Conversas e crises

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- É isso que você não consegue entender, eu não me sinto desconfortável...

Draco o olhou, surpreso e confuso, mas não disse nada, esperando que Harry completasse a frase, o que demorou um pouco, já que ele parecia estar controlando o nervosismo.

- Eu não sinto como se isso fosse errado, mas eu acho que deveria sentir, entende? – ele virou e viu Draco suspirar e concordar com a cabeça. – Eu não quero me afastar, não quero fugir porque eu sinto como se eu estivesse fazendo tudo certo. É só que...

- É estranho. – Draco completou, levantando e dando a volta na pequena mesa para chegar perto do moreno. – Eu entendo, ok? Só tente não pensar muito sobre isso. Esses dias vão passar rápido e aí você vai poder racionalizar tudo e me odiar de novo. Mas por enquanto não pense, você nunca foi muito bom nisso.

Harry riu e revirou os olhos por perceber que os comentários do loiro estavam agradando-o muito mais do que irritando.

- Tudo bem, vamos pensar nisso depois, então. – Harry começou a andar em direção ás flores, sendo acompanhado por Draco. – Posso te fazer uma pergunta?

- Claro. O que quiser.

- E você? O que você sente com tudo isso? Quero dizer... Você tinha uma namorada antes de tudo isso e agora tem que dormir abraçado com um cara, depender de alguém e... Passar por essa coisa de cio. Como você não está surtando?

Draco passou a mão nas pétalas de um lírio amarelo e encolheu os ombros.

- Eu não tinha uma namorada, eu tinha uma noiva escolhida pelos meus pais para continuar a linhagem Malfoy. Eu sou gay, Potter, isso nunca foi segredo, pelo menos não na Sonserina. – Harry parou de andar e o encarou, surpreso. – Não me olhe assim, eu não vou atacar você... Você não faz meu tipo. – revirou os olhos, passando á frente na caminhada. – E, respondendo a sua pergunta, eu estava muito mais assustado com tudo isso antes de você aceitar me ajudar. Entre morrer e dividir a cama com você, eu com certeza não tenho nenhum problema com a segunda opção.

Os dois andaram sem muita pressa ao longo do jardim e a conversa continuou sem um tópico específico. Eles perguntavam sobre gostos, discutiam quadribol e até falavam sobre as flores plantadas ali.

- Você é diferente do que eu sempre pensei, sabia? – perguntou Harry, sentando em uma faixa de grama e vendo o loiro arquear as sobrancelhas. - Sério, você é inteligente e tem bom gosto pra quadribol. Isso sem contar que é fácil conversar com você... Imagino se a gente tivesse tentado ser amigos desde o começo...

- Eu tentei... Mas você preferiu aquele babaca do Weasley. – Draco parecia mesmo chateado quando sentou ao seu lado.

- Ele tinha sido meu primeiro amigo e você ofendeu ele. Chama aquilo de tentativa de amizade? Mesmo?

- Eu só estava repetindo o que meu pai tinha me ensinado, oras. Não tinha como eu saber que não era certo. - ele cruzou os braços e torceu os lábios em uma expressão aborrecida.

- Mas agora ele me odeia e nós dois estamos nos dando bem. Vai ver era mesmo o destino eu ter que te aturar. – Harry brincou, cutucando o braço do loiro e sorrindo ao ser empurrado com força e jogado de costas na grama. – Você é muito violento pra alguém que devia ser submisso á mim, eu hein!

- Ah, meu Veela pode ser submisso á você, mas eu não, Potter. - Draco levantou e mostrou a língua pra Harry em uma mistura de irritação e brincadeira, mas quando deu o primeiro passo para deixar o moreno sozinho, sentiu suas pernas falharem e caiu de joelhos. – Droga... – gemeu baixinho.

Quando as coisas erradas se tornam certasOnde histórias criam vida. Descubra agora