Tempo de mudanças

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“Só quem perdoou na vida sabe o que é amar” – Pe. Fábio de Melo

O sol já se punha em Konoha, e a maioria dos seus habitantes abrigava-se da chuva, alheios ao novo perigo que ameaçava a vila oculta da folha.

O shinigami em sua nova forma não era amedrontador, mas tão pouco seu poder era visível para a maioria das pessoas. Aquele demônio não disseminava seu terror através de elementos da natureza, ele não controlava o vento, a terra, o fogo, a água, nem o chacra, seu poder era bem pior. O que muitos chamavam de deus da morte podia brincar com a alma de todos os seres vivos, e isso era o pior poder que poderia existir.

Naquele momento, todos podiam sentir o mal estar e a sombra negra invadindo seus corações e mentes. Mesmo sem saber, todos alimentavam o shinigami com seus pecados mais íntimos.

— Não é surpreendente como os seres humanos podem ser tão malignos e ao mesmo tempo inocentes? – a voz de Konohamaru havia mudado, se tornando mais grave e baixa ainda que suas palavras fossem claras o bastante para que Hanabi pudesse ouvi-las alguns passos distante.

Foi com angustia que ela se deu conta de que o demônio havia tomado conta do corpo de seu amigo novamente, e dessa vez bem no meio da vila. Ela esperou o ataque como da última vez, mas este não veio, o shinigami no corpo de Konohamaru parecia se divertir olhando a vila ao seu redor, o que não podia ser um bom sinal. Rezou para que o jovem ninja retomasse seu corpo logo, pois tinha medo de que a vila da folha não fosse suportar mais um ataque.

— A natureza ambígua dos humanos me fascina completamente. – o demônio continuou seu monologo, parecendo ignorar completamente a postura defensiva da kunoichi – Ao contrário dos outros animais, que tem a alma completamente pura, os humanos tem as almas manchadas por seus pecados. Mas até mesmo a alma mais sombria, tem uma pequena parte de pureza. Assim como a alma mais pura, sempre tem uma mancha escura indicando que em algum momento seu coração inocente foi tocado pela maldade. É fascinante sem duvida, não existe outra espécie como vocês.

— Que bom que nossas falhas lhe entretenham. – Hanabi ironizou, finalmente parecendo chamar a atenção do Shinigami que novamente lhe mostrou um sorriso frio.

— Eu diria que elas dão um gosto ainda mais saboroso as almas.

— Então é isso, resolveu sair para fazer uma boquinha?

— Assim que o pirralho colocou os pés aqui novamente, eu me fortaleci. Uma vila ninja tão suja quanto esta, onde cada um dos habitantes esconde não apenas uma pequena mancha, mas uma alma tão cheia de pecados foi um prato cheio para mim. Eu sei que lhe contei que sua irmã é uma das exceções, é verdade, mas como eu também já disse, até a alma mais pura tem suas manchas. – gargalhou.

— Sabe, eu espero mesmo que não fique falando muito sobre Hinata quanto Naruto chegar aqui. Ele é bastante possessivo. – A Hyuuga disse, vencedora, mas o demônio não pareceu se abalar.

— Você também está sentindo sua chegada? – ironizou – E não apenas ele...

Como Hanabi temia, ao olhar ao redor notou que eles não estavam mais sozinhos. Pessoas começavam a sair de suas casas, e ainda que reconhecessem o neto do Sandaime, logo podiam sentir o poder maligno do demônio.

— Já estão com medo habitantes de Konoha? Eu nem me apresentei ainda!!

Apesar de ouvir a voz, Hanabi não podia ver a boca de Konohamaru se movendo e então com um novo olhar ao redor, ela notou que o Shinigami falava com todos em uma conexão mental. Ela só podia imaginar que não apenas com aquele pequeno grupo, mas podia apostar que toda a vila estava sobre sua influencia agora.

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