2. Pedro e Linda

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2. 

Hoje não foi o dia mais interessante do mundo, embora meu amigo Pedro tenha vindo me visitar. Ele tem sido meu amigo mais próximo desde o final do ensino médio. Se mudou para a cidade ainda na metade do ano letivo, e foi parar na nossa sala, Linda (ainda vou falar dela) disse que deveríamos falar com ele, então fizemos o aquele trajeto de “olá, vi que está sozinho no intervalo”, ele iniciou papo dizendo que não entendia nada da aula de Geografia, eu apenas sorri e confirmei; já a Linda disse:

— Novato, ninguém entende, não se sinta especial. — Nós rimos e depois disso é história.

Pedro é um cara bonito, com seus 1,70 de altura, seu porte insuportavelmente atlético, cabelo loiro e olhos azuis, ele foi um prato cheio para minhas colegas de turma que não esperaram o primeiro trabalho para se atirar nele, o que gentilmente meu amigo resolveu fazer o trabalho comigo e Linda. Desde esse dia ficamos inseparáveis, e me apareceu várias solicitações de seguidores no Instagram e Facebook. 

Meu amigo chegou às nove da manhã, eu ainda estava dormindo quando ele gritou:

— Leo, acorda, eu trouxe o livro que você me pediu! 

Sim, além dele ser um cover de deus do olimpo, ainda é super inteligente e gosta de livros, embora tenha sua preferência em livros policiais e terror. Linda uma vez o convenceu a ler um romance, mas dias após ter conseguido terminar entregou o livro dizendo:

— Qual o sentido de ser romance quando o romance só acontece na página cem? O início é pura rasgação de seda. 

— Ninguém tem culpa se você seca seu cérebro com esses livros sangrentos. — Linda, respondeu pegando o livro.

Eu ri, ele também. Sugeri que ela pegasse um com ele, algo leve, sobre um crime que havia ocorrido no norte do país, ela aceitou; para encurtar, eles têm esse clubinho de livros até hoje. Sempre detonando o livro que o outro empresta, não tive interesse em participar.

Gosto de ler, a grande maioria dos gêneros me chama atenção, já li até fan fic, tenho que admitir que algumas são melhores que os próprios livros, filmes ou séries. 

Desci as escadas de pijama, o sol já estava alto com certeza não era cedo, mas não me dei o trabalho de verificar, apenas abri a porta.

— Bom dia, que horas são? — Perguntei, ainda sonolento.

— Nove e meia, bom dia. 

Saí da passagem e deixei que ele entrasse. Pedro estava com aquela cara de “preciso conversar”, então peguei o livro vi a capa de soslaio, colocando em cima da poltrona do meu pai.

— Vou fazer café. Você quer? — Ofereci. 

— Manda aí. 

Fui até a cafeteira, coloquei porções que nos serviam e procurei algumas torradas que minha mãe possa ter deixado pelo armário.

— Onde estão seus pais? — Pedro perguntou enquanto sentava em um banco próximo ao balcão.

— Não faço a menor ideia, devem ter ido fazer compras. 

Eu respondi ainda procurando algo, até que encontrei um pote de biscoitos e coloquei na mesa, catei na geladeira um pouco de queijo e duas ou três fatias de presunto. 

Pedro manteve o silêncio, até o café estar servido. Uma coisa que você tem que saber sobre mim, é que sou péssimo em conversas. Raramente falo, não que eu seja tímido o que não me considero, apenas curto o silêncio até demais e sou facilmente distraído. O que me transforma no que minha tia Giulia chama de “grosso, mal educado e insensível”. Sim, ela é irmã do meu pai.

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