Um Príncipe Nada Encantado

➳♡゛22 - Katie?

Não importava quantas vezes já tivesse passado por isso, Mady sempre ficava nervosa com entrevistas e a sensação de estar sendo avaliada. Era como se suas capacidades estivessem em julgamento e isso não era muito agradável. Ela nunca se acostumaria com essa sensação de frio na barriga e as mãos trêmulas, mas, ainda assim, a jovem encarou o seu medo e foi à nova entrevista de babá.  

Mady juntou as duas mãos sobre a perna para tentar amenizar a ansiedade e a falta do que fazer com as mãos, mantendo uma expressão serena no rosto enquanto a sra. Simpson explicava todas as tarefas do trabalho. A criança era Katie, uma menina de oito anos, e mais ninguém. Bem, já era bem melhor do que nove crianças de uma vez. 

-Vi em seu currículo que você estuda arquitetura, mas, você também tem experiência como babá, certo? - Questionou, interessada, enquanto lia o currículo de Mady na tela de seu notebook. Diferentemente da sra. Pops, a sra. Simpson era uma tanto mais séria e reservada. Sua expressão não era muito reveladora e a mulher também não era de dar muitos sorrisos. A jovem descobrira que ela era médica e, a julgar pela falta de aliança nos dedos, não era casada. Sua casa também era diferente. Era mais arejada e espaçosa, além de silenciosa. Não havia muita decoração desnecessária, apenas o prático. 

-Sim. Tive uma experiência aqui mesmo, cuidando de outras crianças. 

A sra. Simpson anuiu com a cabeça e soltou um "uhum". 

-Eu poderia perguntar o motivo de ter deixado este trabalho? 

A lembrança das nove crianças atentadas percorreu a sua mente como um déjà vu. As trigêmeas brigando por um controle remoto, os garotos pulando no sofá, o garotinho engasgado. Um pesadelo. Mady quase estremeceu só de lembrar. 

-Incompatibilidade de horário. - Mady respondeu por fim, forçando um sorriso. A mulher franziu a testa. 

-Compreendo. - Ela ajeitou os óculos no rosto. - Bem, devo admitir que, de todos os candidatos, você parece a mais ideal para tomar conta da minha filha. - Continuou. Mady conteve um sorriso, sentindo a esperança crescer dentro de si. - Você é jovem e acredito que isso facilite as coisas. Então, o que acha de fazermos uma experiência? 

-Ah, claro! - Respondeu animadamente e só então percebeu que tinha cortado a fala da sra. Simpson bem no meio do caminho. Mady fechou o sorriso, nervosa. - Ah, me desculpe, Sra. Simpson, eu não queria interromper… - Acrescentou, ainda mais tensa e interrompendo de novo. A mulher levantou uma sobrancelha. - Ah, desculpe. - Deu um sorrisinho, envergonhada. “Droga, Mady! Você sempre tem que tagarelar na hora errada.” Repreendeu a si mesma mentalmente. Ela era uma máquina de pagar micos, não tinha como negar. 

-Tudo bem. - A sra. Simpson respondeu calmamente. - Bem, como eu estava dizendo, o seu trabalho será buscar a Katie da escola às três e meia e trazê-la para casa, colocá-la para fazer o dever de casa, dar o jantar e fazer companhia até a hora em que eu chego do trabalho. - Explicou. - O trabalho é de segunda à sexta, já que aos fins de semana a Katie vai para a casa do pai. - Continuou. Mady assentiu, escutando atentamente. - Ela é uma menina muito calma, então, acredito que não terá problemas. Se vocês se adaptarem, você poderá ter o emprego definitivo. - A jovem sorriu. - Está tudo bem para você?

- Claro! 

- Ótimo! - A sra. Simpson deu um sorriso contido. - Então, você poderá começar amanhã mesmo. Acertaremos o pagamento por dia, ok? - Mady concordou. - Muito bem. 

- Não se preocupe, sra. Simpson. Vai dar tudo certo e tenho certeza de que eu e a Katie vamos nos dar muito bem. - Sorriu, convicta. 

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