Secret Love Song | jikook

It's obvious you're meant for me

JUNGKOOK

A primeira vez que Park Jimin me viu ele usava uma blusa fina e listrada de preto e branco, sentado ao lado de seu primo Taehyung como sempre, enquanto saboreava seu suco de maçã. Os fios claros as vezes caíam em seus olhos de modo a levá-lo a fazer movimentos elegantes sem ao menos perceber que os jogava para trás. Mas eu percebia e nem mesmo me perguntava o porquê. Ele também usava um jeans claro que contornava suas curvas maravilhosas de maneira a acentuá-las e eu sabia disso mesmo que ele estivesse sentado.

Porque não era a primeira vez que ele a usava na escola e não era a primeira vez que eu reparava nele.

Certo, talvez eu esteja narrando isso errado.

Diferente dele, eu não tenho nenhum acontecimento trágico e determinante para narrar. Eu tinha uma vida boa em Busan antes de nos mudarmos para a capital por conta do emprego do meu pai. Cresci com pais amorosos que tinham uma história de vida como a de um conto de fadas e me faziam viver como se estivesse em um também, junto deles. E se você tem alguma dúvida, eu provo para você.

O sonho do meu pai sempre foi ser militar. E de maneira indireta, foi isso que o fez conhecer minha mãe. Fato que me faz achar que vivo em um conto de fadas parte um: eu tenho uma mãe assumidamente bissexual. Fala sério, quantos garotos da minha idade podem falar isso? Minha mãe é uma heroína por ter vivido na época que viveu sendo taxada e excluída, engolindo o preconceito da maneira mais amarga por nunca ter aceitado ter que se esconder e foi assim que ela me criou. Mas eu estou divagando e vocês devem estar se perguntando o que essa informação tem de relevante para a história, então vamos para o fato de vivermos um conto de fadas parte dois: na realidade, minha mãe estava apaixonada era pela irmã do meu pai! Sim, a mulher que hoje é a tia mais legal do mundo quase foi fisgada pela minha mãe, o que só não aconteceu por um detalhezinho de nada: tia Sooyoung era irredutivelmente hétero. Pena para ela, minha mãe era um partidão.

Voltando – mais uma vez.

Mamãe trabalhava em uma lanchonete no turno da noite e tia Sooyoung sempre passava por lá antes ou depois da faculdade e elas acabaram virando amigas – e crush platônica – dessa forma. Minha mãe não ligava muito para o tal irmão que conseguira entrar para a Marinha, ela gostava era de ouvir a tia falar. Mas então o belo Jeon Soojoon resolveu fazer uma visita para a irmã mais nova antes de partir para seus quinze dias embarcado e foi quando todos os planos dos dois começaram a dar errado. A primeira coisa que Sooyoung fez ao saber que meu pai estava na cidade foi levá-lo até a lanchonete onde minha mãe trabalhava e, para papai, foi amor à primeira vista. Já para mamãe, ela tinha que admitir que a genética dos Jeon era poderosíssima. Os três conversaram durante aquela noite de despedida e para a surpresa de minha mãe, quando o homem charmoso educadamente apertou sua mão, também deixou um papel com um número para o qual ela poderia ligar em determinado horário de determinado dia para falar com ele.

É claro que mamãe não ligou, não era por ele que ela estava apaixonada. Mas papai foi insistente, ele nunca desistiu dela. Quando os quinze dias embarcado terminaram, ele foi visitar tia Sooyoung mais uma vez e eles jantaram na mesma lanchonete simples onde Lee Junghwa – também conhecida como mamãe – trabalhava. Ela lançou olhares desconfiados para ele a noite toda e quando tia Sooyoung já esperava do lado de fora, meu pai descaradamente cantou minha mãe, de uma maneira tão ruim que a fez rir. E então tudo mudou. Por que na mesma semana que meu pai embarcou para mais quinze dias em alto mar, tia Sooyoung apareceu na lanchonete com o mais novo namorado. E mamãe ganhou o primeiro coração partido. Ela conta que chorou como as mocinhas que ela odiava nos filmes machistas, mas só então ela entendeu o que elas sentiam pelos amados. Vergonhosamente, ela estava bêbada na primeira vez que ligou para meu pai. E foi assim que ele descobriu sobre o triângulo amoroso que, sem querer, agora fazia parte.