03. Segura o queixo

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Sabe aquele friozinho na barriga que dá quando você começa a ficar nervosa? É exatamente assim que eu me sinto agora, vendo o carro parar em frente à boate.

De dentro do táxi eu já pude ver a grande movimentação que se fazia do lado de fora. Isso porque ainda estava cedo, imagina quando der o horário de pico?

Minha cabeça já estava começando a martelar várias possíveis merdas que podiam acontecer hoje quando a Madu me trouxe de volta à Terra, estalando os dedos na minha frente.

– Acorda Marília! Vem logo que a Lisa já tá esperando a gente lá dentro. – falou descendo do carro.

Respirei fundo. Paguei o taxista e desci.

Ainda não tinha fila para entrar, por causa do horário, e como nossos nomes já estavam na lista foi mais fácil. A Lisa tinha reservado o mezanino, pra deixar sua comemoração mais íntima – o que eu agradeço profundamente a minha irmã –, então nos direcionamos direto para lá.

Eu fiquei impressionada com o local assim que cruzamos a porta. A iluminação não era tão baixa como normalmente é nessas casas noturnas, mas não deixava de ter muito LED. O bar – que era enorme, por sinal – ficava no canto direito, do lado de um pequeno palco, com equipamos de DJ. A pista de dança cobria quase todo o térreo, que tinha algumas mesas espalhadas nos cantos.

Avistamos as escadas e assim que subimos encontramos alguns rostos conhecidos. O Sérgio veio ao nosso encontro primeiro.

– Mamá! – diz me cumprimentado com um abraço apertado, típico dele. – Você tá uma gata!

– E você tá todo charmosinho, olha. – disse fingindo ajeitar a gola do blazer grafite que ele usava, fazendo ele rir.

Eu não sei como é ter um irmão mais velho, mas acho que é assim como funciona minha relação com o Sérgio. A gente vive pra tirar o outro do sério. Ele é um amigo e tanto. Carinhoso, engraçado, às vezes sincero demais. É o tipo de pessoa que faz bem ter por perto, e principalmente ama minha irmã e a faz muito feliz.

– Madu, quanto tempo! – a cumprimentou. – Você tá linda.

– Obrigada! – agradeceu corando. – Cadê a aniversariante?

– Tá ali atrás. Vou levar vocês lá. – falou meu cunhado, que saiu andando, fazendo a gente segui-lo.

A Lisa estava logo a nossa frente, perto da entrada do mezanino, falando com Fernanda, uma amiga dela da época da faculdade. Assim que ela nos viu, abriu um sorrisão e apontou na nossa direção, fazendo a Fê olhar para trás.

Nos aproximamos e eu pude reparar o quanto ela estava linda. Ela vestia um macaquinho de paetês rose gold com manga comprida transpassado, deixando um decote generoso.

– Marília, você veio mesmo! – falou e riu depois que revirei os olhos.

– Você tá tão linda Lisa! – disse a Madu, fazendo a Lis girar.

– É lindo, mas eu já me arrependi. – reclamou apontando para sua roupa. – É horrível pra fazer xixi. – emendou com uma careta, fazendo todos caírem na gargalhada.

Depois de entregamos nossos presentes, que ela tratou logo de abrir – minha irmã parece criança na manhã de Natal quando ganha presentes – ela puxou a Fê pelo braço em direção a Madu.

– Madu, essa é a Fernanda. A gente fez faculdade juntas. Acho que ainda não tinha apresentado vocês. – disse dando uma piscada de olho discreta para minha amiga.

Como todo mundo já tinha entendido do que se tratava, fomos saindo de fininho, deixando as duas conversar. O Sérgio, que não sabe ser nada discreto, saiu rindo satisfeito, olhando para o possível casal, o que fez ele levar um beliscão da namorada.

Te prometo uma noite (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora