Capítulo 9

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Gabriel

Um beijo.

Eduarda estava com os seus dedos percorrendo em minha nuca enquanto eu segurava em sua cintura. Paramos o beijo ofegantes com o que acabara de acontecer. Com nossas testas encostadas, eu podia sentir o doce aroma do seu perfume. Por mim, ficaríamos assim. Eu sentindo seu cheiro e observando seus olhos. Porém, acho que ela não pensava desse jeito, pois enquanto eu estava totalmente hipnotizado ela começou a se afastar. Olhei para ela que estava tentando processar o que aconteceu, então Eduarda quebra o silêncio com uma simples frase que pôde destruir todo sentimento positivo que existiu ali.

-Isso foi um erro. -então foi embora, correndo sobre a grama. Sem olhar para trás...

Ela não gostou? Ela ainda não gosta de mim? E nossa aproximação? Eu realmente achei que estávamos nos aproximando, achei que poderíamos ser amigos...

"Isso foi um erro"

Essa frase se repetia em minha cabeça. Eu acho que confundi as coisas. Eduarda estava apenas me ajudando com os estudos, nada mais que isso. Porém confesso, que aquele beijo significou muito para mim, sei que minha fama em relação as garotas, diz que eu apenas "fico" com elas, sem sentimentos nenhum, todavia Eduarda era diferente. Aquilo tinha sentimento, e isso me destruiu, pois não foi recíproco.

Eduarda

Gabriel fez o que talvez eu quisesse fazer a tempos, porém não tinha coragem. Sei que vocês devem estar se perguntando o porquê de eu ter dito que o beijo foi um erro, mas essas coisas me assustam. Antes de beijar Gabriel eu já tinha feito isso com outros garotos, mas essa sensação mudou quando traumas foram criados em mim.

Minha mãe como médica, não ficava muito em casa então sempre meu pai fazia companhia para mim e para meu irmão, porém meu irmão saía algumas vezes, fazendo-me ficar sozinha com meu pai. No início era bom, até ele começar a beber sem que minha mãe e meu irmão soubessem. Aquilo me assustava. Ele chegava tarde em casa e eu passei a ficar amedrontada e trancava-me em meu quarto.
Em uma noite eu já havia me recolhido quando alguém começou a bater ferozmente na porta de meu quarto. Eu perguntava quem era, entretanto a pessoa apenas continuava batendo, até o momento em que finalmente parou, todavia parou para um ato maior. A pessoa que estava ali era meu pai. Ele arrombou a porta e assim teve acesso ao meu quarto, adentrando no mesmo.

-Por que você trancou a porta? -ele perguntava bêbado, totalmente fora de si.

-Apenas queria mais privacidade, nada além disso. -eu respondia levantando da cama e recuando. Ele porém, se aproximava cada vez mais, fazendo com que em um certo momento minhas costas tocassem a parede.

-Está com medo, filha? -ele perguntava aproximando-se cada vez mais. -Não precisa temer, só irei mostrar-lhe um pouco sobre a vida adulta. -completava, passando seu polegar pela minha bochecha, fazendo-me recuar de seu toque.

-Quem você se tornou, pai? -eu perguntava com os olhos marejados -Como você foi ficar assim? -nesse momento as lágrimas já haviam sido liberadas.

-Eu amo você, Eduarda. -ele disse apenas isso e logo depois beijou meu pescoço, e como se fosse um movimento automático, eu tentava sair dali. Porém ele segurava com suas mãos em meus pulsos forçando-me a receber seu toque.

Ele começou a distribuir beijos por todo meu pescoço, logo depois os depositava em minhas bochechas. Naquela altura, eu já estava destruída por dentro. Como não havia o que fazer, eu apenas chorava, pois quando eu gritava, ele forçava-me a beijá-lo, sentindo o sabor do álcool presente em seus lábios. Meus sentimentos já estavam destruídos, e muito pior... isso era culpa de meu próprio pai, a pessoa que deveria me proteger, ao menos é isso que os pais normais fazem...

Oi, pessoal! Nesse capítulo vocês terão a primeira parte explicando a história de Eduarda e seu pai. Resolvi dividir em dois capítulos para não ficar tão cansativo. Espero que tenham gostado. Se gostaram, votem e deixem suas críticas, elogios ou alguma ideia nos comentários. Bjsss ♥️

Apenas 16 anosOnde histórias criam vida. Descubra agora