profissão de enfermeira.

Não pude deixar de pensar que ganhar uma bolsa de estudos aqui foi uma benção pelas minhas ações, claro que nunca fiz nada esperando ser recompensada, mas não posso negar que foi a primeira coisa que pensei.

— Muito obrigada — Agradeço o taxista que me ajuda a colocar as malas na rua.

Olho para o pequeno prédio de apartamentos no meio da cidade, apesar de muito pequeno, a localização era ótima.

Por dentro, as minhas expectativas são ainda mais diminuídas, eu morava dentro de um cubículo, quarto, sala e cozinha, com um banheiro. É certo que eu nunca fui rica, pelo contrário, meus pais sempre ralaram muito para me garantir um ensino de qualidade.

Porém, sempre vivemos com dignidade e nunca faltou um prato à mesa para matar a fome dos nossos iguais.

A noite caia fria e eu decido ir pra cama, mais cedo que o habitual, porém em uma hora que supria a minha ansiedade, afinal, o primeiro dia da minha vida nova iria começar.

Além da faculdade, eu precisava me sustentar, então enviei um currículo para várias escolas de música, até nas cidades vizinhas, eu tinha interesse em lecionar piano.

Minha mãe era professora antes de casar com meu pai e ela me ensinou tudo que há para saber sobre esse instrumento divino.

Para mim, nada se igualava ao som do piano, era como se anjos cantassem na mesma frequência da minha alma.

Eu aguardava para ser contratada por alguma faculdade, mas para a minha surpresa, uma família requisitou meus serviços.

Eu daria aula todos os dias a uma menina, Sarada Uchiha, ela tinha 12 anos e nunca havia tido aulas de piano na vida.

O indicado seria ela ter começado mais cedo, mas doze anos não é uma idade tão ruim para iniciar, eu acreditava muito no meu potencial com professora, então seria um trabalho desafiador.

Guerra de Sangue (Kakashi - Sasuke - Neji)Onde histórias criam vida. Descubra agora