Capítulo 11

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Eduarda

Hoje é um novo dia. Gabriel está presente em meus pensamentos de uma forma que nenhum outro garoto havia ficado. Hoje falarei com ele, não sei ao certo como irei abordá-lo, porém não irei estragar o que temos, seja lá o que temos, por uma lembrança ruim.

Agora são exatamente sete da matina. Levanto-me, vou direto ao banheiro e faço minha higiene pessoal. Já com a blusa do uniforme, uma calça jeans e um par de tênis, desço para tomar café, encontrando meu irmão, como de costume, sozinho mexendo em seu celular.

-Bom dia, lipe. -digo cumprimentando-o e logo depois beijo sua bochecha.

-Bom dia, pirralha. -ele responde levando uma xícara com café a boca.

-Mamãe está de plantão hoje? -pergunto servindo suco de laranja em um copo e pegando um pedaço de bolo, feito por Mariana.

Mariana foi contratada por nossa família há tempos, porém ela não é apenas uma empregada, ela é como uma avó para mim e Felipe, já que a mesma está conosco desde quando éramos crianças, sempre, de certa forma, cuidando de nosso lazer.

-Está. Inclusive, se apresse para não nos atrasarmos. -respondeu o meu irmão.

Termino de comer e já vamos pegando nossos materiais para irmos, porém antes de irmos, fomos ao jardim aonde Mariana regava as plantas.

-Já estamos indo, Mari. -digo chamando a atenção da mesma que vestia um lindo vestido azul bebê.

-Voltamos no almoço. -completa Felipe.

-Ok, crianças. Não se atrasem e tenham uma ótima aula. Amo vocês. -responde Mariana.

-Também lhe amamos. -respondemos, eu e Felipe, em uníssono, já nos direcionando ao portão.

O caminho até a escola foi tranquilo. Eu e Felipe, como de costume, conversamos o período todo. Como não costumo omitir nada ao Felipe, acabei lhe contando sobre Gabriel e sobre as lembranças, ele me escutou, e me abraçou, dizendo para eu fazer o que meu coração mandar.

Como nossas aulas começam apenas às 08h e havíamos chegado um pouco mais cedo, fiquei escutando músicas. Porém, enquanto eu estava ali com alguns poucos alunos, Gabriel adentra a sala e senta-se na fileira em que costuma sentar. Tomo coragem e resolvo ir falar com o mesmo.

-Gabriel? -chamo o mesmo que estava com a cabeça encostada na mesa, de costas para mim, vendo algo em seu celular. O mesmo vira-se para mim, ajeitando-se em sua cadeira, deixando o celular sobre a mesa e me encarando com uma expressão indecifrável. -Podemos conversar? -pergunto. Ele apenas faz uma confirmação com a cabeça. Sento-me em uma cadeira que estava na frente da dele, virando-me em sua direção. -Sobre o que aconteceu, você não fez nada de errado, o pro...

-O problema não é você, sou eu. você iria falar isso, Eduarda? -ele me interrompe. -Se sim, tudo bem. Eu entendo, mas por favor, mantenha distância de mim, acho que esse é o melhor para nós dois. Sou grato por você ter me ajudado, pode ter certeza disso. -completa levantando de sua cadeira. -Todavia, aquele beijo, como você mesma disse, foi um erro, então a partir daqui, cada um segue seu caminho. Agora se me permite, vou pegar um livro na biblioteca antes da aula começar. Com licença. -ele diz, logo depois faz seu caminho até a porta, sem olhar para trás, deixando-me ali, confusa com o que acabara de acontecer.

É Eduarda, acho que aquele beijo não teve o mesmo significado para Gabriel. Realmente foi um erro, um grande erro...

Gabriel

Saio da sala com meu coração acelerado em meu peito. Talvez essa tenha sido a melhor solução, afinal Eduarda mesma disse que era um erro, e tudo que menos quero no momento são problemas emocionais, já basta ter apenas um. Estou andando pelos corredores quando vejo Rafael e Lucas chegando, logo atrás vejo Rafaela. Os dois me avistam e andam em minha direção, eu dobro ao corredor que dá acesso ao meu lugar de paz, ignorando-os. Talvez eu deva espairecer minhas ideias antes de encará-los.

Eduarda não sabe o poder que suas palavras têm sobre mim, ela não sabe o quanto eu estou tentando negar meus sentimentos por ela, mas infelizmente não consigo mais e isso só piora as coisas. Me apaixonar por Eduarda não estava em meus planos, mas parece que o destino gosta de me pregar peças. Eu só queria meu pai nesse momento, queria um conselho dele, um abraço... por que tudo tem que ser tão complicado?

Apenas 16 anosOnde histórias criam vida. Descubra agora