Draco não podia negar que aquele pedido havia mexido com ele. É claro que gostaria de morar com Harry, mas...
- Eu não posso, Harry. – ele disse, desviando o olhar para não ver a decepção nos olhos do outro. – Eu quero, mesmo, mas não posso deixar meu pai aqui, sozinho, com a magia restringida e nessa busca louca pelo Black. E se ele não conseguir? E se ele enlouquecer? Eu sei que ele tem muitos defeitos, mas é meu pai... Não posso abandonar ele desse jeito.
Estava ofegante por ter falado tudo de uma vez e encarava o chão, tentando não pensar se estava pedindo demais para o moreno. Só levantou a cabeça quando o ouviu suspirar e rir de leve.
- Ok, acho que posso aturar algumas horas com Lucius Malfoy me provocando. Eu aturei você por sete anos, afinal de contas. – Harry tentou não mostrar seu descontentamento, mas entendia o que o loiro tinha dito. – Acha mesmo que essa loucura toda do seu pai vai dar algum resultado? – se jogou deitado ao lado de Draco na cama de casal que conhecia tão bem. – Não que eu não queira, mas será que não é esperar demais até da magia?
Draco encolheu os ombros, mas não respondeu, chegando mais perto de Harry e deitando a cabeça em seu peito. Eles ficaram assim por um tempo, apenas sentindo a presença e respiração um do outro, em um silêncio confortável.
Quando Harry achou que Draco já havia pegado no sono, o loiro começou a falar, com a voz quebrada.
- Eu queria saber da garotinha... A que eu cuidei, sabe? Ela é tão bonita e fofa. Ela não falou com ninguém, estava tão assustada. Você acha que vão conseguir achar algum parente pra cuidar dela? – as palavras saíram meio atropeladas e baixas.
- Ei, não fique assim, ansioso e nervoso. Faz mal pro bebê, você sabe. – Harry acariciou os fios loiros enquanto pensava no que poderia acontecer com a menina caso ninguém aparecesse. – Tudo vai ficar bem, você vai ver. Se quiser, nós podemos ir visitá-la assim que você ganhar o peso que precisa e descansar bastante, o que acha? Pode me apresentar essa princesa de quem tanto fala.
Draco sorriu e levantou a cabeça para colar seus lábios nos de Harry.
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E eles foram. Primeiro uma vez, depois duas e, quando Harry percebeu, Já havia se tornado um costume sair de seu treinamento e passar na ala pediátrica do St. Mungus com Draco antes de irem pra casa.
Os dois meses que se passaram nessa rotina fizeram bem para Draco. Ele estava mais corado e suas bochechas estavam mais aparente, tudo porque não queria ganhar mais nenhum dia de licença antes dos sete meses e perder o andamento das matérias e, principalmente, as visitas á pequena menina que conquistava mais e mais seu coração.
- Vamos, me diga seu nome. – Draco insistia, hoje não ficaria muito no hospital, pois Harry tinha avisado que eles iriam sair, então fez as coisas que precisava logo cedo e decidiu esperar o moreno no quarto da garotinha. – Eu queria saber seu nome, quantos aninhos você tem, queria conversar com você, princesa.
Desde que dera entrada na emergência, ela não falava nada. Os médicos mais experientes diziam que era uma forma de se proteger, já que ela era totalmente saudável. Draco tentava, mas sem uma resposta, ia perdendo as esperanças aos poucos. Decidiu mudar de assunto então.
- Ok, então vamos brincar enquanto o tio Harry não chega? – ela pulou da cama, concordando e batendo palmas, mas logo sentou de novo e apontou para a barriga do loiro, franzindo a testa em uma expressão que fez Draco se derreter. - Não, não vamos brincar de nada que faça mal pro bebê, vamos brincar de montar com peças, o que acha? – a menina concordou, dando espaço para que ele se sentasse também. – Está ficando muito tempo com o Harry, daqui a pouco vai vigiar até se estou comendo todos os legumes. – ela concordou novamente, sorrindo orgulhosa, o que fez Draco gargalhar.
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Quando as coisas erradas se tornam certas
FanficEscolhas erradas, segredos guardados, contos de fadas despedaçados, mas ainda assim essa é uma história feliz. Porque as coisas certas sempre podem se perder no meio do caminho.