Seja "Bem vinda"

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Todos aqueles seres horríveis olharam para cima, diretamente para mim... abrindo aos poucos sorrisos largos e medonhos. E Então começaram a acenar para mim e chamarem pelo meu nome, faziam gestos para eu descer alí em baixo...
Apesar de absolutamente confusa eu me sentia um tanto aliviada, aquilo me transmitia uma espécie de reconforto, porém não queria baixar a guarda... Mas precisava de informações, ajuda, comida e...minha...mão?!

Nesse momento percebi que minha mão já não era a mesma, estava curada, completamente cicatrizada mas inteiramente coberta por uma pelagem branca, assim como meu rosto e outras partes do meu corpo, um pelo macio e espeço... "Pula logo" - ouvi de lá de baixo. Ponderei a idéia mas logo desisti, era uma altura considerável, podia me machucar seriamente... eu olhei novamente para as minhas mãos, olhei para aqueles bichos, meu coração acelerou, respirei fundo e comecei a sentir um formigamento nos meus pés e quando dei por mim já estava lá dentro! Mas como? Eu havia simplesmente pulado! Sim, e não sofri nenhum arranhão, a queda foi sutil... Agora estava alí rodeada por eles...

Seres humanos com feições de animais, era como um zoológico bizarro com animais detestáveis...E só Deus sabe o quanto eu odiava animais do tipo... rodeores e bichos imundos que eu evitava a todo custo na minha antiga vida normal, como ratos, marmotas, esquilos, gambás e...coelhos...
Mas eu seria simpática, não demonstraria hostilidade ou nojo, deixaria eles falarem primeiramente, só queria mesmo respostas para conhecer um jeito de escapar daquele mundo e me tornar humana novamente.
Será que eu estaria mesmo morta? Eu não me lembrava de absolutamente nada.

Depois de me certificar que eu estava "bem" após a queda, olhei ao redor e todas as criaturas me encaravam. Então perguntei em uma posição de guarda:

-Quem são vocês?

Alguns pareciam sorrir, outros pareciam tímidos... Ouve um silêncio, eu comecei a ficar assustada, até que de repente me surpeenderan com um baita susto! Todas as criaturas começaram uma algazarra e pularam soltando gritos de animação, me evolveram em um abraço grupal e depois me cumprimentaram um a um, com desejos de boas vindas.
Eu estava tão confusa e tímida, mas resolvi insistir na pergunta.

-Bem vinda a onde? Quem são vocês?
E então eles riram e um deles me respondeu:

-Bem vinda ao seu novo lar, você é uma de nós agora, esperamos por você há anos, somos seus amigos, ora...

- Me desculpem, mas eu não conheço nenhum de vocês... Eu preciso saber como sair desse lugar e como virei isso aqui...

-Você morreu Leila... veio parar aqui pelo mesmo motivo que todos nós. Você de algum modo também sabe que isso é uma penitência, não?

Disse uma menina-raposa saindo de um canto escuro, vindo em minha direção lentamente e abrindo espaço entre os outros com uma expressão apática... notei que ela foi a única que não me comprimentara e que ficara quieta na hora da comemoração de boas vindas... Mas também notei o quanto era linda, mesmo com a feição de animal, seus olhos eram alongados em diagonal e perfeitamente delineados de ponta a ponta, brilhavam como um âmbar dourado e seu pelo era avermelhado
e cintilante. Estranhamente era uma criatura encantadora.

Eu dei alguns passos para traz e a respondi:

-A última lembrança que tenho talvez tenha sido da minha própria morte ou cai em um sono pesado,  devo ter tido outra overdose... Isso só pode ser uma alucinação... Então não sei mesmo que lugar é esse.

-Voce morreu envenenada com seu próprio veneno. Sentindo o gosto de uma satisfação que provinha de algo horrível...

-Quem é você? Você não sabe nada sobre mim.

-Sei do ódio que alimentava por um certo alguém que se foi e você se vangloriou, dançando em seu túmulo.

-O quê? Não sei do que está falando, se não pode me ajudar não fale do que não sabe.

-Eu sei Leila, posso sentir o cheiro de tudo isso em você... a culpa é toda sua, inteiramente sua. E você me...

Eu me virei deixando a falar sozinha, tentando ignora-la e quando espiei ela já havia se escapulido para um canto escuro novamente. Eu não fazia ideia do que ela estava falando e nem queria.

Vingança no inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora