04. Que mulher!

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POV Dante...

O relógio marcava meio dia e o restaurante estava pegando fogo.

Chegavam pedidos a cada segundo, pratos saindo, gente gritando dentro da cozinha, panelas pra lá e pra cá...

Parece um caos, mas é esse caos que faz meu dia. É essa agitação que me faz ter certeza da carreira que escolhi. Ou será que foi ela que me escolheu?

- Dante! - ouço Sérgio gritando na porta da cozinha.

- Só um segundo Sérgio. - digo terminando de passar algumas instruções para o sous chefe*.

A gente se conhece há 26 anos, desde que nascemos. Crescemos juntos e somos melhores amigos. Nossas mães são melhores amigas e vizinhas até hoje.

- Meu bem! - digo abraçando meu amigo.

- Querido! - diz rindo junto com alguns colegas que escutaram nosso cumprimento.

O Sérgio é extremamente carinhoso e nunca teve problemas em demonstrar isso.

Começamos a trabalhar juntos no Castellana, um restaurante espanhol. As pessoas, não muito acostumadas a ver uma amizade como a nossa, pensaram que éramos um casal. O que rende algumas risadas até hoje.

- Tá precisando de alguma coisa? - pergunto.

- Tá tudo tranquilo. Só a Lisa que me pediu pra confirmar sua presença mais tarde. - fala com um sorrisinho de quem tá aprontando.

Lisa com certeza deve ter prometido a alguma amiga que ia nos apresentar.

Eu ainda me arrependo do encontro com Marília, que só depois descobri que era a irmã da Lisa, o que me rendeu muitas broncas. Eu estava na merda e acabei tratando ela mal pra caramba.

Só de lembrar fico envergonhado. Mas depois daquilo, eu meio que despertei e recobrei a consciência.

Vez ou outra eu pergunto por ela. Só por curiosidade mesmo.

Já faz cinco meses desde que a vi. Quando Sérgio começou a namorar a Lisa eu estava fazendo um curso fora, então não tinha conhecido a irmã dela. Depois comecei a trabalhar a noite toda no restaurante, o que me impediu de ir a alguns encontros do grupo. Troquei recentemente o meu horário de trabalho, então nos últimos meses não sai muito.

A Lisa, que não perde tempo, já deve estar imaginando meu casamento com alguém.

- Quem é a vítima da vez? - pergunto franzinho o cenho, fazendo meu amigo gargalhar.

- Juro que não tem segundas intenções.

- Jura? Jura mesmo? - insisto.

- Já vou! - grita olhando pra trás. - Estão me chamando. Até mais tarde! ­- fala se afastando, praticamente fugindo de mim.

Uma das coisas que admiro no meu amigo é sua honestidade. Nem querendo ele consegue mentir.

*é o segundo em comando em uma cozinha profissional, logo abaixo do chef.

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Acho que essa é a primeira comemoração que participo em meses.

Lisa já tinha me mandado algumas mensagens durante o dia, pra garantir que eu não ia fugir.

Atrasei um pouco, porque o dia foi longo no restaurante e ainda tive que ir correndo pra casa me arrumar. Ninguém merece passar o dia com cheiro de comida.

Cheguei na boate eram quase 21h. Como nem Sérgio, nem Lisa estavam respondendo as mensagens e atendendo ao telefone, perguntei a um dos seguranças na entrada e fui informado que a festa era no mezanino.

Te prometo uma noite (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora