Um Príncipe Nada Encantado

➳♡゛prólogo

05 de março - Rio de Janeiro, Brasil 

"Cara srta. Prado, 

Analisamos sua admissão para a nossa instituição e agradecemos a preferência. Gostaríamos de oferecer uma vaga para o curso BA Arquitetura no próximo semestre, iniciado em setembro. Caso tenha interesse, deixe-nos saber, respondendo este email. Também estaremos à disposição para tirar qualquer dúvida que você possa ter. 

Estamos ansiosos para saber sua resposta. 

Atenciosamente, 

Katherine Holmes.

Chefe do Departamento de Arquitetura

Kingston London University”

Mady caiu da cadeira ao terminar de ler o email. Sem metáforas. Sem exageros. Ela realmente virou com cadeira e tudo, caindo com todo o seu corpo no chão duro de seu quarto. Suas pernas até viraram dramaticamente para cima, como um personagem de desenho animado. Sua gatinha, Marie, que estava acomodada em sua cama, pulou e quase foi parar no teto por causa do susto. O felino lançou um olhar ameaçador e fulminante a dona, como se a repreendesse pela ousadia em assustá-la, mas Mady nem mesmo viu ou sentiu dor. Seus olhos estavam arregalados e seu coração estava prestes a saltar de sua boca. Nem uma bateria de escola de samba batucava tão alto e forte como o seu órgão vital naquele momento. 

- Oh. Meu. Deus. - As três palavras foram a única coisa que saíram de sua boca, enquanto ela relia o email na tela de seu computador. - Oh. Meu. Deus. Oh meu Deus! - Mady levantou-se tão rápido que nem percebeu que a cadeira caída ainda estava no meio do caminho, impedindo sua passagem. Ela tropeçou com tudo, acertando a canela e os dedinhos dos pés e quase caiu de cara, o que seria o seu maior recorde de quedas por minuto. Mas, nem mesmo o seu dedinho latejando podia tirar a felicidade que estava sentindo. - AH! - Ela nem pôde conter o grito de animação enquanto corria pelo seu quarto como uma louca desgovernada. 

Quando saiu pela porta, Mady calculou mal o espaço e bateu metade da testa na parede. Maldita parede. Aquilo estava ali antes? Ela levou uma mão à testa dolorida enquanto corria até a sala. 

-Mãe! Mãe! Mãe! 

Sua mãe, Marina, estava recostada no sofá, lendo um livro, e levantou o olhar, parecendo preocupada pelo excesso de animação e ansiedade da filha. Mady soltava gritinhos agudos e mal conseguia controlar a respiração agitada. Seu sonho estava virando realidade. 

- O que aconteceu? - Sua mãe franziu o cenho, fechando o livro. 

- Eu consegui! Eu fui admitida! - Gritou. Marina levantou do sofá com a notícia. 

-Não?!

- Sim! - Sorriu. 

- Não!

- Sim! - As duas soltaram gritinhos ao mesmo tempo. - Eu vou para Londres! - Mady suspirou, num misto de alegria e pânico. Sua mãe levou as duas mãos ao rosto. 

- Meu Deus! Eu não tinha pensado nisso, quero dizer, não achei que fosse ser tão rápido. Não temos dinheiro para isso…

- Mãe?

- Isso é muito caro, você sabe disso e eu sou só professora…

- Mãe, calma! - Pediu, enquanto assistia o colapso da mãe. Marina parou, encarando-a. - Eu já me informei, lembra? Posso pegar um financiamento estudantil especial. - Sua mãe, assentiu, saindo do choque. 

- Realmente. Você me falou sobre isso. - Lembrou-se, respirando fundo. 

- E, posso tentar uma bolsa. Sei que posso manter minhas notas boas.