20. dream of you

2.9K 356 566
                                    

january 8th, 2024
Los Angeles, CA, United States
ANY GABRIELLY

Havia algo estranho em acordar em uma manhã gelada em uma cama que eu não reconhecia. Pior que isso, era olhar pela janela e ver a Golden Gate a alguns quilômetros de distância. A vista sem dúvidas era uma das mais bonitas que eu já tinha visto, mas eu gostaria de saber como diabos eu vim parar em São Francisco. Eu jurava estar em Los Angeles nessa madrugada e agora levantar sete horas de distância me parecia um pouco suspeito.

A única explicação possível era que eu havia sido sequestrada. E meu sequestrador me dopou e me trouxe para um quarto no que parecia ser um apartamento. O cômodo não parecia um cativeiro, bem pelo contrário, era confortável demais para ser verdade. Me levanto da cama e percebo que estou vestida apenas com uma lingerie. Ai, meu Deus.

Apesar do que aquilo poderia parecer, eu estava estranhamente tranquila. Minha reação é caminhar até o closet repleto de roupas masculinas. O aroma que aquele lugar exalava me parecia familiar, mas eu não conseguia lembrar onde eu já havia sentido aquele cheiro. Que era muito bom, por sinal. Escolho um moletom básico preto e me visto. As mangas eram compridas demais para meus braços e o comprimento da peça ia até o meio de minhas coxas.

Me sentindo confortável assim, caminho até a porta. Quando percebo que não está trancada, resolvo explorar o apartamento de meu sequestrador. Curiosamente, há um cheiro de panquecas por toda a atmosfera, e isso acaba me arrastando até a cozinha. O homem estava de costas para mim e vestia apenas uma calça de moletom. Aquelas costas fortes e gostosas me traziam sensação de familiaridade pela segunda vez em minutos. Eu era uma piada, estava acordada a menos de meia hora e já estava desenvolvendo Síndrome de Estocolmo.

Limpo a garganta para anunciar minha presença. Eu não sentia medo nenhum, estava curiosa apenas.

— Você acordou — o homem se vira com um sorriso no rosto.

Sequestro era uma ova. Por que diabos eu não tinha previsto que Noah Urrea apareceria? Minha mente gosta de brincar com a minha cara.

Ele é um dançarino ruim, ele é uma resposta certa
Ele é um cantor tímido na maioria das vezes
Somos apenas eu e ele
Ele pensa demais, beija devagar
Um pecador confinado o tempo todo
Quando somos eu e ele

Ele se aproxima da bancada da cozinha e despeja a panqueca da frigideira para um prato já cheio em cima da mesma. Noah faz um sinal com a cabeça para que eu me aproximasse. Pego impulso com a cadeira e sento em cima do balcão, virada para Urrea. Pego uma das panquecas, que estavam com uma cara ótima, e experimento. Como sempre, o homem americano era desprovido de defeitos e a refeição estava perfeita.

— Sequestro com direito a um café da manhã dos deuses. Sim, eu me submeti à Sindrome de Estocolmo.

— Sequestro? — ele pergunta rindo enquanto lava a frigideira na água fria da pia.

— Única explicação possível para eu acordar do nada em São Francisco.

— Você me pediu em casamento, lembra? Só forneci o apartamento, já que agora somos um casal — ele dá de ombros, relaxado — Belo moletom, à propósito — elogia enquanto se aproxima.

— Eu fico uma grande gostosa com ele. Agora é meu — digo seriamente enquanto balanço minhas pernas suspensas no ar.

señorita; noany [2] Onde histórias criam vida. Descubra agora