↷ 𝗶𝗻𝘀𝗲𝗰𝘂𝗿𝗶𝘁𝗶𝗲𝘀.

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resumo; quando ele disse que te amava pela primeira vez.
palavras; 1,3k.
gênero; sad, fluff.
note: fortes menções à obesidade e baixa auto-estima, se for sensível com esse tipo de conteúdo, não leia.

Ele nunca havia dito com clareza ou usando as palavras para dizer que amava você, mas ele demonstrava isso constantemente, principalmente nos atos. O jeito protetor dele de passar o braço por você quando se sentia intimidado na presença de outro garoto, quando acariciava suas costas e depositava beijos pela mesma porque sabia do quanto você gostava de receber carinho ali, quando te presenteava com coisas que você ocasionalmente falava que precisava comprar, o que te fazia ficar agradecida e um pouco irritada, por parecer dependente dele. E na vez que ele chorou pela primeira vez na sua frente, o mesmo dizia que odiava chorar na frente dos outros, porque não gostava de demonstrar fraqueza. Mas, com você foi diferente, ele chorou e não se importou com isso, porque sabia que você não iria julgá-lo.

Faziam-se meses que Noah e os amigos dele estavam planejando irem para a casa de praia do Bailey, no Havaí, e passarem umas semanas na mesma. Você logicamente aceitou ir, era amiga dos amigos dele e se dava bem com a maioria, menos com os que nunca teve muita intimidade para dialogar. Os seus pensamentos voaram longe e você imaginou que seriam dias divertidos, com altas fotos bonitas sendo tiradas, exibindo o seu corpo que ultimamente você estava gostando. Mas, essa vontade e sentimento de se amar passaram assim que você se olhou no espelho do quarto em que estava dormindo, e ficou parada observando a si mesma.

Uma onda de sentimentos amargos te dominaram, e você nunca quis tanto poder mudar de corpo só com a força da mente. Era algo comum você mudar de opinião com facilidade, num dia estaria se amando, se considerando uma narcisista, e em outros estaria se odiando, como agora. Você suspirou, sabendo que quanto mais olhasse seu corpo naquele biquíni mais defeitos encontraria e se magoaria, mas sabia que não adiantaria simplesmente ignorar, pois eles ainda estariam ali.

Noah saiu do banheiro do quarto com a toalha jogada no ombro e cabelos molhados. Ele vestia somente uma bermuda antiga e estava preparado para ir ao mar, mas algo o fez sentir que você não estava.

─ O que você tem? ─ Ele perguntou, depois de te observar com o olhar distante por um bom tempo em frente ao espelho.

Você se assustou com a voz repentina, afinal não tinha o visto chegar, e se virou para ele. Você divagou, abria a boca mas ainda não havia pensado em uma desculpa boa o bastante pra dizer que não iria sair do quarto.

─ Aconteceu algo que eu preciso saber?

─ O que? Que isso, definitivamente não aconteceu nada. ─ Você sorriu e se aproximou, passando os braços pelos ombros dele, fazendo um leve carinho pelos cabelos bagunçados do mesmo, mas ele continuou com um semblante desconfiado. ─ Eu não vou poder ir com você na praia, tô sentindo umas dores e algo me diz que vou menstruar.

─ Então por que experimentou o biquíni se não vai comigo? ─ Ele estreitou os olhos.

─ Eu queria ver como ficava. ─ Você balançou os ombros, mesmo se assustado com a tamanha rapidez que conseguiu responder. ─ Mas, você pode aproveitar o mar por mim. Vai, se diverte com os seus amigos, foi pra isso que você veio, amor. ─ Você depositou um selar nele, antes de se afastar e passar pela porta do banheiro, trancando a mesma ao entrar.

Você se sentou na tampa fechada do vaso sanitário e escondeu o rosto nas mãos, se permitindo chorar, tentando não emitir nenhum soluço. Você tinha mentido pra si mesma e pra ele, aquilo estava te culpando mais do que o seu desgosto com seu corpo.

[...]

Depois de passar um tempo no banheiro, você saiu e voltou para o quarto, agora usando calças e um moletom, que ficava enorme em você e cobria mais do que deveria. Aconchegou-se na cama entre os cobertores e ligou a televisão para ver alguma coisa, mas a porta sendo repentinamente aberta a assustou e tirou sua atenção do que pretendia fazer.

