-Tem certeza que não esqueceu nada? - A mãe de Mady perguntou pela milésima vez em apenas uma hora.
Se Mady estava nervosa com a mudança de país, sua mãe parecia mil vezes pior. Marina era um poço de ansiedade e euforia. No final das contas, Mady também. Ela não havia pregado os olhos durante toda a noite e não parava de roer as unhas. Em dezenove anos de vida, Mady nunca havia saído do Brasil ou visitado qualquer outro país. Nem mesmo um dos vizinhos da América do Sul. E, apesar de sempre ter sonhado com este dia, ela estava morrendo de medo. A jovem não fazia ideia do que iria encontrar pela frente, porque obviamente, fotos da internet, por mais realistas que sejam, são bem diferentes da vida real.
Mady pegou sua última mala de rodinhas, lilás e cheia de florzinhas, e a arrastou pela sala, apreciando o barulho das rodinhas se arrastando no piso. Em outra situação, sua mãe teria lhe lançado uma carranca por causa da barulhada, mas, desta vez, Marina nem mesmo percebeu.
-Já está tudo aqui.
Sua mãe deu um longo suspiro e um sorriso encorajador.
- Bem, então vamos! É melhor para não corrermos o risco de pegarmos trânsito até o aeroporto.
Mady assentiu, sentindo seu coração se acelerar e as borboletas em seu estômago aumentarem. A cada minuto que passava, tudo parecia mais real e ela não precisava se beliscar com tanta frequência para ter certeza que não estava sonhando.
-Está pronta? - Sua mãe perguntou mais uma vez.
-Estou. - Sorriu. Bem, isso era o mais próximo de pronta que ela poderia estar. Ela olhou para a sua gatinha mais uma vez, se despedindo. Sentiria tanta falta daquela bolinha de pêlos. Estava na hora.
Em um minuto, as duas já estavam do lado de fora de casa e pegando um táxi para o aeroporto. Para Mady, era surreal como aquilo estava acontecendo. Ela mal conseguia se concentrar na bela paisagem do lado de fora da janela do carro. Só conseguia pensar em como seria a sua vida daqui para frente. Era um misto de felicidade e pavor que nem ela era capaz de explicar.
Quando chegaram ao aeroporto, a primeira coisa que Mady e sua mãe fizeram foi ir até o balcão de embarque. Estava se tornando real. Logo em seguida, a jovem despachou suas malas. Depois de esperarem alguns minutos, ela percebeu que já estava na hora de ir. E, também a hora da parte mais difícil de tudo - a despedida. Mady sabia que esse momento chegaria mas, ambas estavam tentando ao máximo possível.
- Chegou a hora! - Marina deu um longo suspiro, como se contivesse a emoção. Mady deu um sorrisinho e deu um abraço apertado na mãe.
- Não se preocupe, mãe. Vai passar rápido. - Tranquilizou. Sua mãe a soltou, dando um sorriso leve.
- Eu sei. Mas, é tão longe daqui, eu fico com o coração apertado.
- Vai dar certo.
Marina assentiu.
- Espera, você pegou bastante casacos? Ouvi dizer que faz muito frio lá. - Lembrou-se, afobada.
- Sim, mãe.
- Certo. - Suspirou, séria. - Você vai me ligar assim que chegar lá, ouviu bem?
- Tudo bem, mãe.
- E eu quero um relatório de tudo que está acontecendo todos os dias. Você vai me ligar pelo menos uma vez por dia. Uma não, duas. Espera, duas não, três! Isso! Três vezes!
Mady soltou uma risadinha.
- Madalena, do que está rindo? - Marina fingiu estar brava, levando as duas mãos à cintura e Mady quase se encolheu ao ouvir seu nome. Ela olhou para os lados, conferindo para ver se alguém havia ouvido.
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Um Príncipe Nada Encantado
RomanceMady - Madalena Gomes de Prado, como sua mãe prefere - é uma jovem brasileira, muito atrapalhada, que finalmente está realizando o seu sonho de estudar em Londres. Entretanto, por causa de um problema no sistema, ela acaba tendo que dividir o pequen...