A toca do leão

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 Penélope estava em cima de uma das carteiras à espera de seu primeiro período, ainda não entendia a grade curricular mas já havia desistido de sequer tentar. Encarou Josie no meio de suas pernas e cogitou sair correndo e passar o dia sem fazer nada, mas todos sabiam que a gêmea não toparia isso. Encarou MG e Lizzie e percebeu como eles estavam felizes, tão diferentes do ano passado.

 Ignorou Landon em um canto com Rafael e começou a se perguntar se ele e Hope ainda não tinham conversado, confuso, drama alheio, nem sabia do que se tratava a briga, nunca foi boa nesse quesito, mas estava na expectativa de que tudo se resolvesse, como em um conto de fadas, afinal de contas, era Hope e Landon, Landon e Hope, eles eram para ser, certo?

 Deu uma risada e passou os braços pela cintura de Josie querendo contato, antes, não entendia aqueles casais e até zombava de cada atitude, mas agora, estava sendo uma das pessoas mais hipócritas, entendia não querer ficar longe, querer beijar e tocar o tempo todo, como um click, as peças se encaixavam, encarou a porta, à espera do senhor que daria literatura, Sr. Coleman estava sempre atrasado.

- Quem é esse cara?- Penélope franziu a testa estranhando, aquele homem estava longe de ser o professor de literatura, o maxilar marcado e os cabelos castanhos o deixavam com a aparência de um adolescente, a camisa social e a calça bege deveriam buscar respeito e maturidade, mas, no fundo, parecia que sua mãe havia escolhido o conjunto para seu primeiro dia de trabalho.

- Eu não sei...- Josie começou a se afastar, indo em direção a sua carteira, que não ficava longe.

- Em seus lugares, por favor- Ele deixou a maleta sob a mesa e ajeitou os óculos entregando o nervosismo, amador, como um pedaço de bife em uma gaiola de tigres- Lugares!- Pronunciou mais firme dessa vez, os alunos foram com calma para os lugares, ainda estranhando tudo- Vocês devem estar se perguntando quem eu sou- Sorriu nervoso.

- Definitivamente não é Sr. Coleman- Penélope falou baixinho arrancando algumas risadas.

- Meu nome é...- O jovem virou para o quadro e começou a escrever, desajeitado e ignorando os agudos que eram causados pelo atrito entre o quadro e o giz- Sr. Moose- Exclamou, pelo menos ele tinha um nome de velho- Mas vocês podem me chamar de Phil- Apoiou-se na mesa tentando relaxar.

- Aonde está o Sr. Coleman?- Josie perguntou.

- Bom...- Engoliu em seco, desistiu da ideia de botões fechados e abriu a camisa levemente, mostrando a regata branca que usava por baixo, daquele jeito estava melhor, poderia pelo menos respirar- Sr. Coleman sofreu um acidente então eu estarei o substituindo- Levantou as mangas até o cotovelo suando, só ele estava sentindo aquele calor?- Vou continuar de onde ele parou, mas quero que saibam, minha sala de aula é um lugar seguro, e eu gosto muito das interações então não sintam medo- Sorriu confiante e ignorou os olhares sugestivos para cima dele.

- Quantos anos você tem, professor?- Melissa levou o lápis a boca flertando.

- 26- O jovem professor de acuou- Mais alguma pergunta?- Algumas mãos se levantaram- Não relacionadas a mim, por favor- Os braços abaixaram aos poucos- Dando continuidade... Pelo que eu vi Sr. Coleman parou...- Abaixou-se revirando os livros que havia trazido, tinha anotado em algum lugar.

- Realismo, naturalismo e regionalismo- Josie falou certeira, roubando as palavras da boca do professor.

- Certo... Isso... Muito obrigada...- Encarou-a curioso.

- Josette Saltzman- Sentiu o impacto que seu nome causava, como em todas as vezes.

- Saltzman... Certo, obrigada Srta. Saltzman- Voltou atenção para os livros, havia ensaiado várias vezes aquela aula em sua casa, era para ser perfeito- Dando continuidade- Encarou o livro mais uma vez buscando as palavras- À medida que a América sofria de dores crescentes, esses movimentos foram marcados por sentimentos de desilusão- Leu do livro, descaradamente- As questões familiares incluíam guetos das cidades em rápido crescimento, a Revolução Industrial e políticos corruptos- Continuou lendo ignorando que poderia fazer um trabalho muito melhor- Os autores concentraram-se na pintura de um cenário realista da vida cotidiana e das pessoas comuns, incluindo a cor local, ao mesmo tempo em que procuravam explicar o comportamento humano- Ele era péssimo.

Namoradas, apenas - Posie -Onde histórias criam vida. Descubra agora