Dois

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"Tudo que eu quero
E tudo que eu preciso
É encontrar alguém
Vou encontrar alguém"

All I Want- Kodaline

  Corri para perto do motoqueiro ainda assustada pedindo aos céus que ele estivesse vivo, sua calça estava rasgada abaixo do joelho onde da pele conseguia ver a vermelhidão do sangue, o alívio foi instantâneo quando ele conseguiu se sentar na calçada.

— Você tá bem? Quer que eu chame uma ambulância? Ou a polícia? — Falava nervosamente tirando o celular do bolso, nunca presenciei um acidente antes então não sabia muito bem como agir, as minhas mãos tremiam tanto que mal conseguia desbloquear.

— Não precisa —Respondeu tranquilo, tirei os olhos da tela iluminada o vendo já sem o capacete, deixando o cabelo suavemente ondulado e preto a mostra, aparentemente parecia ter a mesma idade dos garotos da faculdade.

— Acho melhor você não levantar—Tentei impedi-lo, porém já era tarde, ele ficou de pé e andou mancando até a moto. Fazendo força para a levantar, do outro lado ajudei como pude, com a força que eu pouco tinha, quando conseguimos, o garoto suspirou desapontado.

—O que precisar arrumar eu pago — Disse baixinho, pensando em como arranjaria dinheiro, ele me olhou de cima a baixo com uma sobrancelha levantada.

— Swarthmore — Ele falou mais para si mesmo quando viu o meu moletom -não sairá muito barato-puxou as mangas da jaqueta de couro, onde consegui enxergar uma parte de uma tatuagem no pulso.

— Pode me falar— insisti.

— O retrovisor esportivo já era, a pintura então nem se fala, contando com a seta quebrada — começou a fazer a conta na cabeça— Uns 600 dólares.

  O meu queixo caiu, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, pensando em como faria para pagar aquela quantia absurda, o meu dinheiro era contado, usaria quase o salário inteiro agora que teria o aluguel para pagar também.

— Que foi? Seus pais não podem pagar loirinha? — Disse debochado.

— O que você disse? — Fiquei indignada - Para a sua informação eu trabalho e pago tudo com dinheiro do meu bolso.

— Entendi —Deu risada debochado-Olha eu só quero o dinheiro logo.

  O garoto vestiu o capacete novamente e subiu na moto resmungando pela dor na perna.

— Não tenho o dinheiro aqui comigo no momento, então me passa o seu número —pedi, me sentindo acabada por dentro— Eu entro em contato com você quando chegar em casa.

— Não precisa, vou acabar te encontrando de novo— falou com uma naturalidade impressionante — Mas fica tranquila.

—Como assim? — respondi sem entender, só poderia ser louco, assim sem responder ele fechou a viseira e acelerou me deixando ali plantada.

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