We got a love that is homeless

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JIMIN

Jungkook não era como os outros poucos garotos com quem me arrisquei a trocar uns beijos nas salas desocupadas, nas cabines do banheiro ou no depósito apertado do zelador. Ele fazia parecer que construíamos algo especial mesmo que só conversássemos há duas semanas. Ele sempre me esperava com uma caixinha de suco de maçã nas reuniões com a comissão por saber que eu agora falava demais e sempre tinha sede. E ele sempre me chamava para tomar sorvete depois do horário.

E eu ia. Mesmo temendo olhares que pudessem levar nosso envolvimento até meu pai, mesmo olhando por cima dos ombros procurando por algum curioso, eu nunca consegui falar não para Jungkook. Nunca consegui negar o que ele me causava, pois adorava sentir.

Era um dia comum aquele treze de maio. Estávamos visitando o sítio onde queríamos realizar o que agora chamávamos de Festival de Verão. Tudo era lindo, desde as piscinas na parte baixa do terreno até à mansão elegante onde planejávamos dar o baile quando a noite caísse. Eles nos ofereciam diversas opções como adicionar uma máquina de espuma ou brinquedos de pontaria que quando o alvo era acertado fazia o participante cair na água. Eu me deslumbrava com tudo, mas o que realmente me fez sobressaltar entre as paredes da bela casa foi sentir os dedos de Jungkook timidamente tentarem alcançar os meus.

O olhei surpreso e ele me olhava quase constrangido. Perplexo, deixei que ele deslizasse vagarosamente as falanges até ter algumas delas entrelaçadas nas minhas e foi só aí que senti meu corpo tencionar, quase dando um passo para trás e sendo impedido por ele.

- Kookie... - duas semanas de conversas infinitas e flertes leves me deram a intimidade para apelidá-lo. Eu não queria que desfizéssemos o contato das mãos, eu não queria que a energia que balançava meu estômago e esquentava meu corpo inteiro se dissipasse. Mas ter medo de ser flagrado era parte de mim.

- Ninguém está olhando, Ji - é, eu também ganhara um apelido. Jungkook queria um que não fosse usado por meus pais ou por Taehyung, ele queria ser exclusivo. Por isso toda vez que ele me chamava assim eu me balançava todinho, era algo só nosso - É só ficarmos para trás.

Eu ainda o olhei receoso, mas meus pés estavam estagnados no chão, deixando que todos passassem por nós para enfim retribuir o enlaçar dos dedos. E o sorriso de Jungkook foi tão grande e vitorioso que me fez sorrir também, tudo valia a pena por isso. Caminhamos quietos um pouco mais afastados dos outros e as explicações de tudo o que era oferecido por eles não me pareciam mais importantet. O que minha mente passava incessantemente eram os esforços de Jungkook para estar ao meu lado.

Eu sabia que ele era um espírito livre como Taehyung, que andar de mãos dadas com outro menino não era nada demais para ele. Mas ele nunca impôs isso a mim. Jungkook sempre pensava em maneiras de me deixar mais confortável com nossa situação, nunca avançou nenhum dos limites que eu inconscientemente impunha a nós dois e isso me fez acariciar seus dedos sem perceber. Ele era precioso e deixava cada vez mais difícil a tarefa de não aprofundar meus sentimentos por ele. Eu já havia me acostumado com nossos momentos roubados.

Ao menos percebi quando começamos a subir escadas amplas que desbocaram em um terraço cercado com parapeito de madeira. A visão do entardecer me fez arfar encantado enquanto a guia explicava que poderíamos fazer o baile tanto ali quanto no salão do térreo, era nossa escolha. Jungkook não dava muitas opiniões, ele na verdade nem precisava estar aqui. Na distribuição de tarefas, ele ficou com o trabalho braçal para ajudar na ornamentação no dia do evento, mas me acompanhar enquanto eu ajudava na parte burocrática nos dava mais tempo juntos, então ele sempre vinha. Meu coração errou mais uma batida e eu me aproximei um passo dele.

Sem muito mais o que mostrar no terraço, a guia deu meia volta e os alunos começaram a descer as escadas. Mas Jungkook impediu meus movimentos ao travar os dedos nos meus. O olhei confuso e ele pareceu ansioso, engolindo em seco enquanto esperávamos que partissem sem notar que nos deixavam para trás.

Secret Love Song | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora