Eu tinha quinze anos, era uma excursão da escola para um fim de semana em um sítio-clube.
Fui por insistência da minha mãe, que esperava que eu me divertisse um pouco...
Eu não tinha vontade nenhuma de ir, pois não tinha amigos na escola e sabia que lá eu ficaria sozinha.O passeio estava um porre, como eu imaginei. Queria sumir.
Era domingo de manhã, o último dia lá, graças a Deus, mas até a hora de irmos embora seria tediante, pensei chateada olhando ao redor...
Todos tomavam café da manhã e decidi sair escondida para explorar o sítio, sem ser notada escapei e sai andando pela zona proibida...
Eu caminhei e caminhei pela grama e a terra até me deparar com espécie de tenda... era um coreto! todo de madeira, e tão espaçoso, e dentro dele haviam poltronas acolchoadas postas em um dos cantos, e uma mesa baixa. A vista era encantadora, o clima estava bom, era perfeito.
Decidi que ficaria alí relaxando por um tempo, então me acomodei alí. Coloquei meus fones de ouvido, peguei meu estojo com lápis de cor e minha caixa de giz de cera, um caderno e comecei a desenhar cantando baixinho.
Eu era tão excluída, a esquisita, mas talvez eu gostasse de me isolar.Pensava que queria ser como Elize, uma garota da escola, popular e engraçada, se dava bem com todos.
E tinha o Dani, um garoto lindo que eu era afim mas que Elize tinha aos seus pés assim como todos os outros garotos da escola.Elize nunca me fez nada demais... Mas ela me observava na escola e às vezes a ouvia rindo e cochichando com as amigas e eu odiava isso, pareceu que uma vez ela disse "patética" entre os cochichos...
E ela deve ter percebido que eu gostava do Dani pelo modo que eu o encarava e podia jurar que depois de abraça-lo ela olhava para mim com um olhar um tanto sádico. Seria coisa da minha cabeça? Pois eu não a conhecia e vice e versa então por que ela faria isso?Às vezes alguém pedia para ver meu caderno de desenhos e puxava assunto mas era só, eu não conseguia fazer amigos, eu era muito tímida e insegura.
Voltando ao meu momento no sítio, eu parei para olhar ao meu redor e notei ao longe um casal...eles pareciam brigar, gesticulando muito, estreitei os olhos e percebi que era Elize e Dani.
De repente ele se virou e saiu andando a passos largos até sumir de vista, e depois ela fez o mesmo só que em direção contrária.Indiferente eu a observei andar em linha reta, em direção as árvores... sentimento que foi se transformando em desgosto e depois raiva ao lembrar das coisas que ela fazia e de minha estranha paranóia envolvendo ela e suas amiguinhas.
A fitando de longe, fui surpreendida por algo aterrador... Subitamente a figura da garota foi puxada para baixo. Puxada?! Foi em um instante, mal pude completar minha respiração, foi em uma troca de um tom da música que eu ouvia para outro.
Constatei que ela devia ter caído em uma espécie de buraco no chão...esperei e maldita reaparecer, mas nada...Eu não podia acreditar no que eu acabara de presenciar e menos ainda na minha estranha reação... Eu fiquei num estado de choque (quase) total.
Eu não gritei, não me levantei e continuei onde eu estava. Peguei o giz vermelho e terminei de colorir a pelagem escura de uma pequena raposa ao lado de um coelho branco com um sorriso sinistro, então sorri, tentando imita-lo.Deve ter passado quase uns trinta minutos, eu até terminei meu desenho tranquilamente.
Nesse momento senti meu corpo inteiro formigar, eu estava tremendo muito despercebidamente mas me contive, arrumei delicadamente minhas coisas na bolsa, me levantei, me apoiei no murinho do coreto e respirei o ar puro daquele lindo lugar mais uma vez, contemplando o ambiente e pedindo a Deus em pensamento que ninguém tivesse a idéia de ir alí tão cedo...e depois saí andando, de volta para o clube.Ignorando o som de um possível grito na pausa entre trocas de música, apertei mais os fones nos meus ouvido e aumentei o volume. Deve ser alguma criatura do sítio, eu me convenci, me distanciando cada vez mais do local.
Mas durante o caminho, no fundo da minha mente eu me perguntava o porquê de estar agindo daquela forma robótica...
Eu estava com o coração acelerado mas não conseguia parar de andar, era como uma loucura que me impedia de fazer o que eu deveria ter feito...
Estaria eu com medo e traumatizada demais para fazer algo ou seria eu uma completa maluca psicopata?
Mas outro pensamento me dizia que eu mesma não havia feito nada, e eu condordava, pois sim, exatamente nada!
Além do mais eu não era invisível? Então ia agir como se nunca estivesse estado naquele lugar, nem visto ou ouvido nada, e claro, continuar calada como sempre fui e ninguém se importava...(música de invejosa sádica)
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Vingança no inferno
KurzgeschichtenApós sua morte, Leila renasce como uma estranha criatura em um submundo de outras criaturas bizarras. Ela tenta achar um modo de sair de lá e pode ter a chance de descobrir como chegou alí e de se redimir pelo seu pior pecado. "O crime perfeito tamb...