Chateada era pouco para descrever o que Mady estava sentindo no momento. Ela estava triste e, ao mesmo tempo, furiosa. Certo. Mady sabia que a caixinha de música quebrada era somente um objeto e que ela não deveria se apegar tanto assim a coisas materiais. Mas, ainda assim, aquela caixinha era importante. Um presente tão carinhoso e especial feito por se avô, que agora, estava aos cacos. Parte disso, por culpa de Daniel. Por que ele tinha que ter pegado justo a sua caixinha? Tudo bem que o fato dela ter despencado no chão era em parte culpa dela também. No entanto, isso não diminuía a raiva que estava sentindo. Principalmente por saber que jamais teria uma caixinha igual e que aquela jamais poderia ser refeita. Pelo menos, não pela mesma pessoa.
A jovem deu uma volta pelo campus, tomando o vento fresco. Quando voltou ao dormitório, um pouco mais calma, Mady percebeu que estava vazio. Ela suspirou, um tanto aliviada. Uma parte porque estava com raiva e não queria ver seu colega de quarto tão cedo. A outra, porque tinha gritado com ele em palavras bem claras que o odiava. Com todas as letras. E isso não era algo muito legal de se dizer, mesmo que ele fosse seu arqui inimigo (o que não era, exatamente). Mady só havia dito isso porque estava com raiva, nada mais. Às vezes, era difícil controlar suas emoções.
Ao olhar na mesa de cabeceira, Mady percebeu que as partes da caixinha estavam alinhadas lado a lado como se alguém tivesse recolhido tudo do chão. Obviamente, Daniel havia recolhido e colocado tudo ali. Caixinhas quebradas não tinham vidas próprias para andarem sozinhas por aí. A jovem deu mais uma espiada nos cacos. Aquilo seria impossível de colar. Então, Mady decidiu que era melhor guardar os pedaços antes que se perdessem. Ela os colocou em outra caixa de plástico antes de guardar na gaveta. Era melhor não chorar pelo leite derramado. Já estava quebrado e não tinha nada que ela pudesse fazer.
Cansada, Mady trocou de roupa e deitou na cama, enrolando em suas cobertas. Uma noite de sono faria bem. Nada como dormir para acalmar os ânimos e espantar um pouco a tristeza, pensou. E era disso que ela precisava.
Não se passaram muitos minutos até a jovem ouvir um barulho de porta abrindo e se fechando logo em seguida. Passos firmes ecoaram pelo quarto. Ela sabia que era Daniel, mas permaneceu de olhos fechados e quase prendeu a respiração. Os passos ficaram mais altos e Mady sentiu que ele se aproximava da cama. A jovem escutou sua respiração ficando mais alta cada vez que ele se aproximava e teve que conter sua curiosidade de abrir os olhos. Daniel soltou um suspiro fraco e Mady teve a impressão de que ele havia se ajoelhado ao lado da cama. Sim. Ele estava de joelhos.
- Você está acordada? - Perguntou baixinho. Mady manteve-se em seu teatro de bela adormecida, mesmo estando muito surpresa por aquilo. Daniel esperou resposta por um longo segundo. Será que ele havia percebido que ela estava fingindo? Bem, ela tinha o direito de não querer falar com ele no momento. Estava brava. E, mesmo não sendo uma pessoa rancorosa e sabendo que iria acabar esquecendo o incidente, ainda estava no seu período de raiva. - Me desculpe. - Sussurrou, um tanto hesitante. Havia uma sinceridade genuína em sua voz, como se realmente se importasse com isso. Como se o seu perdão fosse algo realmente importante para ele. Mady não se moveu e seu colega de quarto suspirou mais uma vez, parecendo desanimado.
Ela o escutou se levantar e se afastar. Foi a última coisa que ouviu antes de pegar no sono de verdade.
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Eu. Odeio. Você. Três simples palavras, mas que podem ter um impacto grande, principalmente se você não está esperando. E Liam não estava esperando por essa mesmo. Ele sabia que o amor por ele não era um consenso universal e que alguns bajuladores reais o detestavam em silêncio, entretanto, o príncipe nunca tinha ouvido essa frase sendo dirigida a ele de forma tão explícita. E não foi nem um pouco agradável, honestamente. Um tapa teria doído muito menos. Não que ele se importasse com o fato de Mady-tagarela o odiar. Mas, odiava saber que ela tinha motivos aceitáveis para isso. Porque, ele sentia que nos últimos tempos estava comportando-se como um verdadeiro babaca. E o episódio da noite anterior fora a prova disso. De pensar que o príncipe havia irritado Mady porque estava irritado consigo mesmo, simplesmente por não conseguir lidar com os próprios sentimentos e suas próprias questões. Queria irritá-la para não ficar irritado sozinho. Era infantil. Irracional. Não saber responder questões simples como a de Edward ainda mexiam com ele, mesmo já tendo dezenove anos. Ele havia se comportado como o pai e odiava com todas as forças saber que tivera um comportamento semelhante ao príncipe George. Sempre quisera ser diferente do pai, mais compreensivo. Menos genioso e implacável. Aparentemente, não estava funcionando.
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Um Príncipe Nada Encantado
RomanceMady - Madalena Gomes de Prado, como sua mãe prefere - é uma jovem brasileira, muito atrapalhada, que finalmente está realizando o seu sonho de estudar em Londres. Entretanto, por causa de um problema no sistema, ela acaba tendo que dividir o pequen...