Why can't we be like that?

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JUNGKOOK


 Não estava exatamente frio para que justificasse o meu uso do velho gorro vermelho. O clima era ameno, quase tendencioso para o calor do verão, enquanto eu batia minhas botas a caminho do ginásio onde a primeira reunião dos voluntários se daria. Cadeiras dobráveis foram preparadas de maneira a formar um círculo e mais voluntários do que eu achei que haveria se juntavam aos membros da comissão organizadora, que se destacavam dos demais por suas camisas polo azul marinho com gola amarela. Estava quente para usar esse tipo de tecido, o que também significava que estava quente para eu estar usando um gorro. E a verdade vergonhosa é que eu não fazia isso em nome do estilo, tendência ou alguma rebeldia sem causa.

 Meu motivo era o nítido interesse de Park Jimin nesse acessório em específico.

 É, pode não parecer um motivo muito válido para quem lê, mas para mim – o assumidamente babão naquele loirinho de nariz delicado – perceber que a primeira vez que ele me lançou alguma atenção foi, aparentemente, por causa desse gorro fez dele o acessório mais valioso dentro do meu guarda-roupa. Não é vergonha alguma para mim admitir que quero impressionar Jimin.

 Enquanto os lugares vão sendo ocupados, eu tento me distrair rolando o feed de algumas redes sociais pelo meu celular, mas um incômodo na boca do estômago faz meu coração ansioso começar a duvidar se aquilo fora uma boa ideia. E se Jimin não aparecesse? Com todo o respeito à comissão, eu não tinha lá muita vontade de ser voluntário sozinho. Como se lesse meus pensamentos, ao roubar um olhar para o corredor que levava até a porta larga onde eu estava parado, vi a figura diminuta e apressada correndo enquanto fechava a mochila e quase passava por mim sem notar minha presença.

 – Jungkook – ele exclamou esbaforido quando me notou. O converse amarelo abraçava o calcanhar pálido que era visto pela barra da calça jeans dobrada. Jimin também usava uma camisa branca e suspensórios e sim, eu o analisei da cabeça aos pés enquanto ele recuperava o fôlego – Eu precisava... Devolver um livro... A fila... Grande.

 Eu sorri e neguei com a cabeça. Ele não precisava me dar satisfações, mas era fofo vê-lo tentando se explicar enquanto recuperava o fôlego e passava os dedos pelos fios.

 – Está tudo bem – foi o que eu disse antes de começar a andar em direção aos outros voluntários, dando a entender que Jimin me acompanhasse – Vamos sentar?

 Jimin caminhou com o cenho franzido olhando do grupo para mim enquanto nos aproximávamos.

 – Por que estava de pé na porta? – questionou. E eu gostaria de fazer um comentário aqui.

 Existem muitas coisas – muitas mesmo – para se admirar em Jimin, mas uma das mais absurdas é o quanto ele se comunica com o corpo inteiro. Como agora: suas sobrancelhas tinham caído um pouco nas pontas e os olhos aberto um pouco mais, os lábios eram um bico curioso assim como o tom de voz manso. Reparar em tudo isso fazia um calorzinho gostoso bagunçar meu peito, porque Jimin era todo adorável mesmo que não fizesse esforço algum para isso.

 – Estava te esperando – respondi simplesmente, quase alcançando as cadeiras. Ele sorriu bonito antes de virar um sorriso arteiro.

 – Podia ter me esperado sentado. Ou você estava pensando em fugir caso eu não aparecesse?

 Era legal ver que ele não gaguejava mais para falar comigo. Por mais que isso tenha massageado um pouco meu ego, tê-lo se soltando aos poucos enquanto nos sentávamos fazia parecer que ele estava me incluindo em sua vida, eu gostava da naturalidade com que agíamos um com o outro. Dessa forma, dei de ombros enquanto sorria e ele arqueou as sobrancelhas.

Secret Love Song | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora