23. Apoio

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Tudo estava claro demais quando Peter acordou. O primeiro estímulo que alcançou a sua consciência foi a cegueira momentânea que ardeu os seus olhos, e, em seguida, os lábios secos o lembraram da sede que arranhava a sua garganta. Mas apesar do incômodo, o toque singelo na sua mão o fez se sentir genuinamente grato. Quando sua visão normalizou, o seu coração se aqueceu ao ver Deadpool debruçado sobre a cama, segurando a sua mão como se pudesse protegê-lo do mundo. Ao perceber que mesmo trajado ainda sentia os relevos dermatológicos, Peter sorriu porque Wade havia tirado a luva para sentir o seu tato, sendo assim, aproveitou a oportunidade para acariciar a mão do companheiro.

— A madame tá no sono de beleza? — brincou, fazendo-o pular de surpresa.

— Ah, meu senhor! Baby boy!!! — Wade gritou de felicidade, já levantando a máscara e atacando os lábios do herói que desviou.

— Wade, eu acabei de acordar, eu tô com bafo!

— Hm, foda-se? — voltou a beijá-lo, mas Peter o interrompeu. — Oww, vem cá meu dragãozinho!

Peter tentou usar sua mão para afastá-lo, mas não sentiu seu braço responder. Seu corpo congelou e seu rosto empalideceu quando abaixou os olhos ao braço coberto, se lembrando de todo o contexto que o cercava: estava em um quarto hospitalar e havia acabado de sair de uma cirurgia ortopédica corretiva.

Peter, sentindo a tensão o corromper, prendeu a respiração e retirou lentamente o lençol de cima do seu braço, notando que estava com um gesso que abrangia desde a palma da mão até acima dos cotovelos. Levantou os olhos ao parceiro que o olhava em silêncio.

— Eles falaram algo? Eu perdi o movimento do braço?

— Não, tá tudo bem, Petey, deve ser a anestesia local, você não dormiu muito. — Wade deixou o seu sorriso aparecer. — Disseram que você é duro na queda, conseguiram reconstruir seus nervos direitinho, algo sobre flexibilidade epitelial, eu sei lá o que isso significa, e a membrana do seus ossos não foi tão danificada quanto o esperado, então meio que facilitou o trabalho deles.

Peter ergueu as sobrancelhas sentido-as roçar na máscara, só notando agora que ainda estava com ela. Olhou suas vestes, vendo que estava vestido com uma roupa hospitalar.

— Troquei você, Spidey, não podiam te deixar entrar tão sujo na cirurgia. Não deixei que tirassem a máscara por completo, então está seguro.

— Wade, eu... nem sei como te agradecer. — Peter sorriu, sentindo o coração palpitar forte de gratidão, mas logo seu olhar pesou, enquanto o sorriso sumia. — Eu... sinto muito.

Deadpool franziu o cenho ao ouvir a voz entristecida do herói, mas antes que pudesse questionar, a porta do quarto se abriu repentinamente. Era Jéssica. Tinha algumas contusões e bandagens sobre o rosto surpreso.

— Peter! Seu... pirralho!! — ela correu até o rapaz e o abraçou com força, espremendo o corpo contra o seu. Talvez fosse a prevalência do anestésico no corpo do herói, mas aquela foi a primeira vez que a investigadora abraçava alguém sem que essa pessoa urrasse.

— Jéssi— o rapaz tossiu, engasgado pela falta de ar.

— Quer quebrar o que restou dele, sua doida? — Wade a puxou, arrancando-a de Peter. — Desde quando você abraça as pessoas? Você tá saindo do personagem.

— Cala a boca, mortadela estragada.

— Você tá falando da minha cara ou do meu pau?

— Ew, desnecessário. — Jéssica se soltou, voltando sua atenção a Peter. — Você dormiu tão pouco, deveria descansar mais.

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