Capítulo II - A batalha d'El Monte Rojo

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1.

   Pra falar a verdade, não foi uma batalha de verdade. Simplesmente foi um bate-boca entre os convidados. Simplesmente não, pois em si já criou atritos consideráveis. Todos estavam em suas respectivas posições quando M. Schiller adentrou o salão real com todo o charme e elegância. O detetive Bailly em nenhum momento deixou de prestar atenção nela.

   ― Atenção, meus caros! Fico feliz que todos tenham vindo a minha festa, na qual preparei para um propósito do mais digno. Como os senhores sabem, eu relutei muito para conseguir essa mansão, mas as coisas tem ficado complicadas com as altas taxas que eu venho recebendo (olhou para M. Ortega de canto de olho). Por isso, eu desejo que sua generosidade seja tocante no caso de quererem doar algum valor. Devo lembrá-los que é facultativo e não os obrigarei a tomar tal atitude. Muito obrigada pela atenção.

   Todos aplaudiram o discurso de M. Schiller e assim continuaram a festa. Tudo até então corria como planejado, todos em seus assentos e comida a vontade. M. Portendorfer enchia furtivamente a mão, com Liv segurando a bandeja. Foi quando se aproximou M. Ortega, exultante de cólera, visto que muito provavelmente a empreitada de Schiller seria bem sucedida.

   ― O que está fazendo, sua desvairada? Não pode sair comendo todos os petiscos, sabia?

   ― Bom, pelo que eu saiba, caríssima, não há limite de quanto uma pessoa pode pegar petiscos, não é mesmo?

   ― Isso não é uma questão de regras, senhorita, é uma questão de bom senso.

   ― "É questão de bom senso!" Não é você que há de decidir isso!

   ― Pelo amor de Deus, ficaste tanto tempo morando no mato que perdeu a etiqueta, não é mesmo?

   ― O que você quis dizer com isso, senhorita? – questionou M. May ao lado.

   ― Não estou lançando com essa frase injúrias à África. Quis dizer mato mesmo, não o continente inteiro!

   ― Pois eu duvido – disse M. Portendorfer. ― Acho que está querendo mesmo é arranjar briga! Ficou revoltada por estar perdendo Vale del Toro para M. Schiller, não é mesmo? Agora, vem descontar nos outros!

   ― E quem disse que eu perdi essa briga? Posso mudar de ideia sobre isso tudo aqui!

   Detetive Bailly e M. De Vries observavam tudo, assim como os barões: ― O que há de estar havendo ali, Hudson?

   ― Não faço a menor ideia, minha amiga.

   ― É melhor irmos ver antes que se agrave – disse Barão Ddeed.

   Os dois homens levantaram-se e andaram a largos passos até o ponto em que se achava a briga: ― Com licença, senhoritas, mas porque a briga?

   ― Madame Ortega está querendo desistir de ceder o vale e quer acabar com tudo!

   ― Mas eu não disse nada!

   ― Não, imagine! Estaria eu louca?

   ― O que disse por acaso é mentira ou sandice? Caso eu deseje, posso sim a qualquer hora mudar de ideia! Mas a questão não é essa: Karen quer comer todos os rolinhos-primavera! Isso é inadmissível!

   ― Admita que só quer que ela pare porque quer devorar antes. – disse M. May.

   ― Claro que não, de onde tirou isso? E não se meta, a briga não é com a madame.

   ― Uma pena, minha cara, agora que eu entrei, não de imediato hei de sair.

   ― Pois o que faço e deixo de fazer não é da conta de ninguém, ouviram? Ninguém!

El Monte Rojo (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora