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Meredith PoV

O Andrew foi levado pra uma bateria de exames, Amélia foi ver se tem alguma coisa errada, eu não consigo acalmar as batidas errantes do meu coração, isso não pode estar acontecendo, ele não pode ter esquecido de tudo, eu sento no sofá e minha cabeça está a mil, vários pensamentos voam em todas as direções na minha cabeça

E se ele não lembrar?

Como eu vou contar pra ele sobre a Luna... de novo?

Nós teremos que passar por tudo aquilo mais uma vez e eu não sei se eu suportarei o desprezo e frieza do Andrew, de novo

E a família dele? Como eu vou explicar pra eles que o Andrew escondeu um tumor e que veio pra Seattle fazer uma cirurgia porquê nós tivemos uma filha que eu escondi dele, junto com tudo isso, ainda tenho que contar que ele não lembra de nada disso, tudo isso é inacreditável.

Eu nem sei o que o Andrew fez nesses sete anos, sei que ele se formou, tem vários restaurantes, é um chef importante na Itália, mas é só isso, droga, eu preciso ligar pra tal Vicky, ela vai saber muito mais que eu e isso dói mais do que eu pensei.

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A Amélia entra no quarto, eu não gostei do quanto ela pareceu séria, eu levanto

- Só fala, tá?

Eu peço

- A tomografia tá limpa, Mer, nada explica a essa perda de memória fora o alto estresse que o cérebro sofre em uma cirurgia, ele já estava convivendo com o tumor há algum tempo e é como se tivesse retirado algo importante, o cérebro precisa de um tempo pra se acostumar e se recuperar totalmente

- Então, ele vai lembrar?

- Tudo indica que sim

- Você não tem certeza, né?

- Eu não posso te dar total garantia disso, ele pode acordar amanhã e lembrar de tudo mas também pode demorar meses

Eu suspiro

- É o que eu faço enquanto isso?

- Só espera, Mer, você não pode contar nada pra ele agora, ainda bem que ele lembra de você, seria pior se ele acordasse e não reconhecesse ninguém, então só fica por perto

Eu solto o ar devagar

- Tá bom, obrigada

Ela segura minha mão

- Ele vai ficar aqui uma semana mas a gente pode rever isso mais pra frente, tá?

- Claro

- Vamos acreditar que vai ficar tudo bem

Eu não gosto desse tom de voz que ela usou, eu sei disso porquê eu uso o mesmo tom de voz pra falar com a família dos pacientes, mas antes que eu diga alguma coisa, os residentes voltam com o Andrew na maca, ele já está sentado, ainda que apoiado na maca e parece assustado, mas sorri quando me vê, passam ele pra outra cama e saem, Amélia e eu nos aproximamos

- Oi

Eu digo e ele segura minha mão com força

- Eu não faço ideia de onde eu estou, Mer

Eu engulo em seco, o desespero é nítido na voz dele, eu nem consigo imaginar qual a sensação de não saber o que aconteceu com a própria vida

- Vai ficar tudo bem, tá?

Ele se encosta em mim e deita no meu peito, eu passo a mão no cabelo dele e olho pra Amélia

- Você deve ter algumas perguntas, Andrew

Uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora