Iluminada

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Nesse momento notei que minhas mãos haviam voltado ao normal, sorri com confiança,e continuei, estava dando certo, eu sentia essa certeza.
Ouvia Liz gritar e grunhir com ódio mas eu não quis olhar para trás. Continuei a cavar até que um pedaço de terra caiu se desfazendo sobre meus pés, que também voltaram ao normal. Pés humanos, pensei comigo.

Quando finalmente abri uma fenda grande na qual eu finalmente pudesse passar, o que eu via era pura luz saindo dalí.
Eu ia passar, não sei onde ia dar mas talvez finalmente estaria voltando para casa, ou talvez estivesse indo para um lugar melhor... Mas algo me fez olhar para trás.

Liz, o que houve com ela? Pensei.
Diretamente meus olhos foram de encontro aos dela, ela me encarava friamente, no mesmo lugar, paralisada.

Ela estava em sua forma humana novamente. Mais bela e jovem do que eu lembrava.

Se arrependimento matasse ... bom, de certa forma me matou, ponderei...
Naquele momento eu finalmente me senti culpada de verdade, sem egoísmo oculto, me senti o pior monstro que já habitara a Terra...
Eu senti alí...que eu precisava me redimir.

E então estiquei o braço em sua direção.

-Venha comigo Liz, vamos sair desse lugar! Talvez você precise achar paz no paraíso, então vamos juntas... Me perdoe por favor...

Elize não me respondia, a expressão em sua face se tornou um misto de dor, medo e depios de angustia e então raiva. Aquilo dilacerou meu coração.
Liz deu alguns passos para trás, de costas, ainda me encarando, até sumir na escuridão.

Como uma súplica eu disse em um suspiro abafado, já sem forças...:

-Liz! Elize... perdão...

Depois de alguns segundos olhando para a imensidão escura eu me virei para a luz e  segui, sentindo lágrimas inundarem meus olhos.

A luz era forte demais, machucava minha visão... então fechei meus olhos.
Devagar senti meu corpo levitar e se mover fazendo com que eu ficasse na horizontal, suspensa no ar. Depois de alguns segundos meu corpo começou a descer aos poucos até que minhas costas tocaram em algo macio e quente.
Fui abrindo lentamente os olhos me sentindo exausta... Eu acordei.

Acordei? Me levantei de súbito assustada e mulheres de branco me seguraram.

-Opa, calma mocinha! (Uma delas disse)

-Acordou!!! Eu sabia, os batimentos ficaram acelerados. Rápido chame o médico! (A outra disse, em tom eufórico)

Eram enfermeiras... médico?

Enquanto a outra saiu, a enfermeira me deitou de volta na cama com cuidado e colocou de volta em mim aqueles fios e um tubinho de soro que eu arrebentara... Confusa demais eu perguntei:

- O que aconteceu? Por que estou no hospital?

- Você ficou em coma garota, por dois dias, depois de tentar se matar, esqueceu?
(Respondeu ela em um tom sarcástico.)

Eu levei minha mão a cabeça e disse atordoada:

- Eu estive no inferno, com o diabo e seus demônios...

Depois de uma pausa silenciosa ela respondeu ajeitando o lençol descartável nas beiradas da minha cama:

- Olha eu não duvido, suicídio é um crime contra as leis divinas, um pecado imperdoável...
Está a salvo por um milagre, Deus gosta de você, ou talvez não fosse sua hora, com certeza quer você se concilie com Ele e...

Era só o que faltava, em enfermeira crente e chata... (Pensei nervosa) e a Enterrompi:

-Quem me trouxe?

- ...An? Quer vê-la? Vou chama-la.

Eu sabia, era minha mãe.
Quando ela entrou no quarto correu, se jogou em cima de mim e me abraçou chorando. Eu sorri com dificuldade, minha cabeça ainda doía.

-Filha... Eu orei tanto por você... você está viva! Achei que fosse te perder...

Eu não sabia o que dizer, estava com vergonha e com raiva de mim mesma...

Nesse momento o médico entrou e minha mãe se levantou, tentando se recompor um pouco.
Ele conversou com a gente mas não dei muita atenção. Só ouvi que eu precisava voltar com o acompanhamento psiquiátrico e tomar meus remédios controlados, que precisaria de apoio e supervisão e blá blá blá...
Minha mãe só acentia a tudo com a cabeça. Só ouvi com mais entusiasmo que eu iria receber alta ainda àquela tarde.
Ainda bem... tinha assuntos pendentes a serem resolvidos.

*Viagem de volta para casa, no taxi*

-...Filha, eu simplesmente senti que você precisava de mim, então sai mais cedo do trabalho com um aperto no peito... E assim que cheguei vi você no chão, vi as garrafas vazias e aquelas cartelas de remédios. Não sei de onde tirei forças...mas percebi que você ainda estava respirando... Levei você para hospital, graças a Deus, a tempo. 

-Realmente mãe, me perdoe por tudo... Se não fosse por você eu estaria morta! Te faria sofrer! Me perdoe, por favor... Eu não sei como...

- Shhh...Querida, a culpa não foi sua, você está doente, eu deveria ter dado mais atenção a isso. Já passou, vamos recomeçar ... Agora descanse.

Ela deitou minha cabeça em seu ombro e ficamos em silêncio até em casa.
Eu olhava as árvores passando e sentia o calor que provinha de todo aconchego, compreensão e amor que ela transmitia para mim, e alí me senti viva de verdade, e também aliviada... Eu havia renascido.

Continua...

(Estou um pouco ocupada, mas um dia termino)

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2021 ⏰

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