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"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

— por Clarice Lispector


A dança.

   Estava relativamente quente, o que acalmava um pouco os calafrios noturnos que os angélicos "sentiam" ao andarem pela casa a noite já que era raro uma quentura tão singela e gostosa quando a noite se tornava presente.

As folhas balançavam preguiçosamente nas trepadeiras de frente da vivenda dando um pedacinho daquela calmaria, quase que habitual, que era sempre presenciada pela parte da tarde.

A melodia em baixo tom fluída pelas cordas, banhadas em ouro, da arpa localizada no canto mais a direita do enorme salão de entrada; moldada sentimentalmente por Sua. As leves caricias naquelas linhas melódicas, olhos fechados, a boca levemente aberta; exalava com quão sublime encanto e paz aquele momento. Os cabelos caramelizados e ondulados encontrava-se modulados em seu tronco que mantinha-se coberto por um vestido casual e muito bem desenhado em seu corpo de cores angelicais e pouco chamativa. Um penteado camponês enfeitava as madeixas estonteantes da moça lhe dando um ar mais jovial que o normal; era dessa forma que sempre estava. Calma, serena e muito bem vestida.

Seu rosto bem delineado e expressionista banhava-se nas palavras não ditas daquelas notas doces e suaves.

Os pés descalços por sob uma manta completava aquela pintura extraordinariamente real para os olhos. Porque era real.

Sua é uma anja de base comportamental e mentalmente "fria" – se assim puder ser descrito – e segura de todas suas ações, seja ela qual for. Esteve em posto de Querubim por um bom tempo até torna-se parte do clã dos poderosos arcanjos do reino celeste.

Isso se sucedeu porque sempre foi mais do que um ser pensante, temente e vibrante. A mulher atuava de forma "fria" quando se comparado a outros angélicos; digo em relação ao sentimentalismo exacerbado dos mesmos. E foi por causa disso que milhares deles haviam condenado a si mesmo ao tomar a si mesmo acima de todos – até mesmo daquele que deu a vida aos mesmos – centralizando e ansiando poder absoluto de tudo que existia.

Ela só não concentrava o amor a si mesma.

Há seres pensantes; seres desprovidos de consciência (O que os dá direito de encarnar mais rapidamente, pois são vagas suas lembranças e de fácil consumo quanto ao véu do esquecimento); e há os seres humanos.

A carga mais difícil e contraditória já se obtida.

Teu peito, só tu entendes; mas se pensas, milhões ouvirão. Talvez tenha me fugido um pouco do conto inicial, mas não se engane. Quero que se questione quão forte é tua mente. Igual se questionou Suga – hoje, o único, de muitos seres ante ao bem, considerado o pai das mentiras e fornicação contra o ser humano. Mas não quero que o faça a ponto de registar-se contra aquele que te guarda.

Foi pela inveja dos anjos que estão acima do trono do altíssimo que houve o começo da batalha entre os anjos e a expulsão dos mesmos decorrente da manipulação de Suga para com terceiros? Em parte sim...

Mas se te conto que o mesmo teve conhecimento do planejamento original da carne criada pelo pai e quis adiantar o processo, só que da forma dele; acreditaria nessas palavras?

Nos enganamos com os monstros enormes de dentes afiados e garras com espessuras maiores que nossa cara criados pela nossa mente. Isso foi uma das criações humana 'pra lhe desviar do verdadeiro monstro habitante na terra, a fim de lhe promover o medo e obediência total a certas doutrinas criada pelo pai, só que modeladas pelo homem para que houvesse assim a paz baseada nos desejos divinos. Só que não deu muito certo, visto que isso se tornou a morte da alma de muitos.

PEQUEI - (G)I-DLE ¦ {FANFICTION}Onde histórias criam vida. Descubra agora