─ Você já voltou? O que aconteceu? ─ Você perguntou ao seu namorado, que havia entrado e se sentado na beirada da cama, a encarando com seriedade.

─ Eu não conseguiria me divertir com você trancada nesse quarto sozinha. E além do mais, algo me diz que você mentiu.

─ Por que eu mentira sobre a minha menstruação estar descendo? ─ Você perguntou, usando um tom de voz mais ofendido do que pretendia.

─ Eu também me perguntei isso, e percebi que deveria ser por algo muito ruim, pra chegar ao ponto de mentir dessa forma. ─ Ele se levantou, suspirando antes de continuar a falar. ─ Linsey me falou que semana passada você disse á ela que ainda estava pensando em comprar aqueles medicamentos que emagrece.

Você piscou e lembrou desse momento da conversa de vocês duas, como se fosse ontem, mas não disse nada. Linsey e você eram grandes amigas, foi por ela que você conheceu Noah, não poderia culpá-la por ter contado, mesmo que sentisse raiva por isso, talvez ela achasse que fosse o melhor a fazer. Você sempre se considerou acima do peso, a academia era cansativa e aos seus olhos não ajudava em nada, então por que não arriscar em medicamentos milagrosos que prometiam emagrecer?

─ E o que isso tem a ver?

─ Você não quis sair por vergonha do seu corpo, não é? ─ Ele foi direto a pergunta.

Você pensou em permanecer negando, mas não aguentaria mais continuar com isso.

─ Eu me odeio tanto, ainda mais por ter mentido pra você. ─ Você chorou, agarrando o cobertor com mais força, o levando para cobrir seu rosto, se permitindo chorar, não se importando com seus soluços altos.

Ele não disse nada, se aproximou e puxou o pano que cobria seu rosto, assim podendo te encarar. Era você quem chorava na frente dele agora. Noah te encarou, sentindo o coração doer por te ver naquele estado. Ele envolveu os braços ao seu redor e você chorou no peito dele, tudo o que precisava chorar, e ele simplesmente deixou, sem falar nada ainda.

─ Sabe, quando eu te conheci eu não conseguia entender como alguém ainda não tinha sido conquistado por você. Você foi especial no primeiro momento, mesmo derrubando aquela bebida na minha camisa. ─ Ele deu uma risada anasalada, sem parar de passar os dedos de maneira delicada por sua cabeça. Um ar de silêncio voltou a dominar o lugar, ele estava buscando mentalmente pelas palavras certas para te confortar da melhor maneira. ─ Naquele instante, eu não reparei no seu corpo, ou em como você estava naquelas roupas, eu só reparei em você, na garota mais divertida e desastrada que estava na minha frente. Você é muito mais do que consegue ver, talvez você discorde disso, mas eu vou estar aqui todos os dias pra te lembrar.

Você levantou o rosto e tirou os fios de cabelo que grudaram em suas bochechas molhadas, antes de coçar os olhos e o encarar. Com certeza seus olhos estavam inchados e seu rosto não muito diferente disso, mas ele pareceu não se importar, porque continuou falando.

─ Se você quer emagrecer, podemos buscar ajuda com quem realmente tem especialidade nisso, mas nunca confie em medicamentos clandestinos que prometem te ajudar. ─ Ele usou um tom de repreensão ao dizer isso, mas você continuou calada, sabendo que isso realmente seria uma atitude radical. ─ Eu amo você e tudo sobre você, não quero mais coisas como essas mentiras acontecendo, estamos entendidos?

─ Sim. ─ Concordei, mesmo sem ter realmente ouvido mais nada depois que ele disse que me amava com as palavras claras e altas. ─ Então você não está mais bravo?

─ Nunca estive. ─ Ele sorriu, antes de depositar um beijo em sua testa e te abraçar novamente, agora usando mais força no abraço, como se estivesse te protegendo de algo. ─ Você é meu mundo.

─ Obrigada por me amar. ─ Disse, sorrindo contra o peito dele, o abraçando de volta, se sentindo segura no melhor lugar em que poderia estar.

𝗡𝗢𝗔𝗛 𝗨𝗥𝗥𝗘𝗔, 𝗜𝗠𝗔𝗚𝗜𝗡𝗘𝗦 & 𝗣𝗥𝗘𝗙𝗘𝗥𝗘𝗡𝗖𝗘𝗦.Onde histórias criam vida. Descubra agora