2. all these years

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july 31st, 2021
New York, NY, United States
ANY GABRIELLY

Any acordou cedo naquela manhã, como em todas as outras desde que se mudara para New York cerca de um ano e meio antes. Ela se levanta da cama à contragosto, faz suas higienes matinais e prende o cabelo em um coque frouxo. Era costume dela pegar dois copos de café no Starbucks mais próximo do apartamento que dividia no Brooklyn com Sabina. A mexicana sempre dizia que ela ainda esbarraria em alguém e se apaixonaria, se continuasse com essa rotina. Mas é claro que Any não acreditava nesse tipo de clichê tão fielmente como sua melhor amiga.

Após o fim do Now United, Any não sabia muito bem o que faria. Mas a quantidade de comentários negativos em suas redes sociais — a maioria culpando mais à ela do que a Noah sobre o fim do grupo —, a fez repensar se gostaria mesmo de continuar sob os holofotes. Sua mãe e Belinha foram o maior ponto de apoio que ela teve e elas entenderam quando ela resolveu não aceitar as propostas de emprego que lhe eram oferecidas, tanto de atuação quanto no meio musical.

Foi então, que recebeu uma ligação inesperada de Sabina: ela tinha acabado de ser aceita em uma renomada companhia de dança nova-iorquina e queria alguém para dividir um apartamento na cidade que nunca dorme. Any estava relutante em aceitar, mas Priscila insistiu, dizendo que faria bem à ela para ocupar a mente com outras coisas que não fossem o coração partido e o sonho destruído.

E ela partiu, com uma boa quantia de dinheiro, um passaporte e uma mala de roupas. Any esperava voltar, mas não o fez. Ao invés disso, conseguiu uma vaga para cursar música na NYU. Alguns meses antes, não se imaginava cursando uma faculdade, mas agora, não se arrependia da escolha que havia feito. Talvez se não virasse uma cantora famosa, ainda poderia trabalhar com aquilo que gostava.

Ela caminha para fora do Starbucks enquanto checa o horário em seu relógio. Estava atrasada, como sempre. Sr. Styles já deveria estar acostumado e provavelmente se arrependia do momento em que havia a chamado para ajudá-lo em sua nova gravadora. Pelo menos era isso que ela pensava. No início do segundo semestre, o professor de canto, Harry Styles, a ofereceu uma vaga para trabalhar na gravadora que ele estava montando. Any aceitou de bom grado, contava como um estágio e ela precisava do dinheiro. Porém, ela não tinha entendido ainda como ele não havia desistido e chamado outro aluno, digamos, mais aplicado, na arte de ser um bom assistente.

Mas ao contrário do que todos pensavam, Sr. Styles era um bom homem. Com quem merecia. E apesar de todas as falhas de Any em atender suas expectativas como assistente, ele ainda via algum potencial nela.

Assim que ela o entrega seu café preferido — expresso descafeinado —, ele a manda organizar algumas estantes. Harry tinha alguns discos antigos guardados em caixas no sótão e achava que decorar o ambiente era um melhor destino para eles do que apenas ficarem guardados enchendo de poeira. Any suspira e põe seus AirPods. Aquela seria uma longa manhã.

CAMILA CABELLO

Uma mulher baixinha e elétrica adentra o estabelecimento feito um furacão, como se tivesse tomado doses elevadas de adrenalina logo pela manhã. Ela procurava seu melhor amigo, tentava se sentir melhor pela perda da cliente que a trocara por outra empresária mais renomada. Camila realmente queria desistir. Se perguntava porque não havia feito direito como sua mãe sempre sonhara. Agora ela estava desempregada, e com apenas alguns trocados na carteira.

— Eu sou um completo fracasso — ela chora no ombro de Harry assim que o vê. O mais velho acaricia as costas da cubana e suspira.

señorita; noany [2] Onde histórias criam vida. Descubra agora