Paraíso Imperfeito

Lado ruim

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"Run and hide, it's gonna be bad tonight (Corra e se esconda, esta noite vai ser ruim)
Cause here comes your devil side (Porque lá vem seu lado ruim)
It's gonna ruin me (E ele vai me destruir)
It's almost like slow motion suicide (É quase como suicídio em câmera lenta)
Watching your devil side get between you and me" (Assistindo seu lado ruim ficar entre você e eu)

Hinata olhou chocada para o noivo. Sua fúria era visível, podia ver uma grande onda de chacra envolvendo o corpo de Naruto como uma aura vermelha de poder, mas tão pouco sentiu medo.
Era noite, ela havia decidido dar uma pausa em seus afazeres e tomar um ar, caminhar pelo clã e quem sabe fazer uma visita ao pai de quem não tinha noticias há algum tempo. Hiashi mantinha-se "preso" em uma casa nos domínios do clã, entretanto era cuidado por um membro da bouke, e tinha um segurança para acompanhá-lo sempre que necessitasse sair. Ele não tinha mais acesso a casa e o dojo principal, ele era um membro da bouke agora, seu maior receio, e ainda que pudesse sair de seus aposentos para tomar um ar lá fora, ele recusava-se. Hinata preocupava-se ainda que tentasse não deixar transparecer.
O céu estava bonito, estrelado como ela gostava, havia chovido aquela tarde e o ar ainda tinha aquele cheiro de terra molhada. Distraída, ela brincava com o anel de safira em seu dedo enquanto pensava o quanto sua vida havia mudado há quase um ano atrás. Nem em suas esperanças mais profundas, ela um dia achou que seria a líder do clã e estivesse em paz com isso, confiante e leve, tão pouco realmente acreditou que estaria noiva de Naruto. Era como um sonho maravilhoso cujo seu único medo era acordar.
Assim, qual não foi sua surpresa ao ser pega de surpresa por uma presença desconhecida.
— Quem está aí? Eu exijo que revele-se agora. - Ela disse alto em direção a uma frondosa ameixeira que crescia ali desde antes de seu nascimento. Ela podia usar o Byakugan, mas no momento realmente achou apenas perda de energia. O caule da ameixeira escondia apenas parcialmente a figura em meio as sombras. Por um instante achou que fosse Naruto e um sorriso débil quase surgiu em seus lábios. Mas tão rápida essa possibilidade apareceu, foi descartada quando o estranho saiu das sombras e revelou-se exatamente isso, um estranho. - Quem é você? - Tensa repentinamente, ela repensou o Byakugan, mas o rapaz adiantou-se nervosamente.
— Por favor, eu não sou uma ameaça.
— Diga-me quem é você e como entrou nos domínios do Clã sem permissão, ou eu chamarei os guardas. - Seu tom era sério, mas tentou permanecer impassível, pelo menos por enquanto.
— Eu sou apenas um Jounnin, e entrei por uma brecha nos fundos do clã. - ele disse desviando o olhar e coçando a nuca como tentando demonstrar seu nervosismo. - Perdão, eu sei que foi estupidez.
— Foi. Por isso deixarei que vá embora sem maiores consequências.
— Perdão novamente, mas eu não posso.
Agora Hinata estava curiosa. Não havia ninguém ao redor aquele horário, mas os guardas sem duvidas estariam ali em pouco tempo acaso houvesse a minima oscilação de chacra. O Jounnin desconhecido devia ter a mesma idade que ela, ou talvez mais velho, era alto e tinha os cabelos castanhos aloirados cortados bem curto, ele tinha olhos verdes e pele bronzeada, uma pequena barba crescia em seu queixo. Bonito sem dúvidas, e o modo como ele coçava a nuca deixando em evidencia seus músculos, ou sorria misterioso, lhe dizia que ele sabia bem disso ainda que tentasse fingir uma timidez desviando os olhos e falando baixo.
— Por que não? E saiba que sua resposta provavelmente o levará até a prisão.
— Você é realmente incrível. Ninguém realmente pode comparar-se a você.
— O que? - A pergunta chocada saiu com uma risada inesperada. - Diga de uma vez o que quer.
— Você. - aproveitando-se do choque dela, ele deu um passo em sua direção - Eu precisava falar com a srta ao menos uma vez.
— Ok. Eu vou chamar os guardas.
Apesar do choque inicial, Hinata não estava sentindo-se ameaçada realmente. Ser uma kunoichi em uma posição de liderança atraia alguns malucos e desde o seu sequestro, ela tentava ficar mais atenta e principalmente não deixava de treinar, mas aquele rapaz tentando ser sedutor com folhas secas no cabelo e roupa realmente não era uma ameaça. Mais tarde, ela se arrependeria do seu erro.
— Espere - Ele foi ousado e conseguiu alcança-la segurando em seu braço. Tão próximo que ela pode sentir o cheiro doce de flores ainda que ao contrário do que estava acostumada e amava, era enjoativo. - Não posso deixar que faça isso.
Mal ele havia falado isso, foi atacado por um jukken em sua cintura que imediatamente o atordoou, para em seguida ser derrubado por uma rasteira.
— Nunca mais pense que pode mandar em mim, ou se quer tocar-me.
— Eu apenas pensei...
— Eu não sei o que pensou, mas está errado. Agora retire-se do clã Hyuuga ou eu serei obrigada a acertá-lo novamente e dessa vez não serei tão cuidadosa. - Ela era fria e inexpressiva, mas o rapaz realmente a chateou e agora podia ver alguns guardas aproximando-se ao longe. Ótimo, logo o consselho teria alguma ideia estupida de que ela precisa de uma escolta.
— Kami, não precisa ser uma vadia arrogante. - ela o ouviu resmungar e agora realmente considerava deixá-lo impotente. - Achei que você ia facilitar as coisas, princesa. Eu posso não ser o grande Hokage, mas sem duvidas sou bem mais interessante. - ele deu um sorriso nojento e Hinata realmente estava pronto para respondê-lo a altura até sentir-se repentinamente tonta, o cheiro doce enjoativo tornando-se cada vez mais forte e fazendo suas pernas tremerem. - Bom, eu vejo que talvez esteja repensando. - Ele continuou arrogante e foi rápido em segurá-la quando a mesma quase caiu no chão. - Não se preocupe, Hinata-sama. É apenas o efeito do meu charme das flores.
— O que você fez? - sua voz saiu como um sussuro, ela ainda podia sentir as coisas ao seu redor, contudo o cheiro cada vez mais forte parecia deixar seus sentidos confusos.
— Você vê, o que está sentindo é o cheiro do meu chacra que eu passei para você através de algumas folhas. Pode ser considerado um donjutso apesar de não ter grande durabilidade. - concluiu rapidamente vendo que os guardas aproximavam-se mais rápido agora - Não se preocupe, passará em alguns segundos. Eu não vou machucá-la, ainda que você realmente feriu meus sentimentos com toda essa sua frieza.
— O que você quer?
— Eu já disse. Eu quero a srta. - E dizendo isso, Hinata o viu dar um pequeno olhar sobre os ombros antes de simplesmente aproximar-se dela ainda mais e beijá-la.
O que aconteceu a seguir foi uma série de mais eventos surreais que novamente a faziam pensar que aquilo não passava de um sonho. Um pesadelo realmente.
O beijo surpresa e nojento felizmente foi interrompido rapidamente, e ela cambaleou ainda sentindo-se bastante fraca mesmo que como o jounnin havia dito, o efeito do donjutso começava a passar. Um dos guardas a apoiou, mas ela apenas teve a ciência de que aquela parte do clã já não era mais tão vazia. Em seguida, finalmente se deu conta de quem havia tirado o jounnin de perto de si. E o alivio logo tornou-se apreensão.
Naruto vestia o casaco laranja com chamas negras que havia feito para usar agora que era Hokage. Seus cabelos agora passavam as orelhas e estavam presos em um pequeno rabo de cavalo, mas agora balançavam revoltosos com o chacra que começava a estalar por seu corpo de forma perigosa. O outro louro havia perdido o sorriso agora que tinha o pescoço entre as mãos daquele homem furioso e visivelmente descontrolado.
— P-por f-favor. E-eu sinto m-muito.
— Não ainda. Mas vai sentir. - Naruto sorriu e ele parecia realmente diabólico - Eu não faço ideia do por que você achou que poderia tocar na minha mulher, mas eu vou garantir que não toque mais em nada a partir de hoje.
— Não! Não! Por favor! Tenha piedade!
Hinata percebeu, agora mais recomposta, que todos ao redor estavam amedrontados e sabia que a última coisa que ela e Naruto precisavam era isso.
— Naruto-kun! Solte-o! - ela pediu aproximando-se.
— Ele estava beijando você. - Ele disse pausadamente ainda olhando sua vitima, antes de voltar seu olhar para ela que reconheceu com apreensão o brilho vermelho que ela conhecia muito bem - Ou será que você o estava beijando também?
O choque imediato logo tornou-se indignação.
— O que você está tentando insinuar?
— Eu resolvi fazer uma surpresa a minha querida noiva e a encontro escondida no chão nos braços desse maldito. - ele ironizou, apertando ainda mais a garganta do pobre imbecil.
— Eu não estava escondida.
— Ele não estava lhe beijando? - a pergunta feita pausadamente o deixava ainda mais ameaçador. Ela não respondeu de imediato - RESPONDA HINATA!
— ESTAVA. - ela gritou, tentando conter a própria raiva diante daquela humilhação. Respirando fundo, ela tentou manter-se fria - Eu não sei quem é ele. Ele apenas apareceu aqui e me beijou surpresa.
— Mentira.
— Nani? - Agora foi a vez dela olhá-lo com fúria.
— MENTIRA! - ele gritou. A raiva causou um pequeno descontrole no chacra assustando a todos ao causar uma rachadura no muro atrás deles.