Reencarnação

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************ 30 ANOS DEPOIS ************

Oito horas de viagem de ônibus, minhas pernas estão dormentes e minhas costas doem. Me inclino um pouco para frente, erguendo e endireitando a coluna, na tentativa de diminuir a tensão na minha lombar.

Ainda faltam duas horas para chegar ao meu destino e eu não preguei o olho à viagem inteira, mas não me preocupo, eu sempre fui ansiosa e com a mudança de ares que eu estava enfrentando, não era nada incomum ficar com insônia.

Mas apesar de "ansiedade" parecer algo ruim, eu não via desse jeito. Eu estava começando a minha vida novamente e apesar de jovem, 22 anos, eu passei por muita coisa. Perdi meus pais muito cedo, em um acidente de carro e morei em um orfanato uma grande parte da minha vida.

Eu tinha 15 anos quando eles morreram e ninguém queria adotar uma garota crescida com um trauma desses. Mas de qualquer forma, eu nunca fui uma pessoa de reclamar da vida. No orfanato eu fiz amigos que eu vou levar para o resto da minha vida e é isso que importa, o que a gente faz com a vida que tem e com as oportunidades que aparecem.

Apesar de todo o sofrimento que passei com a perda repentina dos meus pais, eu me considero uma pessoa feliz, tenho amigos, tive relacionamentos saudáveis e trabalho com o que eu mais amo, cuidar de pessoas.

Eu sou enfermeira, me formei muito cedo, sempre fui uma aluna muito dedicada e atenciosa. Alguns meses depois que me formei, recebi uma proposta de emprego no hospital universitário, eu ganharia bem e seria como um trabalho de tutoria dos alunos, monitorando o desempenho deles dentro do hospital.

Confesso que fiquei um pouco triste, claro que receber uma proposta de emprego pouco tempo depois de formada era incrível, mas o fato de realizar um trabalho que era mais "burocrático" me deixava desestimulada.

Eu escolhi essa faculdade para poder fazer a diferença na vida de alguém, eu queria colocar a mão na massa e sentir a alegria verdadeira de fazer a diferença na vida das pessoas.

E é por isso que eu estou aqui, quando eu estava prestes a assinar o contrato aceitando o emprego no hospital universitário, eu recebo esse convite para trabalhar na casa de uma família em uma cidade a algumas horas da minha casa. Assim que colei grau, eu saí distribuindo currículos, colocando alguns em sites na internet.

Foi muita sorte eu ter sido convocada para esse emprego, o salário é fantástico e eu precisava urgentemente sair da casa da minha amiga que me deu abrigo por quatro anos, desde que eu saí do orfanato.

Quando completei 18 anos, obrigatoriamente eu teria que sair do orfanato e não tinha para onde ir, mas essa grande amiga que fiz na faculdade me deu abrigo e foi minha família por esses últimos quatro anos.

No meu novo emprego, eu cuidaria de uma senhora idosa que mora com seus dois netos, um rapaz e uma menina. Não tenho muita informação deles, mas sei que não tem pais também e isso me fez sentir uma certa empatia, já que eu também não tenho pais.

Mas as noticias boas não acabam ai, eu trabalharia por jornada, junto com outra enfermeira que já esta na casa, assim eu teria tempo para conciliar com outro emprego, considerei fazer alguns plantões no hospital da cidade, isso me renderia uma grana extra. Já tenho ate uma reunião marcada com o RH para a tarde de hoje.

Outra parte incrível desse emprego é que eu moraria dentro da casa da senhora, o que vai ser de grande ajuda nesse começo de mudança, por que eu não tenho que gastar com aluguel ou alimentação.

Chego a rodoviária dentro do horário, o motorista me ajuda a tirar as malas do bagageiro do ônibus e eu continuo, caminhando com dificuldade carregando duas malas grandes até o ponto de taxi.

Guerra de Sangue (Kakashi - Sasuke - Neji)Onde histórias criam vida. Descubra agora